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PORTO ALEGRE
Marchezan ameaça rodoviários com demissões em meio à crise do Coronavirus
Redação Rio Grande do Sul

Prefeito ameaça rodoviários de demissão em meio à crise do coronavírus. Sua preocupação é com os lucros dos patrões, não com a saúde dos trabalhadores e usuários.

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O prefeito de Porto Alegre quer fazer demissão em massa de rodoviários na capital. A declaração absurda foi dada hoje (17) no Jornal do Almoço. O prefeito se utiliza das suas derrotas na câmara municipal para avançar contra os rodoviários e garantir os lucros dos empresários. Com a palavra, o tucano: “deve diminuir drasticamente o movimento dos ônibus. Com certeza, em virtude de projetos de lei não aprovados, ocorrerão demissões nesse meio de transporte”. Em nenhum momento o prefeito esteve preocupado de fato com a saúde dos rodoviários ou mesmo com a dos usuários. A preocupação maior é com relação aos lucros dos empresários do transporte – a decisão de demissões foi feita após reunião com os tubarões milionários do transporte público da capital. Fica claro que, em meio a essa crise sem precedentes, os trabalhadores saem mais afetados. Trata-se de uma postura criminosa do prefeito e que deve ser respondida à altura, com os próprios trabalhadores tomando em suas mãos as decisões sobre o que fazer.

A demagogia fica ainda mais escancarada quando vemos as iniciativas das empresas e da prefeitura para proteção dos trabalhadores. Sabemos que os rodoviários, em especial os cobradores, são extremamente vulneráveis ao contágio do vírus uma vez que mexem em dinheiro, precisam se locomover nos carros, ficam próximos a milhares de pessoas todos os dias e, ao final de cada turno, se reúnem no fim da linha. E, como nós sabemos, uma vez vulneráveis ao contágio, esses trabalhadores são transmissores em grande potencial.

Em Porto Alegre é explícito como estão sendo ignorados em meio à pandemia. Não há sequer uma medida organizada pela patronal ou pela prefeitura no sentido de defender esses trabalhadores. A única medida, demagógica diga-se de passagem, foi a de desligar os ar-condicionados, medida essa que em última instância serve mais para diminuir os custos da patronal do que para impedir a circulação do vírus dentro do transporte público – afinal, bastava abrir as janelas dos carros, sem precisar desligar o ar-condicionado numa Porto Alegre beirando os 40ºC nas últimas semanas. A orientação era a de tirar os lacres das janelas, sem precisar desligar o ar-condicionado,

Mas o problema é mais embaixo. Os empresários do transporte sequer disponibilizaram alcool em gel para os trabalhadores. Não há absolutamente nenhum tipo de higienização nos ônibus, de forma a colocar em perigo todos os trabalhadores, desempregados e jovens que seguem utilizando o transporte público por necessidade em meio à crise do corona. A RBS veiculou reportagem recente mostrando ônibus da VTC operando higienização, mas é mais uma daquelas notícias que servem para mostrar algo que não existe de fato, como denunciam os próprios rodoviários que leem o Esquerda Diário e contribuem para as informações dessa matéria.

Hoje é cogitada a redução das tabelas para voltarem aos horários de verão. Ou seja, diminuir no mínimo em 20% a frota utilizada nas ruas. Na prática, isso pode significar demissão em massa de rodoviários, como já vem ocorrendo em distintos setores da economia. Marchezan quer demitir os rodoviários o quanto antes. É preciso se mobilizar contra Marchezan, os empresários do transporte e sua gana de lucro, com os próprios trabalhadores decidindo suas ações.

Crises como essas colocam em cheque a própria estrutura da sociedade, a sua maneira de organização. Enquanto os serviços estiverem em função do lucro, a tendência do coronavírus se espalhar é ainda maior. Crises como essas escancaram problemas estruturais do próprio capitalismo, onde trabalhadores rodoviários, por exemplo, acabam representando os elos mais débeis, são os mais afetados em potencial.

Como parte de defender os rodoviários de Porto Alegre, mas também pensar medidas de defesa de todos os rodoviários de outras capitais do país, defendemos:

– Higienização completa, imediata e constante de toda a frota de ônibus e transporte público em geral;
– Contratação emergencial de mais trabalhadores da manutenção e da limpeza a fim de garantir essa higienização.
– Proibição de qualquer demissão nos transportes públicos e cobertura de 100% dos salários e direitos de todos os afastados. A crise não pode ser despejada no lombo do trabalhador;
– Testes massivos e imediatos para todos os trabalhadores que apresentarem sintomas da gripe e para os que precisarem e quiserem fazer. Trata-se de uma medida que visa proteger não apenas os rodoviários, mas toda a população que pode ser contaminada. Isso exigiria mais investimento na saúde, com maior produção dos testes necessários, bem como mais funcionários nos hospitais, etc.
– Mais contratação de trabalhadores rodoviários. É necessário reduzir o número de passageiros, uma vez que aglomerações dentro de espaços fechados, como o ônibus, pode acarretar em ampliação da contaminação. Com mais rodoviários, podemos ter mais linhas de ônibus, com menos passageiros em cada uma delas.
– Abertura dos livros de conta das empresas de transporte público. Se os patrões dizem que não possuem dinheiro para distribuir alcool gel para os rodoviários, então que se abram as contas das empresas e comprovem que não se trata de demagogia para manter seus lucros.
– Estatização do transporte público sob controle dos próprios trabalhadores rodoviários e os usuários. Já se passaram semanas desde a explosão pandêmica do vírus e os empresários do transporte e a prefeitura se mostram a cada dia que passa incapazes de salvaguardar a vida dos trabalhadores, bem como atuar em benefício da população. Eles só querem os lucros deles e mais demissões. Nós defendemos a vida dos trabalhadores, seus empregos e a saúde de todos os usuários.
– A lei do teto de gastos deve ser revogada! Em 2016 foi aprovada a lei do teto de gastos que congela os investimentos públicos em saúde e educação por ao menos 20 anos. A crise escancara o absurdo dessa lei, compactuada por Bolsonaro e seus aliados na época. Medidas como esssa devem vir junto de medidas emergenciais para combater o vírus em grande escala, com ampliação de leitos nos hospitais públicos, contratação de mais funcionários da saúde, um SUS 100% estatal que seja controlado pelos próprios trabalhadores, abertura de leitos privados para todos os que necessitarem…

Ou seja, uma série de medidas que podem combater de frente o problema, defendendo a categoria rodoviária, bem como o conjunto dos usuários e da população.

 
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