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CORONAVÍRUS
7 pontos de por que o EaD na PUC definitivamente não é alternativa
Faísca Revolucionária
@faiscarevolucionaria

O Ensino a Distância já foi implementado nas PUC’s em todo o país nessa semana, sem nenhuma consulta aos estudantes. Por isso, a Juventude Faísca Revolucionária compilou 7 motivos de porque esse modelo não é nenhuma alternativa e deve ser abandonado.

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Imagem: Fernando Frazão/ Folhapress

Há cerca de 4 meses, o COVD-19 tem o seu primeiro caso registrado na China. Desde o desenvolvimento do novo coronavírus foram registradas na China cerca de 3.281 mortes em decorrência do vírus. Mesmo com as medidas de contenção adotadas pelo governo chineses, algumas inclusive contestada pela população, a disseminação do vírus e o crescente número de casos, e óbitos, ao redor do mundo levou a OMS decretar pandemia.

Na Europa, em países como a Itália, os médicos são levados a decidir quem vive e quem morre, o país soma mais de 9.134 mortes. Na Espanha, são mais de 4.858 vítimas, sendo 769 apenas nas últimas 24 horas. No Brasil, ao contrario de ser uma “gripezinha”, já são registradas 92 mortes e mais de 3.400 casos confirmados. A COVD-19 já levou mais de 24 mil pessoas a óbito ao redor do mundo.

Para além da letalidade do vírus, o que essa pandemia nos mostra é quem os governos e os grandes empresários capitalistas querem salvar em meio a toda essa crise. Não a população doente que morre nos hospitais, nem a população que segue na incerteza de seu real estado de saúde, não é a classe trabalhadora que segue produzindo sem as condições de segurança necessária frente ao vírus, muito menos é a juventude que segue pedalando enquanto enriquece os donos de aplicativos. O que governo e grandes empresários estão empenhados em salvar é a economia e como continuam garantindo os seus lucros jogando sob nossas costas a conta de mais uma crise.

As PUC’s pelo país e o coronavírus

Diante de todo cenário social gerado pela pandemia, todas as PUC’s suspenderam as aulas presenciais e passaram a atuar em “Regime letivo remoto” (EAD), sem ter sequer uma plataforma que suporte o modelo adotado. De maneira autoritária e de um dia para o outro, professores, estudantes e funcionários foram obrigados a aceitar a essa nova realidade imposta pela universidade, que em momento algum se mostrou sensível ao atual contexto social, se preocupando apenas em “manter o funcionamento do semestre normal”.

1) EAD e o plano de sucateamento do ensino

O golpe institucional foi um marco para o crescimento da educação a distância no país. Desde então, as instituições de ensino passaram a não precisar da aprovação prévia do MEC para a ofertar vagas em EAD, nem tampouco, essa instituições precisariam ofertar qualquer vaga em cursos presenciais, podendo ser apenas faculdades à distância. Em 2018, o número de vagas ofertadas em EAD (7,1milhões) superou a oferta de vagas presenciais (6,4 milhões), mas ainda sim, o número de alunos que são matriculados nos cursos presenciais é maior que o número de alunos matriculados nos cursos a distância.

No ano passado, o ministro da educação Abraham Weintraub, o mesmo que ataca a educação pública dizendo que o que produzem ali é balburdia, assina a portaria regulamentando que 40% do conteúdo dos cursos presenciais possam ser ofertados via EAD.

O governo é um grande aliado dos donos dos monopólios da educação privada no país. Ao mesmo tempo que corta verbas nas universidades públicas, que impede a abertura de novas vagas e diminui o financiamento das pesquisas, fortalece o surgimento de inúmeras faculdades privadas, principalmente com grande oferta de cursos EAD, e que na maioria não ofertam um ensino de qualidade nem estão preocupadas com isso, estão preocupadas somente com seus lucros.

2) Plataformas ruins sem prestação de contas aos alunos, professores e funcionários

Todo final de semestre em algumas das PUC’s é a mesma coisa, dificuldade de acesso ao sistema SGA (Sistema Gestão Acadêmica), como em Minas, seja pra postar algum trabalho ou apenas uma simples conferência de notas.

Na plataforma virtual do CANVAS, onde a maior parte dos alunos só tomou conhecimento dessa ferramenta após o comunicado de que as aulas aconteceriam por essa via, deixando milhares de alunos completamente perdidos. Mas, para o reitor a única saída possível é que “ avancemos, sem pestanejar, com o regime letivo remoto, cumprindo nossos planos de ensino, avaliações e tudo aquilo que compõe um semestre letivo regularmente” para ele “entusiasma pela alegria a trabalhar no ambiente do CANVAS”.

Na PUC-SP, se implementou uma ferramenta única, o Office 365, mas sem nenhuma transparência a quanto de verba está sendo liberado para isso.

A dinâmica diária ao contrario de nos entusiasmar e alegrar, nos causa revolta, pois nem os problemas enfrentados a cada semestre com o SGA a PUC é incapaz de sanar, quem dirá tornar eficaz de um dia para noite uma plataforma que passa a receber cerca de 2 mil professores e mais de 40 mil alunos por dia, como é o caso da PUC MINAS.

