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CORONAVÍRUS
Distanciamento social e o trabalho artístico
Dani Alves

No distanciamento imposto pela crise do Coronavírus, enquanto milhares de trabalhadores continuam se expondo, muitos na linha de frente contra a pandemia, é possível fazer um recorte muito claro de como a arte e a produção cultural está presente fortemente no cotidiano da sociedade. E, agora, em larga escala, cumprindo um papel fundamental de gerar conteúdo, experiência e conhecimento para a população, quando grande parte desta está em suas casas.

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Distanciamento social

Diante da crise trazida pela pandemia do Covid-19, a Organização Mundial de Saúde adotou o distanciamento social como proposta de medida preventiva à proliferação do vírus que tem se alastrado pelo mundo fazendo centenas de milhares de vítimas. No Brasil, a medida foi adotada há cerca de duas semanas e tem causado grande discussão, dividindo os brasileiros em dois grupos: os que são forçados a se expor ao vírus pela ganância dos patrões, que, apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, inclusive fazem campanha contra a medida da OMS e os que estão em "quarentena" domiciliar, alguns destes mantendo as atividades no chamado home office. Neste último grupo, também entram milhares de desempregados e aqueles que foram demitidos assim que a recomendação de distanciamento foi apresentada. Confinados em suas casas, centenas de milhares têm enfrentado as dificuldades de se manter longe das relações sociais no cotidiano, o que pode levar ao isolamento e desencadear diversos transtornos afetivos, colocando em risco, a saúde mental, principalmente da juventude.

Um fenômeno entra em cena: a arte.

Neste distanciamento, é possível fazer um recorte muito claro de como a arte e a produção cultural está presente fortemente no cotidiano da sociedade. E, agora, em larga escala, cumprindo um papel fundamental de gerar conteúdo, entretenimento e conhecimento para a população, quando grande parte desta está em suas casas. Recorremos à arte, mas também à produção da industrial cultural, dia e noite, seja nos filmes, livros, vídeos que viralizam na internet, e lives com diversos artistas se apresentando.

Também tem sido registrado em diversas partes do Brasil e do mundo, artistas que se apresentam de suas sacadas, e a própria comunidade, que se reúne em suas janelas para cantar, como no emocionante vídeo viral na Itália em que de suas janelas os italianos cantam a canção símbolo de resistência ao fascismo de Mussolini, a Bella Ciao.

Nas redes sociais, que tem garantido interação entre as pessoas, artistas visuais também tem impulsionado obras manuais e digitais, que levam conhecimento e a experiência visual a pessoas de diferentes idades, contribuindo diretamente na manutenção da saúde mental durante a quarentena.

No Brasil, artistas têm se reunido em diversos movimentos e festivais, como o “Festival Fico em Casa” que foi criado em Portugal e trouxe grandes nomes da música e da cultura brasileira como Dudu Nobre, Bia Ferreira, Emicida, Rennan da Penha, Ó do Forró, Maria Gadu, Majur e mais de 250 outros artistas em quatro dias de apresentações que foram assistidas por mais de 100 mil pessoas. No Twitter, o #MovimentoUbuntu nos dias 28 e 29 celebrou conscientização, acolhimento e entretenimento, apresentados por Drik Barbosa, Fioti, Rael, Pedro Bial e Emicida, trazendo debates sobre auto-cuidado, amor em tempos de crise, estratégias para empreendedorismo na música em tempos de crise, saúde emocional e diversas outras temáticas . O movimento realizado pela Laboratório Fantasma, gravadora que tem como protagonistas o movimento de rua, a cultura negra e periférica, ainda arrecadou fundos para comunidades periféricas que enfrentam diversas dificuldades, principalmente durante a pandemia, como por exemplo a falta de água, enfrentando o descaso dos governantes,como Witzel, no Rio de Janeiro.

Artistas locais e independentes

Este fenômeno vem para reforçar a importância da arte para a sociedade, evidenciando o quão necessário é a fomentação da criação artística e a valorização dos artistas, que cotidianamente enfrentam diversas perseguições, censuras e dificuldades de sobrevivência, intensificados durante a pandemia, que levou ao cancelamento de eventos artísticos, como shows, peças teatrais, filmes, saraus e outros movimentos de rua, principal fonte de renda dos artistas independentes, produtores e comerciantes locais. Do dia para a noite, os artistas se viram impossibilitados de realizar as atividades que gerariam sua renda, se vendo em uma situação desesperadora.

Nos últimos dias foi aprovado no congresso, e recentemente no senado, medida que garante auxílio de R$600 até R$1.200 para trabalhadores autônomos e desempregados por um período de 3 meses durante a crise do Covid-19. O valor proposto inicialmente pelo presidente Jair Bolsonaro era de míseros R$200 reais e aumentou por proposta da câmara, sendo ainda assim, um valor insuficiente para as despesas dos trabalhadores, visto que, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) o salário mínimo necessário para sobrevivência no mês de março deveria ser de R$4.483,20.

Se reforça a importância de apoiar os artistas, em especial os locais e independentes, que giram e gerem o cenário cultural, fortalecendo a sociedade no seu cotidiano e em tempos de crise, como a que estamos vivenciando. Os governos, devem assegurar estabilidade e condições para o desenvolvimento artístico, sem ferir a liberdade de expressão e criação.

Por Uma Arte Revolucionária

A arte, como apontado no “Manifesto Por Uma Arte Revolucionária” escrito por Leon Trotsky e André Breton tem todo o potencial para representar a vida tal como ela é, sendo capaz de iluminar o caminho da sociedade para a libertação das mazelas capitalistas, podendo reunir artistas e intelectuais dispostos a lutar contra o estado deplorável do modo de vida capitalista, como por exemplo a gestão desumana da crise do Covid-19 no Brasil e no mundo. É preciso batalhar pela independência da arte para a revolução, a revolução para a liberação definitiva da arte.

 
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