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REBELIÃO EQUADOR
A força imparável dos povos indígenas que faz o presidente do Equador tremer
Redação

Há uma semana o presidente do Equador, Lenín Moreno anunciou um plano econômico de duros ataques a mando do FMI, que prevê Reformas trabalhista e tributária e o fim dos subsídios aos combustíveis que disparou o preço do diesel e da gasolina, indignando a classe trabalhadora equatoriana que, ao lado de milhares de indígenas que chegam sem parar na capital do país, se manifesta desde então contra o saqueio do Fundo Monetário Internacional ao país.

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Para assegurar um empréstimo de 4.209 milhões de dólares vindos do FMI, o governo do Equador, liderado por Lenin Moreno, anunciou quarta-feira passada um plano econômico que vem para saquear os trabalhadores do país, dentre os ataques, o mais escandaloso é a implementação do dia para a noite de um aumento de 123% nos preços da gasolina e do diesel, o que revoltou principalmente os indígenas e camponeses, mas também toda a classe trabalhadora, que saiu em uma onda de protestos de uma semana, culminando em uma massiva greve nacional no dia de hoje, 09/10.

Logo nos primeiros dias do processo, Moreno decretou estado de exceção, buscando maior capacidade repressiva para tentar conter as mobilizações que desencadearam em paralisações nos transportes e em escolas na quinta-feira passada. A direções sindicais, como a dos transportes, pressionadas pela mobilização espontânea, começaram a sinalizar adesão aos processos.

Em meio a isso, a Conaie (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador) declarou medidas de apoio desde o ínicio. Apesar de suas direções terem forte ligação ao ex-presidente Rafael Correa, responsável em 2000 pela dolarização da economia nacional e apoiador de Moreno durante as eleições, tendo a Conaie chegado inclusive a enviar membros para compor o gabinete ministerial de Moreno, as comunidades indígenas demonstraram indignação ao plano de saque e pressionaram a direção que teve que se localizar inclusive a esquerda de Correa, declarando que não presta nenhum apoio ao ex-presidente.

Não é de hoje que o movimento indígena do país demonstra seu potencial de luta, em 2004 os povos indígenas foram linha de frente de um processo de mobilizações que levou à derrubada de Lucio Gutiérrez, então presidente do Equador.

Durante os processos da última semana, mais uma vez os povos indígenas mostraram todo seu potencial, sendo protagonistas de enfrentamentos diretos com a polícia que reprime brutalmente as manifestações a mando de Moreno.

À medida da crescente mobilização que tomou as ruas de Quito mesmo com a brutal repressão das forças armadas, diversos governos de extrema direita declararam apoio a Moreno, Incluindo os governos da Argentina, do Brasil, da Colômbia, de El Salvador, da Guatemala, do Peru e do Paraguai na américa Latina e dos EUA.

A declaração dos diversos governos surgiu enquanto Moreno acusava Maduro e Correa de planejar uma desestabilização de seu governo. O presidente ainda teve que bater em retirada da capital do país, Quito, quando os manifestantes cercaram o Palácio Presidencial e tentaram ocupar a Assembleia Nacional, desde então a capital está tomada por tanques militares e o presidente se encontra em Guayaquil.

Há dias chegam pelo sul de Quito a pé e em caminhões, milhares de indígenas que marcharam para concentrar-se na greve nacional chamada para o dia de hoje, fileiras e mais fileiras de pessoas continuam a se aproximar da capital, as lideranças da Conaie declararam na segunda feira que seriam cerca de 20 mil indígenas marchando a pé para a capital.

A greve nacional começou hoje com cerca de 700 pessoas presas, cerca de 80 feridos e 2 pessoas mortas, a repressão segue a níveis de brutalidade, as direções da Conaie chegaram a comparar as medidas do governo com o nível repressivo de uma ditadura militar.

Mesmo assim, Moreno “treme” escondido em Guayaquil, depois do fracasso de suas declarações pedindo “calma” e “diálogo”, agora enfrenta um impasse diante da radicalidade e massividade dos protestos imparáveis, com manifestantes entoando palavra de ordem de que “nossa bandeira é vermelha, como o sangue da classe trabalhadora”, evidenciando toda a potencialidade dessa onda de manifestações que têm os indígenas na linha de frente, que junto com os camponeses, serão os mais duramente afetados com o plano de saque nacional.

Assim como a derrota de Mauricio Macri nas eleições primárias, a derrubada do governador de Porto Rico, a crise estatal no Peru e a queda de popularidade de Bolsonaro no Brasil e Piñera no Chile, o intenso processo espontâneo protagonizado pelos indígenas e trabalhadores urbanos do Equador, impõe limites para a ofensiva da extrema-direita na América latina.

A população equatoriana mostra o caminho de enfrentamento aos ataques imperialista que recaem sobre nosso continente. No entanto, as direções sindicais e indígenas já mostraram em outros momentos seu caráter insuficiente para responder aos anseios da classe trabalhadora. A imparável aliança dos trabalhadores urbanos com os camponeses e indígenas do país não pode ser respondida por setores que se vinculam e desvinculam de figuras reformistas como Correa ou de extrema-direita como Moreno, a depender de “qual time está ganhando”.

Os equatorianos têm à sua frente a possibilidade de confiar apenas nas próprias forças, romper com as velhas burocracias e dar um verdadeiro exemplo que possa internacionalmente mostrar o caminho de conjunto para os operários. A unidade com movimentos sociais como o dos indígenas tem um potencial explosivo para levá-los a esse caminho. Somente um programa anticapitalista, socialista e revolucionário pode responder a altura dos ataques sofridos pela classe trabalhadora que em meio ao 11º ano de uma profunda crise econômica mundial, amarga níveis inimagináveis de precarização e desemprego.

 
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