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VICE PRESIDENTE
Mourão chama genocídio indígena e escravidão negra de empreendedorismo
Redação
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O governo de Bolsonaro representa tudo o que a elite social brasileira sempre pensou e não tinha coragem de dizer. Desta forma, o Vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, foi ao twitter no dia 28 para comemorar a criação das Capitanias Hereditárias, dizendo que elas teriam sido as primeiras formas de "empreendedorismo", criadas pelo rei de Portugal à época, Dom João III:

Sem perceber, o que o vice de Bolsonaro revela de verdade com esta afirmação é o quanto arcaico é a economia brasileira, já que no conceito do general reformado, o tal "empreendedorismo" tão propagandeado pela classe capitalista brasileira, teria nascido na coroa portuguesa.

Afinal de contas, o "empreendedorismo" é hoje o discurso oficial dos cortadores de direitos do Congresso Nacional - que atacam os direitos trabalhistas afirmando que agora os trabalhadores terão "liberdade para ser empreendedores". Um discurso nefasto que acompanha os retrocessos deste governo que vem atuando para expandir, por exemplo, o trabalho escravo no campo e na cidade através da inviabilização do serviço dos fiscais do trabalho.

Junto com isso, os latifundiários herdeiros dos antigos senhores de terra, cuja árvore genealógica poderíamos traçar até as Capitanias, seguem lucrando recordes com a liberação do desmatamento, a grilagem de terras dos povos tradicionais, a ausência de reforma agrária e a liberação das queimadas e desmatamentos. Aliás, não à toa as Capitanias eram "Hereditárias" (que passam de pai para filho), pois no final, são sempre umas mesmas famílias herdeiras da terra que exploram a grande maioria da população.

Este domínio se banhou no sangue daquilo que é retratado por historiadores como o maior genocídio da história da humanidade, o genocídio indígena cometido pelos europeus em toda as Américas, no qual se estima o assassinato sistemático de 70 milhões de mortos, contabilizando dos 1500 aos 1900. O "empreendedorismo" da colonização contou também com a escravização dos negros, que eram tomados capturados na África, e trazidos para as Américas para trabalhar à força.

Escravidão esta, na qual se estima que só na cidade do Rio de Janeiro, foram 2 milhões de escravos negros trazidos à força pelos traficantes portugueses, entre 1500 e 1856. Ao litoral brasileiro, segundo a pesquisa, teriam chegado 4,8 milhões de escravos, tirados à força da África e vendidos como mercadoria no Brasil.

Mas um segundo Tweet de Mourão, do dia de ontem, mostra que, para ele, todo esse sangue derramado pela colonização racista dos europeus, se trataria, propriamente, do "empreendedorismo":

Mas essas declarações, vindas de Mourão, não são de estranhar. Em agosto do ano passado, o vice de Bolsonaro havia declarado publicamente que "os indígenas seriam indolentes a malandragem vinha dos negros". Declarações racistas deste tipo, que representam a forma como a elite capitalista historicamente enxergou a formação do povo brasileiro, e que retratou nos livros de história, mais abertamente ou não.

Mourão e Bolsonaro representam a cara mais deslavada do capitalismo, aquela que fala mais abertamente o que pensa: racistas, misóginos, lgbtfóbicos, são os representantes da proposta de um governo mais duro do capital financeiro. Para tal, também lançam mão do racismo para dividir e oprimir a classe trabalhadora. A "revisão histórica" de Mourão, chamando colonização, genocídio e escravidão de empreendedorismo, nada mais é do que um chamado dele aos capitalistas, latifundiários e especuladores financeiros, para defenderem abertamente aquilo que pensam: o racismo, o ataque aos direitos do trabalhador, o ataque às terras dos indígenas, o ataque aos direitos das mulheres.

E no conceito de "empreendedorismo" cabe tudo, menos uma saída coletiva para estes ataques - já que é com estas ideias capitalistas que parte da burguesia nacional tenta seduzir os setores oprimidos - seja os trabalhadores, para aceitarem a entrega dos seus direitos em troca de tornarem se autônomos (e desempregados), seja setores oprimidos, transformados em mercadoria e "nichos de mercado". Mourão, na realidade, demonstra com sua estapafúrdia revisão histórica racista que o conceito do "empreendedor" econômico individual depende deste se opor à empreitada coletiva de povos e classes subalternas no capitalismo dependente.

 
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