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A crise do MEC coloca a urgência de um programa radical para as universidades
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

A decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que autorizou o MEC a liberar os resultados do SISU, muito longe de resolver o problema na verdade só escancara uma crise mais estrutural do sistema educacional brasileiro. Enquanto milhares de estudantes pelo país, finalmente, podem ter a alegria de saber que foram aprovados numa universidade federal, a ampla maioria das pessoas inscritas são barradas pelo filtro social e racial do vestibular. E para piorar, 172 mil estudantes nem sequer tiveram suas dúvidas respondidas pelo Ministério da Educação frente aos erros de correção da prova. Nas redes circulam inúmeros relatos de jovens que tiveram problemas para acessar o sistema, se inscrever nos cursos desejados e ate mesmo para ficar na lista de espera da tão sonhada vaga na universidade pública. Toda essa crise e o absurdo descaso de Bolsonaro e Weintraub, revela mais uma vez que a política do governo se preocupa mais com a censura de ideias ou quanto os jovens transam, do que em garantir que o já excludente processo de vestibular possa acontecer sem tantos transtornos e erros.

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O que precisa nos fazer questionar a miséria de uma sociedade que tenta nos colocar um contra o outro, como se o problema fosse o nosso colega ter tirado uma nota maior, ou não ter tido erros na sua correção. Quando toda a lógica de ter uma única prova para selecionar e decidir seu futuro já está equivocada. Somos parte daqueles que exigem uma resposta imediata do MEC para os 172 mil estudantes que questionaram suas notas e os erros no SISU, que Weintraub saia o quanto antes do seu cargo, não porque temos ilusões que a queda dele vá mudar algo de fundo, pois se trata da política levada adiante pelo governo e não somente da responsabilidade individual de um ministro, mas isso é o mínimo frente a tamanha crise e desrespeito com os estudantes. E para conquistar essas demandas as entidades estudantis, como a UNE e a UBES, devem imediatamente apresentar um plano de lutas para que todos os estudantes se coloquem em movimento. Conforme alguns Centros Acadêmicos se posicionaram recentemente ao chamarem a UNE para convocar uma manifestação contra os erros do ENEM.

No entanto, uma resposta de fundo para o problema só pode vir se também levantarmos demandas que questionem mais radicalmente a estrutura das universidades hoje e busquem defender os interesses dos estudantes que entraram nas universidades, mas também dos milhares que ainda estão de fora. Levantando um programa que coloque no centro a defesa do acesso direto do ensino médio ao ensino superior, acabando com o vestibular e estatizando as universidades privadas sob controle dos trabalhadores e estudantes, revogando a PEC do congelamento de verbas e todos os cortes realizados nos últimos anos, ampliando as verbas para a educação pública ao invés de priorizar o pagamento do roubo da dívida pública.

Se a maioria das nossas entidades tomassem esse programa como parte central das lutas do movimento estudantil, organizando desde a base os estudantes com debates sobre qual modelo de universidade queremos e preparando a nossa luta para conquista-lo, poderíamos não só colocar novamente em cena a juventude que fez Bolsonaro tremer ano passado, mas também unificar em torno dessa demanda os milhares de jovens que são excluídos todos os anos pelo vestibular, e o conjunto da classe trabalhadora, que na maioria das vezes só pode entrar nas universidades para trabalhar e nunca para ter acesso ao conhecimento que é produzido. Esse seria o caminho para que de fato pudéssemos colocar as universidades a serviço da classe trabalhadora e toda população.

 
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