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EDUCAÇÃO
Resposta a Pedro Fernandes e Witzel sobre a humilhação imposta aos professores na Expo armazém do livro
Nossa Classe - Educação

Filas quilométricas, falta de estrutura, materiais superfaturados e completa falta de respeito pelos professores é o que resume o "Armazém do Livro" de Witzel e Pedro Fernandes. Secretário divulgou vídeo admitindo o fracasso, mas não deu conta de explicar as contradições do evento.

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O governo do estado do Rio de Janeiro liberou um vale-cultura no valor de 500 reais para os professores, mas com a condição de ser gasto presencialmente em um único evento chamado Expo Armazém do Livro, com apenas algumas editoras. No entanto, vídeos e fotos compartilhados nas redes sociais mostraram como o evento foi completamente mal estruturado e impôs um cenário degradante para os profissionais da educação. O secretário de educação gravou um vídeo hoje à tarde, no qual admite o total fracasso do evento.

Com apenas 4 dias para poder gastar os vouchers liberados por Pedro Fernandes e Witzel, a Expo Armazém do Livro concentrou milhares de servidores e professores em um local minúsculo, uma situação que mostra como o governador e o secretário de educação enxergam e tratam os servidores e professores da educação. O caos deliberado produzido por pela Seeduc foram tão intensos que em pouco tempo vários diretores passaram a cancelar a ida ao Armazém, com o secretário anunciando a venda online destes livros.

O fato é que na Expo Armazém do Livro, choveram denúncias de professores afirmando que os livros estariam muito superfaturados. Tomando como exemplo o livro 1822, que é vendido online por R$25,00, na feira estava saindo por R$49,90, ou seja praticamente 100% mais caro. Há relatos de livros até 448% mais caros. Sobre esta questão, Pedro Fernandes se limitou a dizer que há uma cláusula que impede venda superfaturada dos livros, lançando mão do argumento "cobrimos a concorrência": Ele disse aos professores que enviassem uma foto do livro para a Seeduc para que a denuncia seja investigada, e que o valor superfaturado não será pago pela secretaria. Como se a Seeduc não tivesse acesso as litas de preço de cada editora. E isso não é tudo pois o silêncio em torno dos critérios para escolha das editoras e dos títulos foi ensurdecedor. Algumas editoras grandes foram excluídas, como a Companhia das Letras, enquanto outras que foram escolhidas, como a Globolivros, trouxeram a sobra da sobra do seu catálogo.

Nos últimos dias a categoria dos professores passou a suspeitar que estes 500 reais para o vale-cultura viriam de uma parte não utilizada do Fundeb, sobrando no caixa da Seeduc, devido ao não reajuste do salário dos professores que está congelado há seis anos, enquanto que a verba da educação estaria sendo utilizada sem nenhum planejamento concreto - como foi o caso do Armazém do Livro -, servindo apenas como uma forma de demagogia barata para tentar fazer um "aceno" político por Witzel e Pedro Fernandes à categoria. Contudo, no final da tarde o secretário de educação divulgou um vídeo onde afirma que não foi usado um centavo do Fundeb para custear o vale.

Neste caso o secretario precisa esclarecer de onde está vindo este recurso e o que será feito com os R$ 750.000.000 que estão sobrando no caixa da Seeduc de acordo com o anexo 8 do RREO de Outubro de acordo com o site da secretaria de fazenda do estado. É importante deixar claro que graças a lei 563/19, sabemos hoje que 60% do salário dos servidores é custeado pelo Fundeb e que o Estado do Rio investe menos ainda do que imaginávamos na educação.

Pedro Fernandes não responde ao mau-uso da verba pública e nem ao uso dos recursos do Fundeb, ficando o orçamento da Educação um verdadeiro "mistério", utilizado sem nenhum projeto pedagógico concreto, exceto o projeto de catapultar as carreiras políticas de Pedro Fernandes e Witzel.

Leia aqui: Witzel presenteia editoras usando a verba pública enquanto desvaloriza professores

Mas o pior de tudo realmente foi o tratamento dispensado aos professores, que desde cedo foram submetidos a filas quilométricas sob o sol escaldante da barra. O evento foi extremamente mal organizado e muitas pessoas sequer conseguiram comprar livros, com relatos de muitas pessoas passando mal.

Carolina Cacau, integrante do Movimento Nossa Classe Educação e professora da Rede Estadual em Nova Iguaçu esteve presente no Armazém do Livro e declarou ao Esquerda Diário:

- É simplesmente absurdo e revoltante o que Pedro Fernandes e Witzel estão fazendo com os professores. Há 5 anos sem reajuste, fazem a demagogia com R$ 500 para comprar livros superfaturados, beneficiando editoras escolhidas à dedo pelo governo com verba pública que deveria ser utilizada para investir na valorização dos professores. Se não bastasse isso, ainda, os milhares de professores que se deslocaram ao local do Armazém do livro se viram numa situação de total desrespeito por parte da Seeduc, filas imensas, caos, tudo durante o final do ano letivo quando estamos todos sobrecarregados.

-Junto com estas medidas desrespeitosas, Witzel e Pedro Fernandes guardam em suas mangas ataques como o modelo de escola cívico-militar, as intervenções na liberdade pedagógica, a não abertura de concursos, impondo aos professores que tem o salário desvalorizado à aceitar as GLP, sem contar a ameaça de reduzir novamente as cargas horárias de filosofia e sociologia. Precisamos responder à estas medidas e à completa falta de respeito à educação por Witzel e Pedro Fernandes com a organização da categoria nas bases, em cada escola, para barrar cada uma dos ataques que ambos já anunciaram que irão fazer contra a educação!

Abaixo seguem algumas fotos e vídeos de denúncias feitas pelos professores que estavam no evento:

Para fornecer um vale cultura não há sequer a necessidade de amontoar os profissionais da educação em único evento mal-estruturado, seria muito mais eficiente disponibilizar o valor na conta dos professores, para que estes pudessem gastá-lo da forma que melhor entendessem com os livros que realmente precisam para a atividade docente. Mas o problema real é que não precisamos de vales, precisamos sim de valorização salarial. Já são quase seis anos de congelamento e o salário base da rede estadual é o menor dentre todas as redes no Rio de Janeiro. Os professores estão se sobrecarregando para poder compensar a desvalorização e isso leva ao aumento na taxa de doenças e também de suicídios.

É preciso lutar pela valorização real da educação e dos trabalhadores da educação e isso só pode ser conseguido a partir da mobilização da categoria a partir da base em um movimento com força capaz de questionar todos aqueles que pretendem nos fazer pagar pela crise!

 
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