Muitos alunos não tem acesso a internet, o que inviabiliza as aulas online, acrescentando a já desigual relação que existe entre os alunos bolsistas e não bolsistas. Mesmo aqueles que tem, uma parte deles não conta com um bom acesso, o que descamba em muitas dificuldades até mesmo para assistir uma simples aula.

A ineficácia da ferramenta, diferente do que o reitor da PUC-MINAS diz, faz com que professores e alunos tenham que recorrer a outros meios digitais, como Whatsapp, por exemplo, para que não fiquemos completamente perdidos mas, que ainda assim não supre o nosso sentimento de estar a deriva. Além do mais, por ser um vinculo não oficial, em última instancia precariza o trabalho do professor e interfere diretamente na relação professor/aluno, ensino/aprendizagem.

3) Precarização do ensino aprendizagem

Nos últimos anos uma das categorias mais atacadas pelo governo e empresários, foi a de professores. Em 2018, houve demissão massiva de professores universitários, inclusive as 50 demissões da PUC MINAS, fruto da reforma trabalhista que acabara de ser aprovada, coincidentemente, ou não, é também no mesmo ano da flexibilização das leis que regulamentam a EAD.
Também na PUC-RIO, milhares de bolsas foram perdidos com a implementação do plano da reitoria de diminuir as bolsas filantrópicas de 40% para 25% do total de bolsas da instituição.

Com as aulas acontecendo de maneira remota, professores que nunca deram aula por meio virtual são obrigados a migrar de forma repentina, e sem preparação prévia, para atender a mais essa imposição da PUC. Tanto para os professores que já ministravam aula virtual ou semipresencial, quanto para os professores presenciais, todo o trabalho que antecede a entrada em sala propriamente dita, o trabalho de planejar todo um semestre, atividades, provas, aulas praticas, a sequência de conteúdo, trabalhos de campo, visita técnica, construção de cronograma, toda uma infinidade de tempo e trabalho que são completamente ignorado e menosprezado pela instituição.

Além do mais, não levam em conta que esses mesmo professores também são afetados pelo atual cenário em que vivemos. São mães, pais, filhos que também tiveram suas rotinas colocadas de cabeça para baixo, mas que são obrigados a “seguir o cronograma normalmente” porque correm o risco de serem demitidos.

4) Suspensão imediata das aulas e redução da mensalidade, garantindo que trabalhadores não sejam afetados

Diferente das pequenas empresas e autônomos que dependem diretamente da renda de cada mês, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) é a maior universidade privada da América Latina, é um braço do Vaticano na educação superior, vide os reitores ligados a igreja e as inúmeras disciplinas de Cultura Religiosa obrigatórias em todos os cursos.

Durante décadas receberam e continuam recebendo isenção de impostos por parte do estado, a mensalidade que a cada final de ano tem reajustes absurdos, que muitas vezes não se revestem em melhoria salarial para os funcionários. Pelo contrario, o que vemos no dia a dia na universidade e demissão e sobrecarga de trabalho.

Partindo do que foi apresentado acima, exigimos a suspensão imediata do regime letivo remoto e que diminuam o preço das mensalidades, garantindo o pagamento integral de salários a todos os trabalhadores, efetivos e terceirizados. Que não haja nenhuma demissão ou perda de direitos de professores e funcionários nesse período.

5) Pela abertura das contas de todas as PUC’s

A PUC se diz em uma profunda crise, mas não demonstra qualquer balanço financeiro de sua real situação. As decisões são tomadas com a comunidade acadêmica as cegas com a realidade da instituição. Se ficasse aclarado quais são de fato os problemas financeiros, os estudantes, professores e funcionários poderiam ver o quanto do que é investido vai para o bolso dos empresários e poderia estar servindo para custear bolsas ou o salário dos funcionários. Por exemplo, na PUC-RIO, há um contrato fechado a mil chaves com a Sodexo para gerir o Bandejão mais caro do país, sem que se tenha ideia de quão grande é o rombo.

6) Pela liberação imediata dos funcionários terceirizados

A PUC demorou bastante até liberar os funcionários e adotar a postura de somente manter os serviços considerados essenciais. No entanto, em algumas universidades, como na PUC-RIO, os funcionários terceirizados, que tem salário menor e menos direitos, composto majoritariamente por mulheres negras, seguem em suas funções correndo o risco de se infectarem.

7) A aula online normaliza uma situação que não é normal

Muitos alunos estão passando por dificuldades financeiras, de saúde e para reajustar sua vida precisam passar um processo por vezes traumático. Há muitas desigualdades nas turmas e o EAD tende passar ao largo de ajudar o aluno a superar sua situação, pelo contrário, pode adicionar mais um problema na vida do estudante que passa por uma situação difícil rodeado de incertezas, em que empresários e governo não estão dando condições mínimas para as pessoas se tratarem, ou viverem suas vidas dignamente.

 
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