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CORONAVÍRUS
Seguindo Bolsonaro, presidente FIEMG defende normalidade na indústria e comércio
Redação

O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais é mais um no time dos mega empresários que reafirmam sua preocupação com o lucro enquanto desprezam a vida dos trabalhadores e pobres. Flávio Roscoe se soma aos odiáveis dono da Havan, dono do Madero e ao próprio Bolsonaro, que segue minimizando os impactos do coronavírus no Brasil. Mas o que está por trás desse discurso, que de desvairado só tem a aparência, é que essa é exatamente a mesma linha do presidente da principal economia mundial, Donald Trump, e dos porta vozes do mercado financeiro, via Wall Street Journal. Não é loucura, é a irracionalidade capitalista mostrando sua cara exploradora e mortífera a olhos nus.

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Foto: divulgação O Estado de Minas

Um vazamento de áudios entre Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, e lideranças de sindicatos patronais mostrou sua frieza em relação à pandemia do coronavírus e às milhares de vidas que estão sob risco fatal pela sua rápida disseminação. Afirmando que é preciso que “uma parcela significativa da doença seja contagiada” e que “não há indústria sem comércio”, Flávio, que testou positivo para a doença, segue a linha de seus iguais, os mega empresários brasileiros acham que alguns milhares de mortos é aceitável, contanto que sejam preservados os lucros patronais.

Bolsonaro quer impor essa visão capitalista e ignorar a ameaça real de morte de milhares de trabalhadores e pobres no país, como ficou evidente em seu pronunciamento oficial em rede nacional na última noite. Seu desprezo pelas pessoas que estão no grupo de risco, como os idosos e portadores de doenças crônicas, foi declarado juntamente com seu apelo para que voltemos a uma suposta normalidade, ou seja, que mais trabalhadores se somem aos que hoje seguem suas rotinas sem quaisquer condições sérias de segurança à saúde. O discurso do presidente e coro dos empresários soa como um delírio diante das próprias projeções da Agência Brasileira de Inteligência Nacional (ABIN), vazadas pelo The Intercept Brasil, onde um cenário mais otimista considera ao menos 2 mil mortes até o final de abril e outro que acompanha as curvas de países como a Itália ou Espanha podem indicam que podem haver mais de 5 mil mortos em curto período.

Soa como delírio, insanidade, mas não é mais que um fanatismo capitalista escancarado. Bolsonaro nada mais faz que papagaiar o também odiável Donald Trump, que por sua vez atende aos interesse de sua classe e tem o respaldo de Wall Street. As piadas prontas do discurso do presidente brasileiro e suas provocações não podem esconder a “racionalidade” que há por trás de cada passo que este dá, ainda que ele atua em dissonância no método com outros setores do próprio governo, oposição e alguns mega empresários menos cachorros loucos. Uma mostra das aspirações e cálculos desse setor de parasitas está na própria Medida Provisória 927, que tentou assegurar a retirada de salários da maioria do país por 4 meses em meio à essa crise brutal, o que foi impedido pela própria resistência de trabalhadores e setores populares contrários. Esse item caiu, mas seguem outros ataques aos trabalhadores e também a restrição de acesso à informação, pois querem ocultar a verdade da maioria da população enquanto manejam as possibilidades de vida e morte no país.

Enquanto Bolsonaro busca acabar com a quarentena parcial ou quase total que estão decretadas vários estados, com destaque aos principais que são São Paulo e Rio de Janeiro, os governadores, o Congresso sob direção do direitista DEM e até os reacionários militares aparecem como mais responsáveis e sérios diante da crise. Mas a verdade é que nem Dória, nem Witzel, nem Maia e nem Mourão se importam mais com a vida dos milhões de trabalhadores e pobres brasileiros que com os lucros dos empresários nacionais e internacionais. A prova disso é que até agora não houve um plano de emergência real, com o giro dos imensos recursos do Estado e dos capitalistas para assegurar as demandas elementares para encararmos com algum controle essa crise.

O primeiro passo que já está atrasado é o teste para todos, pois sequer sabemos se estamos ou não doentes e esse é o fator que mais aumenta o contágio e coloca milhares de vidas em risco. Também os hospitais devem ser reforçados, com equipes de saúde preparadas e paramentadas adequadamente, com seus direitos trabalhistas assegurados e uma ampliação com contratação de milhares de novos profissionais que estão aptos a serem postos em serviço, bastando orientações que as próprias equipes de saúde poderão assegurar. Além disso toda a rede de saúde do país deve estar voltada a essa emergência, incluindo os laboratórios, clínicas e hospitais da rede privada, que lucrou rios de dinheiro por décadas, com o aval dos governos, e agora deve estar em função do que realmente importa, a vida de cada pessoa que necessita de atendimento contra a Covid-19. Esses cuidados básicos não estão no horizonte desses ditos representantes sérios, que só fazem demagogia e estão protegidos junto com suas famílias, por suas fortunas e privilégios.

Veja também: Emprego, renda e testes para todos: por um verdadeiro plano de guerra na crise contra Bolsonaro

Dizem que vivemos um momento de guerra contra o vírus, mas a verdade é que a guerra que já enfrentávamos antes dessa crise é a que nos joga de um lado da trincheira e os sanguessugas neoliberais do outro. As retiradas de direitos e entregas de nossos recursos naturais que passaram contra nós por décadas, que se intensificou muito após o golpe institucional de 2016, é o que faz hoje estarmos frente a barbárie provocada por uma gripe. Cadê a alta tecnologia, a quarta revolução industrial e a infinidade de possibilidades que o capitalismo veio prometendo? Hoje o discurso dos colaboradores e de vantagens de ser “o próprio patrão” não cola mais, pois faz falta os direitos trabalhistas e um salário decente para manter a família protegida dessa doença devastadora. Então não podemos acreditar que serão os mesmos que clamam pelas reformas e adoram a repressão policial como linguagem que vão cuidar de nós e liderar com responsabilidade e segurança para a maioria. Se não podemos confiar em Bolsonaro e sua gana facistóide, tampouco serão será Dória, Witzel, Maia ou Mourão e os militares quem nos salvará. Os próprios trabalhadores podem se organizar para tomar as rédeas da crise nas mãos, como já vem fazendo as heroínas e heróis da saúde, e como também o podem setores da indústria e de outras áreas, com cooperação e exigindo que todos os nossos recursos nacionais se voltem a esta crise.

 
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