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GREVE PETRONRÁS
Petrobrás convoca funcionários em treinamento a assumirem a produção e põe vidas em risco
Redação

Entrando no seu 18° dia e sendo a maior desde 1995, a greve dos petroleiros começa, apenas agora, a ganhar espaço na grande mídia burguesa, sendo destaque em alguns dos principais jornais digitais do país, inclusive estampando as primeiras páginas dos mesmos, mas sendo alvo de uma série de calúnias e análises interessados a serviço da entrega dos nossos recursos ao imperialismo.

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A imagem representada nessa matéria trata-se da explosão de uma caldeira da Replan, Refinaria de Paulínia no interior de São Paulo, em 2018. Esta imagem assusta menos Bolsonaro, a mídia e o autoritarismo judiciário, do que o perigo que a greve de petroleiros trás para os lucros dos acionistas da empresa. A nova medida contra essa greve de colocar funcionários em treinamento para assumir a produção é a prova disso.

O caso se restringe, por hora, de uma denúncia feita pelo Sindipetro-LP de que a diretoria da Petrobrás estaria convocando funcionários em treinamento para assumir as plataformas P-70 e P-71 na Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, e no estaleiro de Aracruz, no Espírito Santo, respectivamente, afetadas pela greve.

O desespero da burguesia frente às massivas greves de trabalhadores está expressa em uma nova manobra da Petrobrás para tentar responder os impactos que a greve está gerando na produção. Colocando diversas vidas em risco, seja de outros trabalhadores que se mantenham trabalhando, seja da população como um todo a direção da estatal tem convocado trabalhadores ainda em treinamento para assumir plataformas que tenham sido afetadas pelas paralisações, não se importando com “regras de ouro” de segurança e saúde do trabalho.

Coloca em risco, portanto, até sua própria produção - que é o que importa para esses setores - uma vez que trabalhadores ainda não aptos a realizar determinados serviços são jogados ali para que mantenham a produtividade a todo vapor, mas que a qualquer momento podem cometer erros por falta de treinamento, experiência ou mesmo conhecimento sobre as ações que estão executando e ocasionar tragédias de proporções inimagináveis. Nada diferente do que ocorre em outras categorias como, por exemplo, os metroviários.

Já há alguns anos, a direção do Metrô de São Paulo coloca os trens para circular de forma totalmente temerária durante as greves dos trabalhadores do setor; joga funcionários sem nenhum tipo de experiência ou treinamento para operar as estações e realoca trabalhadores de outros setores, com um treinamento extremamente precário, para operar os trens que levam, supostamente, a população em segurança para seus destinos. Coloca em risco, portanto, a vida dos trabalhadores da empresa e a vida da população que está sendo transportada, além do emprego do trabalhador que eventualmente cometa um erro e amanheça, no dia seguinte, com sua carta de demissão sendo entregue por algum superior.

É inegável a forma irresponsável com que a burguesia utiliza vários de seus métodos para esmagar e enterrar qualquer que seja o levante da classe trabalhadora; tudo, para essa burguesia, tem a ver com manter a produção ativa e seus lucros intactos, nem que para isso ela brinque com a vida de diversas pessoas, trabalhadores ou não. Para estes “senhores” não somos mais que peças que podem ser substituídas quando quebram, e nossas vidas valem muito menos que seus lucros.

Após mais de duas semanas de um cerco midiático ferrenho contra a greve dos trabalhadores da maior estatal do país, escondendo da população tanto a magnitude das paralisações como os motivos por trás da greve, a mídia burguesa expressa em jornais como Folha, Globo, Estadão e tantos outros nos mostra claramente ao lado de quem ela está ao começar a noticiar sobre uma suposta “ilegalidade” da greve, baseada em uma decisão autoritária e monocrática do ministro do TST Ives Gandra, já muito conhecido da classe trabalhadora por suas decisões antissindicais e por se colocar abertamente a favor da supressão de diversos direitos trabalhistas, que foram arduamente conquistados durante décadas, inclusive através de massivas greves como a que ocorre hoje na Petrobrás.

Golpistas, Folha e Globo criam farsa para atacar a greve dos petroleiros

Nesses momentos de tensionamentos é que conseguimos enxergar com uma maior clareza como operam os diversos setores da burguesia; pouco importa as muitas diferenças que os vários setores da burguesia têm entre si, quando o assunto é atacar a classe trabalhadora e suprimir seu direito de greve. Tudo isso a serviço de que o lucro dos patrões e acionistas estrangeiros sejam mantidos, unificando a burguesia em torno desse mesmo objetivo e se vale de todos os meios possíveis para esmagar a luta dos trabalhadores.

Enquanto a greve ascende, os diversos atores que compõem a mídia burguesa ignoram conscientemente mais de duas semanas de greve para não deixar que a população tenha acesso a essa informação e, consequentemente, suprimem o debate a nível nacional; o judiciário, mais reacionário que nunca, julga a partir de suas próprias convicções de classe a “ilegalidade” da greve, dando uma base legal para outros ataques; o governo, através da presidência da estatal, assedia, pressiona e ameaça os trabalhadores com demissões, cortes de salário, fechamento de locais de trabalho etc; a polícia, cumprindo seu papel fundamental dentro da democracia burguesa, impede piquetes de trabalhadores nas fábricas. Ou seja, todo o aparato midiático-judiciário-policial é usado, em consonância entre os variados setores da burguesia, para enterrar qualquer levante da classe trabalhadora, ainda que esses setores tenham diferenças entre si. Se colocarmos em perspectiva uma questão de classe, todo esse setor está do mesmo lado e nós, trabalhadoras e trabalhadores, do outro.

A greve dos petroleiros se enfrenta com todo o aparato do judiciário que foi reforçado pela Lava Jato, pela imprensa golpista - pelo golpe institucional e pela prisão do Lula, momentos chave em que o judiciário se fortaleceu em seu autoritarismo - e se enfrenta também com a sanha pela militarização imposta por Bolsonaro.

Igual à queima dos comunicados de demissão da Fábrica Nacional de Fertilizantes do Paraná - que está jogando na rua mais de mil famílias - os petroleiros devem fazer o mesmo com os "conselhos" de quem acordou ontem para a greve e que tem interesse de se infiltrar nela para destruí-la.

Um comando nacional da greve petroleira com representantes de cada base é fundamental hoje para que as decisões dessa mobilização fiquem submetidas ao controle da FUP, que provou na audiência de ontem no Paraná que está disposta a aceitar qualquer acordo para enterrar a greve, que se vencer, pode não só suspender, mas barrar as demissões, e pôr em cheque o plano privatista de Bolsonaro. Essa vitória, desenvolvendo esses mecanismos de auto-determinação dos petroleiros, seria o primeiro passo para avançar em um projeto que coloque a Petrobrás e nossos recursos nacionais a serviço da população, com uma Petrobrás 100% estatal, gerida pelos trabalhadores, a forma mais democrática e segura de como a produção poderia ser gerida, para que nunca mais ocorram desastres que os capitalistas preparam para a produção e a vida dos trabalhadores.

 
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