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ISRAEL
Falsificando a História: Netanyahu isenta Hitler e culpa palestinos pelo genocídio judeu
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro

Falsificações históricas são comuns para governantes que buscam ludibriar a opinião pública para ganhar apoio a ações não raro criminosas. Contra outros povos, ou contra o seu próprio. Assim foi com Stálin que como num passe de mágica apagou a imagem de Leon Trotsky, líder do Exército Vermelho na revolução russa, de todas as fotografias e memória desse que foi o maior feito da classe trabalhadora internacional de toda a história. O papel de Trotsky só voltou a ser parte dos capítulos dedicados à revolução russa e a URSS na enciclopédia histórica russa, publicada anualmente, em 2013. Quase cem anos após a revolução de 1917.

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Agora é a vez de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do Estado de Israel, integrar a lista dos falsificadores históricos deliberados. Como se não bastasse o assassinato e a opressão sistemática a que os palestinos são submetidos cotidianamente pelo Estado sionista, agora Benjamin Netanyahu responsabilizou um líder islâmico palestino, Haj Amin al Husseini, de ter sugerido a ninguém menos que Hitler o genocídio judio ocorrido durante a II Guerra Mundial.

De acordo com o jornal espanhol El País, a absurda afirmação foi feita no 27 Congresso Sionista ocorrido na noite de 20 de outubro. Benjamin Netanyahu afirmou que “Hitler não queria exterminar os judeus naquele momento (no ano de 1941), queria expulsá-los”. Dessa forma Benjamin Netanyahu isenta Hitler como idealizador da matança ocorrida na II Guerra Mundial, afirmando que a sugestão de extermínio teria sido dada pelo líder islâmico ao Fuhrer alemão em pessoa, para evitar que os judeus buscassem refúgio na Palestina. Em verdade, o registro do encontro entre Hitler e Haj Amin aponta que eles se encontraram quando o extermínio em massa dos judeus na Europa já havia se dado.

A afirmação de Benjamin Netanyahu foi tão absurda que resultou em repúdio imediato, mesmo dentro de Israel. Segundo mesma nota do El País, diversos historiadores desautorizaram a tentativa de Netanyahu de reescrever a história, chegando inclusive a firmar que Netanyahu, filho de um historiador, deveria ser mais rigoroso com os fatos. No plano político a oposição no Knesset, parlamento israelense, a condenou, enquanto o próprio ministro da Defesa, Moshe Yaalom, e um dos principais aliados políticos de Benjamin Nenatyahu se diferenciou afirmando que “A história é muito clara. Hitler foi quem começou o holocausto”.

Os objetivos da falsificação histórica, no entanto, são muito claros. Trata-se de uma tentativa de identificar os palestinos e sua resistência com a ideologia do nazismo, em um momento em que há uma crescente tensão em Jerusalém e na Faixa de Gaza marcada pela revolta protagonizada por jovens palestinos contra a opressão a que estão submetidos pelo Estado de Israel. E o próprio Netanyahu assume isso ao declarar posteriormente que “Não quis dizer que absolvia Hitler de sua responsabilidade, mas que o fundador da nação palestina [Al Husseini] queria destruir os judeus até antes que existisse a ocupação de territórios ou os assentamentos”. Com isso o primeiro-ministro israelense busca ampliar sua base de apoio para aprofundar ainda mais as medidas repressivas que já estão em vigor.

Questionamento à opressão e assassinato dos palestinos

Porém, dificilmente Netanyahu conseguiu o efeito que esperava. Não apenas pelo questionamento que seus próprios apoiadores fizeram. Mas também pela profusão de estudos e análises reconhecidamente legítimas que atestam que antes do início da política colonialista estimulada pelos Estados Unidos, e mais especialmente antes da fundação do Estado de Israel, árabes e judeus conviviam em paz na região da Palestina. Foi com uma política de favorecimento dos colonos judeus em base à expulsão progressiva dos palestinos de suas terras, que as tensões se iniciaram, culminando com a votação na ONU da instituição do Estado de Israel em 1948. E que em relação ao nazismo, os palestinos integraram diversos exércitos que combateram os nazistas durante a II Guerra Mundial.

O que fica claro com essa tentativa de reescrever a história é a debilidade de Benjamin Netanyahu em responder os conflitos que crescem a cada dia. E não apenas no interior de Israel e nos territórios palestinos. Em resposta ao incessante assassinato e opressão dos palestinos, tornou-se pública uma rede internacional de judeus, que contam com participações de judeus de mais de 16 países, e é integrado por mais de 15 organizações, que defendem posições contra a ocupação israelense.

Defendendo o fim do cerco a Faixa de Gaza e do apoio militar das potências a Israel, o manifesto ainda assinala que “Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Mais repressão militar israelense e a contínua ocupação e cerco nunca cessarão o desejo palestino por liberdade e tampouco tocarão as reais causas da violência. Pelo contrário, as atuais ações do governo e do exército de Israel criarão mais violência, destruição, e o entrincheiramento dessa divisão.¹” Mesmo que essa seja uma posição minoritária entre a comunidade judia, é uma demonstração de que há um questionamento às políticas levadas adiante pelo Estado sionista de Israel. E mais. Uma intuição por parte de setores da comunidade judia internacional de que esse conflito não pode ser ganho.

Somente com o fim das bases que sustentam esse Estado racista e colonialista é que a paz poderá ser alcançada. O que, por sua vez, só poderá ser obtido mediante a garantia do direito de retorno dos milhões de refugiados palestinos, e da instauração de uma sociedade de novo tipo, constituída a partir de uma Palestina operária e socialista onde possam novamente conviver em paz árabes e judeus.

¹http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/rede-global-de-judeus-lanca-manifesto-contra-a-ocupacao-israelense-na-palestina/

 
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