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Nenhuma confiança em Maia, governadores e STF!
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

Frente ao pânico com a pandemia e a irracionalidade de Bolsonaro, disposto a um genocídio para manter os lucros dos empresários, se fortalece a ala reacionária dos governadores, do Congresso e do STF. Os mesmos agentes dos ataques a classe trabalhadora de antes, não menos preocupados com esses lucros, lavam suas caras agora para capitalizar a crise com um discurso pró vida. Não podemos ter nenhuma confiança em Maia, governadores e STF!

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Na nova conjuntura mundial imposta pelo enfrentamento global da pandemia do coronavírus, o Brasil destoa do clima de "unidade nacional" que se consolidou ao redor do mundo, suplantando rivalidades políticas dentro dos países para o enfrentamento da crise. No nosso país, a crise, como vemos acompanhando, aprofundou o movimento contrário, detonando a polarização entre Bolsonaro e os demais atores institucionais que já vinha colocada.

O negacionismo de Bolsonaro contra o vírus e as medidas de isolamento gerou desgastes dentro de sua própria base ampla, evidenciado nos panelaços que passaram a ocorrer entre os setores da classe média nos grandes centros urbanos. Em contraposição, vemos um fortalecimento dos governadores, comprovado inclusive nas pesquisas de opinião com ampla aprovação deles no enfrentamento da crise, por se restringirem ao mínimo decretando as quarentenas.

Somente a verdadeira conjuntura a parte fornecida por um evento como a atual pandemia e a resposta irracional de Bolsonaro, para propiciar que políticos reacionários como esses possam posar de exemplos de "racionalidade". No campo auto-intitulado em defesa da vida, temos um genocida como Witzel, que ordena que helicópteros disparem contra a população periférica de pobres e negros dos morros cariocas. A frente do estado mais rico do país, Doria tomou para si o papel de líder, passando sermão em Bolsonaro num verdadeiro barraco protagonizado por ambos. Não é preciso recuar às eleições e a campanha "BolsoDoria" para mostrar a hipocrisia desse discurso, basta voltar há poucas semanas quando o governador paulista ordenava que sua polícia baixasse o sarrafo nos professores e demais servidores que ousavam se manifestar contra seu ataque às aposentadorias deles.

No contraste com Bolsonaro, a linha mínima dos governadores de defesa das quarentenas aparece para as massas como aceitável. Porém, para salvar efetivamente as vidas em jogo contra o vírus é preciso muito mais. Apenas "achatar a curva" do contágio não é suficiente. Testes massivos deveriam estar sendo realizados, para garantir um isolamento mais efetivo, que identificasse as pessoas assintomáticas ou com sintomas leves, principais transmissoras do vírus. Porém, nada disso é feito porque a subnotificação dos casos lhes interessa para parecer que tomam medidas suficientes. Respiradores deveriam estar sendo produzidos, leitos de UTI construídos aos milhares, para atender e impedir o colapso dos sistemas de saúde precarizados até então por esses mesmo gestores.

No Congresso, Maia e os demais congressistas também buscam capitalizar para si a crise, como vemos na batalha com Bolsonaro pela paternidade do auxílio emergencial de 600 reais para trabalhadores informais, vasta parcela da população inclusive gerada por eles e sua reforma trabalhista. Mais demagogia do que respostas a altura para as famílias trabalhadoras ameaçadas de ficar sem renda e sem condições de subsistência. O valor do auxílio, que pode chegar ao máximo de 1200 reais por família, não faz frente às despesas mínimas de um trabalhador, com alimentação, contas de aluguel, luz, água e internet. Ou seja, seguem deixando para os trabalhadores os custos da crise.

Aliás, nesse ponto dos ataques econômicos já estava o antecedente desta "unidade nacional" que governadores, Congresso e STF encampam. Estes setores eram os que vinhamos chamando antes de “bonapartismo institucional”, que é a direita tradicional do país que quer colocar limites ao projeto de extrema direita de Bolsonaro, mas que no programa econômico, incluindo a destruição da saúde pública, na votação do teto de gastos, em todos os ataques contra os trabalhadores, estiveram e estão absolutamente juntos. Como o judiciário que em meio a crise, se colocou em defesa do lucro das empresas como o Ifood, desobrigando a empresa a pagar para entregadores infectados. São golpistas cínicos que vem falar “em defesa da vida”, mas foram todos parte golpe institucional, da prisão do Lula que impediu o povo votar em quem quiser e abriu espaço para Bolsonaro, piorando as condições do país para enfrentar uma pandemia como esta, pois aceleraram os ataques numa escala muito maior e mais acelerada que o PT vinha fazendo.

Por isso não se pode ter nenhuma confiança nestes golpistas! O PT e o PcdoB, como seus governadores à frente, ao se alinhar acriticamente a este bloco “opositor a Bolsonaro”, como mostra também a nota das centrais sindicais que dirigem, trabalhando pela ilusão de uma “unidade nacional”, buscando um lugar no regime cada vez mais reacionário e militarizado que vai se construindo. Dentro de seus estados, esses governadores, que já vinham aplicando a mesma política da direita, como a reforma da previdência, continuam em seu seguidismo sem apresentar alternativas para a classe trabalhadora. Rui Costa (PT-BA), se recusou a cumprir a decisão da justiça que impôs a garantia do fornecimento de alimentos para estudantes da rede estadual de ensino, e já anunciou que irá recorrer da decisão.

A esquerda não deveria seguir se limitando “ao possível”, mais ainda frente a uma crise histórica do capitalismo. Esta “miséria do possível” se traduz em negociações com alas cada vez mais degeneradas do regime, dando passos de “mal menor” em “mal menor”, mas com isso constroem um mal cada vez maior.

Sem dúvida que no primeiro plano da agitação por parte da esquerda precisa estar a resposta urgente à crise sanitária e econômica, que é o que pode defender as vidas e que a classe trabalhadora surja como sujeito capaz de derrubar Bolsonaro e enfrentar a crise de conjunto. Batalhamos pela organização dos trabalhadores para impor Medidas de Emergência frente à pandemia e lutar para que o povo decida através de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana.

Essa é única solução democrática possível, lutar por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana (ACLS) que assuma os poderes legislativo, executivo e judiciário. Essa Constituinte dissolveria o Senado e o Congresso antidemocrático de hoje (enquanto dure seu mandato) e funcionaria como uma câmara única com deputados eleitos pelo sufrágio universal dividindo o país por distritos eleitorais que elegeriam deputados que ganhem o salário de um trabalhador qualificado e que pudesse ser revogados pelos que os elegeram em seu distrito. O poder judiciário também teria que responder somente à Constituinte. E somente ela poderia escolher se quer dissolver o cargo presidencial ou eleger um poder executivo. É a única forma de evitar que os militares e golpistas façam suas manobras de todo tipo e colocar na mão do povo o poder de decidir sobre os rumos do país. Não há saída democrática e anti-ajustes se não for pela decisão soberana do povo.

 
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