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CRISE
Pesquisadores da UFRJ projetam possível pior queda do PIB brasileiro da história em 2020
Simón J. Neves

No melhor dos cenários a economia cairia como em 2015, o pior ano da história.

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Pesquisadores do Grupo Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GIC/IE-UFRJ) traçaram possíveis cenários para medir os impactos da pandemia da COVID-19 na economia brasileira em 2020.

O estudo “Impactos macroeconômicos e setoriais da Covid-19 no Brasil” publicado pelo GIC/IE-UFRJ em abril buscou estudar quais seriam os impactos da pandemia em diferentes variáveis macroeconômicas brasileiras para o ano de 2020.

O modelo utilizado se baseou na Matriz Insumo-Produto (MIP) de 2017 para estimar os impactos sobre a demanda final, o valor adicionado, o nível de emprego, a arrecadação e o PIB, tanto em níveis agregados quanto separados em 12 setores econômicos. Além disso, foram traçados três cenários: o otimista, referência e o pessimista, considerando as ações de combate à disseminação do vírus e aos impactos sobre o emprego e a renda, bem como a velocidade da recuperação internacional.

Em um primeiro momento, os números que mais chamam a atenção são as projeções para o PIB: no cenário otimista, uma contração de 3,1%, no cenário referência uma contração de 6,4% e no cenário otimista uma contração de 11%, que seria a maior da história do país. Na esteira disso, o aumento do desemprego que poderia variar de 4,4% no cenário otimista a 14% no cenário pessimista, representando 4,6 milhões de novos desempregados, na melhor das hipóteses, e 14,7 milhões na pior, que se somariam a taxa de desemprego de mais de 10% que já vigora hoje no país. Os mais atingidos pelo desemprego e pela redução da jornada, com redução de salário, serão os trabalhadores com menores salários, aumentando ainda mais a desigualdade nacional.

Somado a isso, a arrecadação de impostos também iria cair entre 4,1%, no cenário otimista, e 13,9%, no cenário pessimista, que virão logo após um ano onde os gastos públicos tiveram grande aumento, no combate, mesmo que insuficiente, à pandemia e no pagamento de auxílios.

Pode-se ressaltar também o grande impacto que a indústria de transformação deve sofrer nessa pandemia, bem como setores de serviços, tanto nos níveis de emprego quanto no valor adicionado gerado. Em comparação, setores da agricultura, indústrias extrativas e o setor financeiro devem ser relativamente pouco afetados. Dessa maneira, aprofundar-se-ia o processo de reprimarização da economia brasileira que vem acontecendo desde os anos 1990, e que continuou mesmo durante os anos do governo PT, onde dentro da nova divisão internacional do trabalho o Brasil seria apenas o “fazendão” do mundo, exportando alimentos e minérios e importando produtos de alta tecnologia.

Em todos estes cenários, a balança comercial também é bastante afetada, com uma grande queda das exportações, o que poderia ter efeitos negativos sobre as reservas internacionais e sobre a taxa de câmbio, que já está em patamares historicamente altos.

Frente a isso, o que fazer?

Perante este tenebroso cenário, a classe trabalhadora, que hoje paga a crise sanitária com suas vidas, iria pagar também essa crise econômica. Os ajustes fiscais, sob a justificativa de que “é necessário reequilibrar as contas públicas”, viriam para cortar ainda mais os já combalidos serviços públicos, bem como mais ataques aos direitos trabalhistas, como o recente congelamento de salários dos servidores públicos.

Para evitar essa catástrofe, é fundamental levantar um programa pelo não pagamento da dívida pública, a proibição das demissões e das diminuições de salários, para que haja emprego para os trabalhadores e capacidade do governo voltar a investir nos serviços essenciais, como saúde e educação.

Mas nada disso virá nem de Bolsonaro ou Mourão, e nem do Congresso controlado por Maia, Alcolumbre e outros golpistas no STF que agora posam de defensores da democracia. É preciso lutar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que seja capaz de decidir sobre esses temas de interesse público e que possa oferecer uma saída de verdade para os trabalhadores dessa crise.

 
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