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RIO GRANDE DO NORTE
Bilionário Flávio Rocha apoia Bolsonaro e quer expor trabalhadores da Guararapes ao vírus
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

O empresário Flávio Rocha é dono de uma fortuna de R$ 2,8 bilhões, segundo dados da revista Forbes e está entre os 200 mais ricos do país. A sua rede Guararapes registrou mais de R$ 526 milhões de lucro em 2019. Defende agora que país "volte à produzir", aliviando a quarentena no período em que os casos tendem a explodir. Não podemos aceitar que teremos que escolher quem vive ou quem morre, enquanto empresários como ele lucram de quarentena nos seus palácios.

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O empresário Flávio Rocha é dono de uma fortuna de R$ 2,8 bilhões, segundo dados da revista Forbes, e está entre os 200 mais ricos do país. Dono de grandes fábricas de confecção de roupas no Rio Grande do Norte e Pernambuco com a sua rede Guararapes, que inclui uma ampla rede de lojas da Riachuelo pelo país. É dono também do maior shopping da Zona Sul de Natal, capital potiguar, e do call center da Guararapes.

É um dos empresários do grupo Brasil 200, que inclui empresários como Junior Durski, dono da hamburgueria Madero, ou Luciano hang, o famigerado “Véio da Havan” que deram uma série de declarações grotescas, defendendo que não importam quantos mortos o Coronavírus pode causar e que os trabalhadores têm que voltar à produção:

“O Brasil não pode parar, as consequências que vamos economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com o coronavírus (…) eu sei que nós vamos ter que chorar e vamos chorar cada uma das pessoas que vão morrer com coronavírus, mas nós não podemos por conta de 5 mil pessoas ou 7 mil pessoas que vão morrer, eu sei que é um problema, mas muito mais grave é o que já acontece no Brasil”, são as palavras de Junior Durski após a declaração absurda de Bolsonaro na terça-feira dessa semana, que defendeu que o país deve voltar à normalidade, repetindo que o Coronavírus não passa de uma “gripezinha”.

Bolsonaro anunciou a campanha “O Brasil não pode parar”, seguindo de forma cega Trump e o prefeito de Milão, que disse cinicamente “ter errado” com campanha de “não parar” a cidade (“Milão não para”), que hoje já chegou, sozinha, à 5402 mortos e 37.298 casos confirmados. Uma campanha, portanto, genocida como é a de Bolsonaro, recebeu aplausos destes empresários e apoio de carreatas bolsonaristas nas ruas.

Flávio Rocha, ainda que tenha criticado o tom de enfrentamento do discurso com relação aos governadores, apoiou a proposta de Paulo Guedes e Bolsonaro da liberação progressiva da quarentena a partir do dia 7 de abril: “Toda morte é lamentável, uma vida não tem preço, mas o avanço do desemprego, caos social com a economia desligada, gerando até uma onda de violência, pode gerar muito mais mortes”. Uma escandalosa demagogia de se preocupar com a vida da população, quando está prevista para as próximas semanas um pico de casos do coronavírus.

É com cinismo e crueldade com a vida de milhares de pessoas que esses “pequenos reis” lidam com o coronavírus, confortáveis em seus “home offices” nos palácios onde vivem, enquanto escravizam a população e expondo os trabalhadores nos seus locais de trabalho. Para eles não tem saída, dezenas, centenas de milhares morrerão, encurralados pela crise do sistema econômico que defendem, que mostra a cada dia incapaz e indisposto a resolver a “gripezinha”.

Flávio Rocha, que havia imposto férias coletivas nos parques fabris da Guararapes, quer que os trabalhadores voltem a costurar suas pilhas de peças de vestuário e vender nas suas lojas, quando no Rio Grande do Norte estão faltando máscaras, capotes e EPIs para os trabalhadores da saúde, que fábricas como a da Guararapes teriam plenas condições de produzir, inclusive para outras regiões do país. Na prática está dizendo que é mais necessário salvar os R$ 526 milhões de lucros da sua empresa só em 2019, do que com as necessidades imediatas do combate ao coronavírus.

