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Oriente Médio
O que está acontecendo na Síria?
Salvador Soler

A Turquia lançou neste domingo a “Operação Escudo Primavera” na Síria em resposta aos ataques do governo de Al Assad. É temido que as tensões se arrastem entre a Rússia e a Turquia para enfrentamentos militares de maior envergadura.

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O estado de Idlib, localizado no noroeste da Síria, é o último bastião dos combatentes salafista-yihadistas ex militantes da Al Qaeda e do Estado Islâmico apoiados pela Turquia. O regime de Al Assad vem tentando recuperar o controle da maior parte do território perdida em quase 10 anos de guerra. A batalha por Idlib se transformou em um ponto de inflexão da guerra síria e já moveu mais de um milhão de pessoas. O enfrentamento direto de soldados do Exército turco contra as tropas regulares sírias, está arrastando a intervenção à Rússia que presta apoio de inteligência, aéreo e terrestre a Damasto, e nestes dias enviou dois navios de guerra armados com mísseis Kalibr de alto alcance e precisão.

Nos últimos dias Damasco bombardeou posições turca matando 33 soldados e ferindo mais 70, o que representa o maior golpe recebido pela Turquia desde sua intervenção na guerra. Em resposta lançou a “Operação Escudo de Primavera” que implica a mobilização de milhares de tropas para recuar os sírios à fronteira que estabelece Memorando assinado na cidade de Sochi em 2018.

Segundo o ministro da Defesa da Turquia, Hulusi Akar, desde dezembro as tropas turcas destruíram 1 drone, 2 caças, 8 helicópteros, 103 tanques, 19 transportes blindados de tropas, 72 peças de artilharia, entre canhões, obus e lança-foguetes, 3 baterias antiaéreas, 15 unidades antitanque, 9 armazéns de munições, 56 veículos blindados e “neutralizado” 1.212 soldados pertencentes ao regime de Al Assad e milícias aliadas, de acordo com a agência turca Anadolu. Além disso, a Turquia também bombardeou um aeroporto militar, e derrubou um avião não tripulado em Saraqeb, uma cidade estratégica retomada pelos rebeldes na semana passada.

O ataque em Saraqeb evidencia a ampliação dos objetivos da Turquia. Em resposta, Damasco declarou ter fechado o espaço aéreo no noroeste da Síria, e ameaçou derrubar qualquer avião que o violasse, segundo a agência SANA.

Enquanto isso, a Turquia ainda mantém 12 pontos de observação militar que instalou ao redor da província de Idlib, endossados pelo Memorando assinado em 2018 na cidade de Sochi, para defender seus aliados. Desde o começo da guerra mantém uma estreita relação e exige o reconhecimento político do setor opositor, que se trata nada menos do que 10.000 combatentes do grupo terrorita Hayat Tahrir al Sham (HTS), liderados pela filial local da Al Qaeda, junto a outros 20.000 milicianos de facções salafistas menos radicais que tem mutado o nome de suas organizações.

A Rússia e a Turquia entrarão em guerra?

Os Acordos de Sochi buscavam desescalar as tensões com a Rússia que se meteu na guerra em 2015 para prestar total apoio ao regime de Bashar Al Assad e evitar sua queda. Logo após a incursão em 2019, Putin negociou diferentes territórios na fronteira turco-síria para que Erdogan levasse adiante seus planos em relação aos 3,5 milhões de refugiados, pretendendo movê-los para o norte da Síria. Além disso, Erdogan não considera tolerar mais vindas de refugiados sírios para seu país, enquanto tenta resolver seus problemas com os curdos.

Entre Putin e Erdogan existe uma aliança estratégica tanto econômica, quanto política, apesar das discrepâncias que tem em relação ao conflito sírio e a permanência de Al Assad no poder. Neste sentido foi aquele acordo que tanto Ankara, como Moscou se acusam de haver rompido em várias oportunidades.

Além dos ataques de Ankara sob o exército sírio, a Turquia abriu suas fronteiras para que 100.000 refugiados entrem na Europa, provavelmente com o objetivo de pressionar a União Europeia para que adotem uma postura mais dura com a Rússia e a Síria, ou gerar problemas internos com sua rival pela influência no Mediterrâneo Oriental. A decisão de Erdogan desencadeou reações furiosas por parte da Grécia, que implementou o exército na fronteira com a Turquia para evitar a entrada massiva de imigrantes.

Esta situação coloca uma crise na relação entre ambos países. Ankara pediu uma reunião de emergência com a OTAN para discutir a situação da Síria. Enquanto isso terão uma difícil cúpula Erdogan e Putin em Moscou.

Até o momento a guerra síria já devastou cidades inteiras, 13 milhões de pessoas foram deslocadas e mais de meio milhão perderam suas vidas. Os combates em Idlib estão gerando uma crise humanitária de grande envergadura, tanto pelos bombardeios sírio-russos como parte dos turcos. Ao menos 1 milhão de pessoas tiveram que abandonar suas casas para se estabelecer em um dos 200 campos de refugiados desta região, onde 81% dos habitantes são mulheres e crianças. Estas tensões renovadas entre a Rússia e a Turquia colocam que a guerra na Síria está longe de acabar.

Leia também: Refugiados sírios: “Os policiais gregos nos roubaram tudo, nos bateram e nos devolveram pra Turquia”

 
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