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EDUCAÇÃO
Entidades estudantis repudiam EaD: precarização e privatização da educação da juventude
Redação
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Abaixo o EaD que precariza e privatiza a educação da juventude!

Frente à pandemia mundial, milhões de estudantes no mundo inteiro estão sem aulas e, portanto, não podem continuar o ensino normalmente. A realidade sem poder ir à escola ou universidade se combina com a dura realidade do desemprego, miséria social e sucateamento do sistema de saúde que cobram o preço com as vidas dos trabalhadores e dos mais pobres. Sem aulas presenciais, os governos avançam com seus velhos projetos de implementar o ensino à distância, mais rentável e mais precário, que intensifica a formação da mão de obra barata também para trabalhos mais precários.

No Brasil é esse o projeto de Bolsonaro e Weintraub, por isso, regulamentaram no fim de 2019 o ensino a distância nas universidades federais para até 40% da carga horária dos cursos presenciais e agora querem seguir aprofundando esse projeto de educação diante da crise do coronavírus, chantageando universidades para que implementem aulas a distância prometendo mais recursos e bonificação. Nesse contexto, grandes grupos privados também se movimentam para atender as necessidades do governo ultra neoliberal de Bolsonaro. A Fundação Lemann articulada com a Undime, o Consea e o Ministério da Educação tentam massificar a EaD na rede pública de Educação Básica. Os empresários da educação veem na pandemia a oportunidade de lucrar ainda mais, como disse o próprio Jorge Paulo Lemann “O que eu gosto mais, francamente, é que toda crise é cheia de oportunidades".

Eles querem nos empurrar o EaD mesmo num país em que apenas 48% da população mais pobre tem acesso à internet e que mais de 31 milhões não têm nem mesmo direito à água potável e que o desemprego só aumenta. Em algumas universidades estaduais, como USP e UNICAMP um EaD remendado, sem ao menos recursos mínimos, já está sendo implementado de forma autoritária pelas reitorias, mesmo com uma parcela dos estudantes, os mais pobres, negros, indígenas e estudantes mães, não tendo condições de acompanhar as aulas e sendo excluídos da continuidade do semestre, sem sequer terem sido consultados previamente. Nas universidades privadas, a sede de lucro dos tubarões de ensino vem impondo um ritmo absurdo para os estudantes e professores, além da manutenção da cobrança das mensalidades, que como mínimo deveriam ser imediatamente suspensas.

Com o avanço do EaD quantos serão os professores e trabalhadores da educação demitidos? O quanto vamos precarizar nosso ensino e o quanto vamos abrir espaço para que mais empresas abocanhem a educação como mercadoria?

Por isso, nós das gestões das entidades estudantis abaixo-assinadas declaramos nosso rechaço a essa política. Acreditamos que as universidades não devem fechar suas portas na pandemia, pelo contrário, tem um papel na produção de conhecimento que deve ser voltado para a realidade dos trabalhadores, as tantas iniciativas de produção de pesquisas, EPIs e testes para responder a crise do coronavírus mostram o potencial das universidades públicas e da ciência tão odiadas por Bolsonaro. O projeto golpista na educação aprofundou os cortes que já vinham sendo implementados pelos governos do PT e com o congelamento do orçamento destinado à saúde e educação, somos hoje um dos países que menos realizam testes, porque faltam reagentes para os exames que deixaram de ser produzidos como efeito direto desses ataques. Por isso é urgente a revogação da EC 55 e dos cortes na saúde e educação. Imaginem o potencial que teria se pudéssemos colocar nosso conhecimento para junto aos trabalhadores das fábricas metalúrgicas, farmacêuticas, químicas e petroquímicas reconverter a produção e passar a produzir respiradores, máscaras, álcool em gel e todos os produtos necessários para combater essa pandemia?

Na contramão disso, o governo federal promove um corte em todas as bolsas da ciências humanas e mantém o calendário do ENEM, com uma cínica propaganda mandando os estudantes estudar, enquanto Bolsonaro declara “E daí?” para as milhares de morte das vítimas da pandemia. Hipocritamente fingem estar preocupados com a nova geração de profissionais que poderiam se formar, mas nos preparam um futuro de desemprego, precarização e miséria, materializado nas inúmeras demissões, cortes de direitos e nas nefastas reformas da previdência e trabalhista, na MP da Morte, além da carteira verde e amarela. E para formar essa futura geração de profissionais precarizados, tudo bem para eles se as aulas são um remendo de ensino virtual.

Por isso, os esforços de estudantes, professores e funcionários devem servir para produzir mais pesquisas, estudos, debates e iniciativas que se liguem às demandas dos trabalhadores e da população mais pobre frente a uma crise sem precedentes e que no Brasil não para de bater recorde de mortes. Não podemos continuar na normalidade precária do EaD frente a essa situação, quem deve decidir como deve seguir o ensino e toda a universidade são os estudantes que são a maioria, junto com funcionários e professores, e não as reitorias e os governos que abrem espaço à privatização.

Contra essas tentativas e aplicações do EaD, é preciso que as entidades estudantis encabecem a indignação dos milhares de estudantes que estão passando por inúmeras dificuldades nesse momento, exigindo também que a permanência estudantil seja garantida e não atrelada à realização do excludente EaD. A UNE, que representa os estudantes universitários de todo o país, não deveria ser conivente com essa política de EaD, mas estar a frente desse desafio e lutar contra o EaD defendendo a realização de plebiscitos em cada universidade, para que os estudantes, os professores e os trabalhadores tenham o direito de decidir sobre as aulas à distância. É preciso organizar os estudantes garantindo que nenhum de nós seja prejudicado, não permitindo práticas autoritárias por parte das reitorias e tomando em nossas mãos as definições de como se dará o ensino nesta situação de crise, pensando também como ficarão as universidades pós pandemia e qual o papel que devem cumprir na sociedade.

Assinam esta nota:

CAELL - USP
CAPPF- USP
CACH - UNICAMP
CALI - UNICAMP
CAEQ - UNICAMP
CAPMF - UNICAMP
CACo - UNICAMP
CASS - UERJ
CAFCA - UFMG
CATC - UFRGS
Chapa 1 do CADi - UFRGS

 
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