É inadmissível que com tecnologia do século XXI, com máquinas que poderiam produzir insumos e víveres necessários equipar a humanidade rapidamente para a guerra contra o vírus, estes empresários deem declarações, como a do Véio da Havan, que ameaçam demitir seus trabalhadores para impor a volta da produção.

Nesse sentido é escandaloso que a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), até agora não emitiu uma lei que proibisse as demissões no estado, deixando Rocha impune. A governadora, que apesar de ter proibido o sistema de saúde de não atender suspeitos de coronavírus, tem adotado medidas ainda completamente tímidas no combate ao vírus, inclusive pedindo doações à população, enquanto empresários têm dívidas que chegam somadas a R$ 7 milhões ao estado.

A quarentena é muito importante para evitar o contágio rápido dessa doença, garantindo maior chances de sobrevivência. Mas sem testes massivos para a população, Fátima está atirando no escuro e fazendo igual Dória e Witzel. Os entregadores, trabalhadores da saúde, da assistência social, limpeza da UFRN e outros postos “essenciais”, seguem nas ruas se expondo, sem o direito de saber se estão contaminadas. Assim, contaminam seus lares, ambientes de trabalho, e a quarentena se torna ineficaz.

Veja também: No RN, faltam testes do COVID-19: Centralizar o sistema de saúde sob controle dos trabalhadores

Além disso, compartilhamos aqui no site denúncias dos servidores da saúde, que estão sem EPIs há muito tempo, o que ameaça os que estão na linha de frente do combate ao vírus, que se combalidos pelo vírus, o sistema de saúde colapsa de vez. Nem falar a falta de leitos, com seu governo tendo fechado o Hospital Ruy Pereira ano passado. A falta de médicos nas UPAs e UBS, que nem dipirona distribuem mais.

A falta de respiradores, que ainda não existem, mas certamente temos que estar preparados para o pior, a própria Abin disse que teremos 5.500 mortos nos próximos 15 dias. Esse é o cenário que Bolsonaro está anunciando (e aceitando criminosamente). Mas Fátima tampouco tem um plano de emergência que de fato dará conta, sendo necessário medidas de readequação produtiva e de centralização do sistema de saúde.

Porque não só proíbe os leitos privados de recusarem suspeitas de coronavírus, mas também não unifica todo o sistema de saúde e coloca os trabalhadores da saúde para controlar os hospitais, pronto-socorros? São eles quem estão na linha de frente, portanto tem as melhores condições de saber como encarar o problema, junto claro com a comunidade científica, de especialistas na saúde, infecctologistas, etc.

Mas o governo Fátima sabendo que a Unimed não iria querer perder seus lucros assim, recua e deixa a população desarmada porque teme pela garantia dos lucros dos capitalistas. Portanto nisso ela não se diferencia em nada de Bolsonaro, ou Dória, ou Witzel.

Poderia muito bem taxar a fortuna bilionária de Flávio Rocha para financiar a produção de testes massivos. Centralizar a produção da Guararapes para produção de capotes, máscaras, colocando os trabalhadores para dirigir essa demanda, pois seriam heróicos, porque, se produzem camisetas para o país inteiro, poderiam facilmente abastecer regiões inteiras desses equipamentos.

Enquanto negocia a dívida do estado com a União e recursos extras para o RN, chama pela unidade de todos o país para travar guerra ao vírus, ao mesmo tempo em que coloca os trabalhadores da saúde como bucha de canhão, já há muito tempo sobrecarregados nos hospitais, agora pondo suas vidas em risco.

Portanto é preciso que os trabalhadores, no RN e no mundo todo, passem a atividade para exigir a licença remunerada de cada trabalhador não essencial que ainda está em serviço, a proibição das demissões e para controlar a produção dos seus locais de trabalho, escolas, produzindo álcool em gel e o que mais for necessário, que certamente não são lucros para a burguesia.

Assim sairemos fortalecidos dessa crise com os trabalhadores dando o exemplo de que, se conseguem o boi pelo chifre e frear a máquina desordenada do capitalismo, podem dar o futuro para a humanidade.

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