A OCDE divulgou dados sobre a situação da educação no Brasil. Weintraub não demorou para fazer demagogias com os números, atacando os governos petistas e dizendo que "agora irá mudar". Mas, afinal, qual a verdadeira discussão atrás desses dados e porque Bolsonaro vai piorá-los?
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) sobre Educação no mundo. Os dados apontam uma questão que, ainda que não seja nova, é necessário debater diante do governo Bolsonaro e da proposta de destruição que está colocado para o ensino superior, básico e inicial no país.
Weintraub, ministro da Educação de Bolsonaro, não demorou para utilizar os dados divulgados pela OCDE para fazer demagogia, tentando se defender do fato concreto que é: o governo Bolsonaro é um verdadeiro inimigo da educação do país.
No último ano de Dilma/Temer (2018), 70% dos jovens com 15 anos não sabiam o básico de matemática. O Governo Bolsonaro irá mudar essa TRAGÉDIA que é a "educação" de esquerda. No próximo PISA o resultado já será bem melhor! pic.twitter.com/ePIq7EV4PS
Com os cortes da educação, anunciados por Weintraub em maio, milhares de jovens se colocaram nas ruas contra esta medida que, associada ao Future-se, significaria o fim da universidade pública. Este projeto está intimamente ligado à destruição da pesquisa e dos centros de excelência no Brasil, priorizando pesquisas "rentáveis" para grandes empresas e entregando o ramo da Educação, reconhecidamente lucrativo, nas mãos de grande monopólios que buscam lucrar cada vez mais.
Contudo, os dados não são favoráveis ao governo Bolsonaro, ainda que Weintraub tente resgatar o sentimento anti-petista pra mostrar que "em sua gestão será diferente". O relatório da OCDE mediu também a desiguladade, apresentando um índice do desempenho de alunos mais pobres em relação aos mais ricos.
Este índice é medido da seguinte forma: quanto mais próximo de 1, mais próximo é o resultado desses grupos e quanto mais próximo de 0, mais evidente está a diferença entre o nível educacional de quem tem dinheiro e quem não tem.
No Brasil, Em Matemática, esse índice está em 0,26 e em Leitura, o valor está em 0,45. Ou seja, alunos mais pobres, comparados aos ricos, possuem maior dificuldade de fazer operações matemáticas básicas ou entenderem uma ideia central de um texto. De todo o relatório, este é o índice que é mais importante e que coloca abaixo esta "teoria" de Weintraub de que com Bolsonaro será diferente.
As escolas públicas no Brasil possuem uma infraestrutura precária: dados mostraram que 16% das escolas não possuem instalações sanitárias básicas. Estes dados são revelados pelo Censo Escolar 2018, do Instituto Nacional Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que apontou que das 181,9 mil escolas da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio), 16% não possuem banheiro dentro do prédio da escola; 49% não possuem ligação com rede de esgoto; 26% não tem água encanada; e 21% não contam com coleta periódica de lixo.
Este cenário não está em oposição ao drama que vivem os professores. Com jornadas extensas, que não se restringem ao ambiente escolar. Atualmente, o salário médio de professor de uma escola pública é de R$2.557, contando que irá conseguir obter carga horário total, o que nem sempre pode ser possível. Em 2018, entre filas intermináveis na atribuição de aulas para os professores do estado de São Paulo, dezenas não conseguiram pegar aulas e na prática ficaram sem emprego e sem salário.
Turmas lotadas e salas fechadas, falta de infra estrutura e salários de fome é parte do que torna os dados da OCDE alarmantes quanto ao desempenho dos alunos. Ao lado disso, a direita com o "Escola Sem Partido" e suas variações, avançam contra a liberdade do professor em debater questões fundamentais do cotidiano dos alunos, como gênero, sexualidade, racismo, entre outros temas fortemente combatidos pela extrema-direita reacionária e conseradora.
Weintraub volta a atacar com a "história do esquerdismo" na Educação, mostrando que por trás de seus ataques ideológicos existe um projeto de educação tecnicista, que pode debates fundamentais do cotidiano dos alunos, perseguindo professores e fomentando ainda mais escolas militares, ao lado de Paulo Guedes, o cabeça das privatizações, que já se mostrou ligado aos monopólios da educação no Brasil.
Ainda que Bolsonaro e Weintraub afirmem não serem "responsáveis", é necessário destacar que no governo Lula os monopólios da educação tiveram portas abertas no país. A Kroton, um dos principais monopólios de Educação privada no país, encontrou terreno fértil no governo Lula, através de programas de financimanto para estudantes do ensino superior como o Fies.
Agora, os grandes monopólios anseiam avançar para outros setores da educação, como o ensino básico e fundamental, elevando seus lucros cada vez mais.
Parte do projeto Bolsonaro, o projeto do golpe Institucional, é avançar ainda mais com o sucateamento do ensino público, fomentando grandes empresas para que lucrem cada vez mais com um direito básico. Com a crise, a educação será cada vez mais, bem como a previdência e a saúde, um ramo lucrativo para os capitalistas.
Neste sentido, com Future-se e cortes do MEC, que afetam também ensino básico, ao contrário das mentiras contadas por Weintraub e Bolsonaro, há todo um caminho a ser tratorado por essas grandes empresas, para sugarem tudo que for possível dos trabalhadores, jovens e crianças brasileiras, penalizando justamente os mais pobres, que mais precisam do ensino público.
Os trabalhadores e a juventude não podem cair no conto dessa extrema-direita que avança pra privatizar as estatais de todas as ordens, e até mesmo praias e parques brasileiros, como os Lençóis Maranhenses. Tampouco, podem se contentar com o projeto lulista, que não tem nenhuma viabilidade de ser "resgatado", onde gigantes da educação fizeram a farra com dinheiro e direitos dos brasileiros. É necessário avançar por mais, questionando as bases da educação, a elitização das escolas, batalhando pela estatização de todas as escolas e universidades privadas, garantindo que haja escola para todos e que este não seja mais um privilégio, e sim um direito fundamental e básico.