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PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
Sindicato do Telemarketing quer acabar com a CLT
Redação

Além do fim das leis trabalhistas, a proposta da SINTETEL defende a previdência privada para os trabalhadores.

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Com um headset na cabeça, sendo tratados como lixo por quem está do outro lado da linha e forçados a repetir coisas até mesmo ilegais ligação após ligação, tudo por ordem da empresa. Todo mundo que se humilha 6 dias por semana em feriados, datas festivas e finais de semana fica refletindo como seria bom se o sindicato fizesse alguma coisa por nós.

A equipe do Esquerda Diário foi verificar como um sindicato da categoria que agrupa 1 em cada 50 trabalhadores brasileiros, com ou sem carteira assinada, está se mobilizando para enfrentar a ganância dos exploradores em tempos de Bolsonaro. O que se viu foi que, para dar conta dos interesses dos sindicalistas, é melhor que ninguém vá mesmo nas assembleias.

Propostas que deixariam o mais empedernido burocrata da CUT com vergonha

O primeiro ponto da pauta de reivindicações que a SINTETEL apresentará aos barões do atendimento ao cliente é que o negociado prevaleça sobre o legislado. Nem em seus sonhos mais sacanas é possível imaginar um patrão tão feliz, com seus funcionários pedindo para ele esquecer a lei.

A chave da argumentação que sustenta essa farsa burlesca é que, com o Bolsonaro, Paulo Guedes e seus capangas no poder, as leis aprovadas só prejudicarão os trabalhadores e por isso devemos preservar as conquistas de nosso acordo sindical.

Omitem, providencialmente, que ao negociar que o acordo sindical prevaleça sobre a lei, estão defendendo a centralidade do sindicato e, portanto, seus próprios privilégios econômicos, ao mesmo tempo em que se esforçam ao máximo para esvaziar qualquer espaço de discussão dos trabalhadores.

Não poderia ser diferente quando o presidente da central sindical que nos representa, a UGT, é o coordenador nacional de movimentos sociais do PSD, partido do Gilberto Kassab que integra a base aliada de Bolsonaro.

A consequência: um sindicato que apoia a terceirização

Não existe dúvida de que o poder executivo, legislativo e judiciário estão unidos na guerra contra os trabalhadores. É natural que tentem aprovar leis que deixam nossa vida ainda mais difícil.

Também se espera que quem paga o nosso salário queira aumentar seus lucros o máximo possível. Em tempos de abundância, nos exploram e ficam com os lucros, mas, na dificuldade, tentam nos tirar os meios mais básicos de sobrevivência.

Não por acaso, sempre exigem conhecimento de informática, conhecimento numérico, habilidade com digitação, comunicação pessoal, energia, fluência, entonação, calor humano, atitude positiva, senso de humor, habilidade para ouvir, iniciativa, dinamismo, capacidade de solução de conflitos e boa postura sob pressão, com foco no cumprimento de metas e sem nunca oferecer ferramentas adequadas ou um salário digno.

O sindicato defende aos empresários, e não a nós trabalhadores
Apesar dos subterfúgios, quando abrimos mão do resguardo da lei trabalhista, não deixamos de estar protegidos minimamente por ela. O que se processa nesse mecanismo é, na verdade, um posicionamento político que favoreça a destruição ou a perda de sentido da existência dessa lei, para que se torne, se muito, um manual de boas práticas a ser seguido opcionalmente, sem estabelecer direitos e rumando à completa obsolescência.

É o mesmo que querem fazer com a previdência social, quando o sindicato propõe que as empresas paguem uma previdência privada para os trabalhadores de um ramo cujo tempo suportado em atividade não é maior do que um ano.

Um chamado à mobilização!

Como já dissemos, os call centers possuem um peso enorme na economia do país, embora ofereçam empregos que ninguém quer. E sabendo do ciclo médio de vida útil de um funcionário, esfolam e extraem tudo o que podem, pois as sequelas do futuro não serão problema de seu RH.

Os sindicatos não farão nada para mobilizar a categoria, pois são um braço do bolsonarismo, ao mesmo tempo em que o resultado de suas ações terá efeitos profundos sobre as vidas de todas as outras categorias.

Os trabalhadores consideram esse trabalho provisório, não havendo sentido em se organizar em torno das reivindicações para o próximo ano de um lugar onde não estarão, ao mesmo tempo em que migram ciclicamente de um emprego a outro.

É preciso cercar de solidariedade a esses trabalhadores que pouco conhecem seus direitos, pouco imaginam hipóteses para se organizar, mas ao mesmo tempo são um exército que passa dia após dia com seus corpos e mentes disciplinados para atingir resultados. Sentam-se um ao lado do outro, conversam e se entretém com o que podem, envergonhados de seus empregos e esperando o dia de ter qualquer opção melhor. E iremos, sem dúvidas. Mas o que aprendermos, guardaremos conosco, a começar pela solidariedade e a consciência de classe.

Em nosso futuro compartilhado, a perda de direitos de um explorado só prepara o terreno para a miséria do restante da classe. Os donos das empresas se enxergam e atuam como classe. Cabe a nós, efetivos, terceirizados, temporários, nos unirmos e sermos ainda mais organizados do que eles. Nenhuma reivindicação de salário isolada será suficiente para as batalhas que se avizinham.

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