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ECONOMIA
Consumo das famílias sofre maior queda da história em março
Simón J. Neves

Dados mostram queda de 6,5% no consumo das famílias em março em relação a fevereiro, a maior da série histórica.

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No último dia 18/05, foi publicado o Monitor do PIB do mês de março, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). Destaca-se, na publicação, os dados relativos ao consumo das famílias, que responde por cerca de dois terços do PIB brasileiro.

No agregado do primeiro trimestre, o consumo das famílias cresceu apenas 0,2% em relação ao primeiro trimestre de 2019, uma desaceleração grande em relação a 2019. Na comparação entre o mês de março de 2020 e o mesmo mês do ano passado, o consumo das famílias retraiu 1,9%, a maior queda desde outubro de 2016. Na comparação de março com fevereiro, a queda foi de 6,5%.

Em todos estes casos, os bens não duráveis, como alimentos, remédios e combustíveis, e os serviços foram os menos atingidos, e cresceram em alguns casos. Produtos semiduráveis, como roupas e calçados, e produtos duráveis, como carros e eletroeletrônicos, sofreram grandes retrações. Na comparação entre março e fevereiro, seu consumo teve queda de 30,2% e 22,4%, respectivamente.

O isolamento social não é a causa de todas estas questões, no entanto. Os resultados de janeiro e fevereiro já eram baixos, e apenas na segunda quinzena de março começou o processo de isolamento social.

Pesquisadores do Ibre ouvidos pelo jornal Folha de São Paulo afirmam que, devido ao aumento do desemprego e do endividamento, o consumo de bens duráveis deve continuar deprimido. Um deles, Cláudio Considera, afirmou ainda que prevêem entre 17 e 21 milhões de desempregados no Brasil.

Queda também na renda

Cresceu também a quantidade de domicílios sem renda do trabalho no país. Segundo levantamento da consultoria IDados, feito a pedido do jornal Valor Econômico, a quantidade de domicílios sem renda do trabalho atingiu o maior valor na série histórica.

São hoje 17,2 milhões de domicílios, que correspondem a 23,5% do total, que não possuem nenhum tipo de renda do trabalho. Representa um crescimento de 6,5%, ou de 1 milhão de domicílios, em relação ao quarto trimestre de 2019.

Dados do IBGE mostram também um recuo de 2,5% na quantidade total de pessoas ocupadas no país. Os setores mais afetados, como alimentação, são precisamente os setores com maior concentração de informais.

Bruno Ottoni, economista da IDados ouvido pelo jornal Valor Econômico, afirmou que as estatísticas só capturam uma parte pequena do impacto da quarentena e que a tendência é que a situação piore nos próximos meses.

Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) serão os trabalhadores menos qualificados e mais pobres que serão os mais afetados pela crise. Foram simulados quatro cenários, onde variavam o tempo de restrição à atividade econômica e a profundidade da crise.

Na melhor das situações, os trabalhadores nos estratos mais baixos perderiam 9% da sua renda em 12 meses, enquanto os da mais alta perderiam 3%. No pior dos cenários, os trabalhadores da base da pirâmide perderiam 28% de sua renda em 12 meses, enquanto os trabalhadores do topo perderiam 11%.

Os trabalhadores com maior instrução também tinham menor chance de perder o emprego durante a crise econômica.

Os perdedores e os ganhadores

Apesar do discurso recorrente de diversos políticos de que “estamos todos no mesmo barco”, é muito claro quem está de cada lado na atual crise sanitária e econômica. A situação que se apresenta para os trabalhadores, em especial para aqueles mais precarizados, é tenebrosa, desemprego e perda de renda, e o insuficiente auxílio de 600 reais nem sequer é liberado pelo governo, auxílio esse que deveria ser de 2 mil reais para poder cobrir os custos de uma família. Enquanto isso, os banqueiros seguem recebendo os bilhões da dívida pública

Aproveitando o aumento do dólar, o agronegócio ampliou suas exportações em cerca de 27%, ampliando seus lucros.

Nem mesmo o vírus afeta a todos igualmente. A mortalidade nas periferias, e entre os negros, é muito maior. Em São Paulo, a mortalidade entre pessoas de 40 a 44 anos, fora do grupo de risco, portanto, chega a ser 10 vezes maior nas periferias. Também na capital paulista, negros tem 62% a mais de chance de morrer de covid-19 do que brancos.

Neste sentido, as manifestações da luta de classes que começam, timidamente, a aparecer no horizonte do país mostram o caminho a ser seguido. Profissionais da saúde que protestam em frente aos hospitais, as torcidas organizadas que enfrentam as manifestações bolsonaristas, os moradores de Paraisópolis que se organizaram para se proteger e marcharam até a sede do governo de São Paulo, entre outras.

É fundamental que essas lutas possam ser unificadas e possam se armar com um programa capaz de enfrentar, de frente, a brutal crise econômica que já se iniciou. Para isso, ele deve se basear na independência de classe e no combate ao capitalismo. No Brasil, isso toma forma hoje na luta por Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana.

 
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