Estamos vivendo uma crise de maconha no país, são milhares de comentários sobre a falta de maconha para consumo e a péssima qualidade do pouco que está sendo comercializado.
Segundo as estimativas da operação, se a maconha queimada fosse processada, as mudas produziriam cerca de 78 toneladas de maconha, avaliadas em R$ 11,4 milhões. Também foram eliminados dez acampamentos usados como base de operação logística do tráfico e foram destruídas sementes e ferramentas do processo de produção.
A Operação Nova Aliança, criada em 2018, é uma ação da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai - SENAD/PY, que conta com apoio em inteligência, financeiro e logístico da Polícia Federal brasileira, através da Coordenação Geral de Polícia de Repressão a Drogas – CGPRE, da Diretoria de Combate ao Crime Organizado - DICOR, e do Oficialato de Ligação da Polícia Federal no Paraguai.
O estado destinou em 2020 R$ 417,9 milhões do orçamento para o que eles chamam de segurança pública, combinada com a aprovação do “pacote anticrime”, mas a verdade é que passa de aumento da repressão aos usuários e moradores de morros, favelas e periferias, verba que poderia estar sendo investido na educação, na saúde na ciência e tecnologias.
Combate as drogas ou aos pobres?
O aumento da crise econômica mundial e as medidas que vem sendo adotadas pelo governo Bolsonaro, de avanço de um plano neoliberal, coloca o conjunto da classe trabalhadora na miséria, vivemos o maior indicie de desemprego da história, são cerca de 12,6 milhões desempregados, segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento), as péssimas condições de vida com trabalhos precários, subcontratos e o exponencial aumento da desigualdade social é o que gera criminalidade.
Na contramão desse fato, o Juiz Sergio Moro desde o ano passado tem adotado um discurso de “combate ao crime organizado” a velha política de "enxugar o gelo" que só resulta em repressão. Sabemos que a circulação do conjunto das drogas segue acontecendo e quem financia são os grandes empresários que controlam a produção e distribuição a nível mundial, mas aqueles que morrem são os mais pobres e os negros, povo negro é o que mais sofre com ações desse tipo.
Foram 2.886 pessoas mortas por policiais no 1º semestre no Brasil – um aumento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2018. A maioria das mortes se dão em decorrência de intervenção policial (mais de 90%) aconteceu com oficiais em serviço.
O combate as drogas e a maconha em especial, não resolve um problema que é estrutural do capitalismo, a desigualdade é parte da sua lógica de funcionamento e a repressão só causa mais mortes e propagação do racismo como apontam os estudos, por isso o método mais eficaz seria a regulamentação das drogas.
Legalização das drogas sob gestão dos trabalhadores e controle dos usuários
A legalização tiraria da informalidade a produção e a venda, o que acabaria com o tráfico nas comunidades, colocaria fim a relação do poder público com o narcotráfico, os governos deixariam de desperdiçar bilhões no combate as “drogas” e poderia se investir, no caso da maconha, em estudos para o tratamento de doenças.
Num primeiro passo, a regulamentação da droga poderia facilitar a importação de medicamentos ou até permitir a estocagem dos produtos no país, reduzindo a espera dos pacientes e os custos. O Canabidiol (CBD) é um dos princípios ativos da cannabis mais bem vistos para a regulamentação, pois, diferente do Tetrahidrocanabinol (THC), não possui ação psicotrópica. Ambos entram na composição de remédios.
Com a legalização se acaba com o pretexto do Estado de violar nossas liberdades civis com o fim de levar a cabo esta guerra contra as drogas, que expressa um racismo mascarado, pois em sua maioria são negros criminalizados, presos e mortos com a desculpa de manejo de drogas.
A legalização conduzirá a sociedade a aprender a conviver com as drogas, tal e como tem feito com outras substâncias como o álcool e o cigarro e também pode conduzir a aprendizagem social de consumo medicinal e recreativo.
Mas para que isso venha a acontecer é necessário que a população e os trabalhadores tomem para si a tarefa de organizar a produção, para que ela seja de qualidade para todos e para que não percamos mais nenhuma vida fruto desse combate e que seu uso seja racional e controlado por todos.
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