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UFRGS
EaD na UFRGS é precarização do ensino e do trabalho.
Fabricio Pena - estudante de sociais da UFRGS

As "Reflexões sobre Proposta Educacional de Emergência PROGRAD", assinada pelos representantes das COMGRADs dos 4 cursos do IFCH, são um tremendo absurdo e vão na contra mão do combate à pandemia do coronavírus.

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O intuito desta nota não é detalhar cada ponto do documento dos professores e sim mostrar o seu significado. Na prática, a proposta da PROGRAD reduz o distanciamento social à prática de EaD (Ensino à Distância) para as matérias puramente teóricas, enquanto admitem que as disciplinas que exigem horas de prática sejam aplicadas presencialmente. Isso vai na contra mão do que está ocorrendo no país e no mundo. Essas propostas começam a circular no mesmo período em que o Brasil dispara no número de mortos e não responde à altura das necessidades reais da população.

O Weintraub disse que vai "premiar" as universidades que aplicarem o EaD. Bolsonaro segue sua linha negacionista, jogando milhões de trabalhadores para morte. Leite e Marchezan seguem este caminho, flexibilizando muito a quarentena, aumentando o número de contaminados e mortos. A PROGRAD e os professores que escrevem esta nota, assim como os demais órgãos da burocracia universitária, parecem apontar para o caminho de Bolsonaro: sucatear ainda mais a educação aplicando o EaD.

Note que, para além do descaso com a vida dos estudantes, afirmam que muitos serão excluídos. Para professores que já estão acostumados com uma universidade elitista e racista - que exclui a grande maior da juventude do ensino público, indefere cotistas, faz de tudo para estes não concluírem o curso - o número (indeterminado) de alunos que desistirem do curso é tratado como "redução de danos".

Esses professores não podem decidir sobre a vida de milhares de estudantes, que sequer foram consultados sobre o que fazer. Poderiam alegar que a reitoria fez um questionário... mas, nos perguntemos: onde estão estes dados? Quantos alunos responderam? Não importa esse questionário da reitoria. É apenas para justificar a aplicação de EaD e a precarização ainda maior do ensino. Além disso, era um questionário online, ou seja, quem não tem acesso à internet não respondeu.

A proposta da PROGRAD inclui aulas práticas e provas finais, ambas presenciais, e foi criticado pelas COMGRADs do IFCH. A UFRGS mal tem espaço para todos os seus alunos em uma situação normal... dessa forma é inviável aplicar o distanciamento de maneira razoável, com salas lotadas em vários cursos, colocando todos em sério risco. Além disso, como apontam corretamente no documento, não há condições emocionais, econômicas, sociais e sanitárias para participar de aulas EaD neste momento. Porém, voltemos ao posicionamento dos professores:

"Consideramos que a história de taxas de evasão são em média elevados (em 2018, chegou a 50% de evasão) na modalidade de EaD e é provável que a migração para a modalidade remota possa gerar um aumento no abandono das disciplinas no semestre 2020/01. No entanto, avaliamos que estes índices seriam menores do que os gerados pelo cancelamento do semestre."

Não existe outra saída que não seja o EaD ou cancelamento do semestre? Ou precariza e exclui uma grande parte dos estudantes, ou cancela o semestre? Precisamos batalhar por uma alternativa que não exclua ainda mais os estudantes mais precarizados deste universidade.

O EaD historicamente é um projeto que visa ampliar o lucro dos capitalistas que parasitam a educação, precarizando as relações de trabalho e rebaixando a qualidade do ensino. Essa estrutura que visam montar, com a desculpa da crise sanitária que vivemos, pode se consolidar e provavelmente acabará constituindo um ataque histórico à educação de conjunto. Não podemos aceitar que a reitoria imponha de forma autoritária as aulas EaD. Os estudantes são mais de 80% da universidade.

As gestões do CADI e CATC, construídas pela Juventude Faísca e independentes, mostra o caminho: impulsionaram uma campanha para que os estudantes possam decidir. Os estudantes precisam ser parte dessa decisão! Isso não ocorrerá por diálogo com a reitoria, e sim pela mobilização dos estudantes nos seus espaços (mesmo que virtualmente), impulsionando o debate através dos CAs e DAs. Garantir que ninguém seja excluído, proibir demissões, cortes de bolsa, garantir alimentação a todos, etc. Fazemos o chamado às gestões dos CAs do IFCH (CECS, CHIST, CADAFI, CAPP) a se posicionar, chamar uma reunião online aberta para todos os estudantes do Instituto, que sirva como um espaço de reflexão e deliberação dos estudantes para serem parte ativa desta batalha.

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Toda a universidade poderia estar voltada para o combate ao coronavírus. Não estamos numa situação normal, precisamos pensar em como girar todos os esforços para o combate à pandemia. Precisamos de medidas como girar toda a pesquisa para realizar testes gratuitos para toda a população, realizar redes de pesquisas, confecção de EPIs e materiais de higienização, pesquisas de vacina, tratamento etc. Muito mais do que está sendo feito. A universidade deveria atender às necessidades reais da população, e isso é possível sim: girando todos os esforços pra combater o coronavírus.

 
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