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EDITORIAL DE EDITORIAIS
Três críticas ao governo, todas em função do ajuste, nenhuma pelo impeachment
Thiago Flamé
São Paulo
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Neste domingo os três principais jornais do país abordam a situação do governo por diferentes ângulos. Como sempre, a preocupação comum é viabilizar um ajuste cada vez maior.

Dos três o único que critica diretamente a presidente Dilma é o editorial deste domingo do Estadão. Com o título “bacia das almas”, o editorial avalia que Dilma recorre a uma bacia das almas – em referencia à reforma ministerial e a primeira reunião do novo ministério em que Dilma pediu apoio para se manter - por que teria perdido “todas as chances de redimir de seus pecados políticos e administrativos e depende única e exclusivamente da boa vontade de terceiros”.

A critica que o jornal faz a esta situação é que a “governabilidade fica a depender de gente cada vez menos qualificada, num processo de degradação da administração” que desautorizaria qualquer otimismo. Mas apesar desta critica dura, o mais anti-Dilma dos principais jornais, ensaia um dialogo pela positiva com a presidente. Que em vez de denunciar um “golpe democrático” Dilma deveria “se empenhar em salvar o pouco de dignidade que lhe resta, a começar pelo reconhecimento sincero dos erros”. Ou seja, se Dilma abandonasse até mesma o que resta do discurso social do seu governo, perante os editorialistas do estadão, ela poderia se redimir. Antes de pressionar pelo impedimento de Dilma, o Estadão pressiona Dilma a ir mais longe ainda no ajuste.

A abordagem de O Globo deste domingo é mais indireta. Critica a inconsequência do governo com o lema da “Pátria Educadora” e aponta o fato, de que o ministério da educação foi dado como consolo ao Ministro Aloísio Mercadante, o que mostra o pouco prestigio deste ministro. Além disso faz uma critica mais dura a situação da educação no país e aponta um discurso defensivo para o ajuste, ao ressaltar que os problemas da educação não se devem somente a falta de verbas, ou seja, pode-se cortar ai...

Mas a intenção não declarada do editorial é tão importante quanto esta, de justificar os cortes de verbas da educação como plausíveis. Ao golpear o ministro Aloísio Mercadante o jornal O Globo ataca um dos últimos pontos de apoio diretos de Dilma em seu próprio governo. Depois da reforma ministerial, o governo foi entregue em partes ao PMDB e em partes a gente de confiança de Lula. Neste contexto, atacar como faz o Globo, o ministro da educação, mostra a intenção deste jornal de diminuir ainda mais as margens de Dilma.

A Folha ataca outro flanco. Este jornal aponta sua critica diretamente ao ministro da fazenda Joaquim Levy. Na opinião do jornal Levy já não é garantia nenhuma para o mercado, de que ajustes mais duros virão. “Levy, como diz o lugar-comum, apagou um incêndio. Mas deixou de representar, para o mercado credor e investidor, uma garantia de que os ajustes prometidos e desejados serão levados a cabo”

A Folha cobrar particularmente de Levy que este deixe claro quando uma medida da ajuste fiscal deixar de prosperar se isso foi culpa da presidente que colocou obstáculos. Do contrário, ele mesmo Levy perderia o prestigio que lhe resta. “Caso a presidente represente obstáculo a esse plano mínimo (de reformas...), convém deixar clara a origem da paralisia. Do contrário, haverá compromisso apenas com o atraso.”

Nestes três editoriais pode-se ver um tom muito comedido em relação a qualquer possibilidade de impeachment. Com críticas a diferentes aspectos do governo cada vez mais ajustador, os editoriais buscam pressionar Dilma a seguir pelo caminho que já escolheu, cada um à sua maneira. O Globo criticando os aliados preferenciais de Dilma no mistério, O Estadão com um discurso mais direto contra Dilma, mas deixando uma margem para reconciliação e a Folha atacando o que seria o ponto forte pró ajustes do governo, em uma espécie de alerta ao próprio Levy.

E o alerta da Folha é o que queremos ressaltar aqui. O governo Dilma fez todas as vontades dos bancos e do chamado “mercado” até aqui e Levy é a cara mais visível destas medidas. Mas o que foi feito até aqui apenas apagou um incêndio e seria necessário – do ponto de vista dos grandes empresários – avançar ainda mais no ajuste. Para isso Dilma precisaria estar cada vez mais à frente das medidas e Levy precisa atuar para que isso aconteça. Do contrário ele próprio deixaria de ter utilidade. O que fica mais evidente é que com a reforma ministerial e com mais promessas de ajustes, Dilma teve um respiro político e os jornais pressionam para que esse respiro seja utilizado parta aprofundar ainda mais os ajustes.

 
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