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UFRGS
Construir um CAdAFi para lutar contra os ataques de Bolsonaro e dos capitalistas!
Caio Reis

Diante da ofensiva ideológica da extrema-direita, do Future-se e dos cortes na educação pública, dos ataques aos trabalhadores e da devastação predatória das riquezas naturais como a Amazônia, é preciso construir uma entidade que organize os estudantes da Filosofia da UFRGS para as batalhas que virão. Convocamos cada estudante a debater e construir uma chapa para as próximas eleições do CAdAFi-UFRGS.

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Essas eleições para o Cadafi (Centro Acadêmico dos Alunos de Filosofia) tem um novo teor, é o primeiro processo deste tipo para o curso em meio ao governo do ultra-reacionário Bolsonaro. Desde o inicio aponta a educação como um inimigo estratégico e para nós da filosofia (e demais cursos de humanas) fica uma enorme incerteza de futuro. Poderíamos afirmar que não somente pelo futuro de nossa disciplina, pois não apenas na educação Bolsonaro impulsiona a destruição, mas de nossos recursos naturais como a floresta amazônica, incendiada pelo agronegócio que é base ativa deste governo capacho do imperialismo. Não podemos tratar estas eleições apenas para formar uma nova gestão que leve afrente apenas as tarefas diárias, mas sim que promova a politização do curso e seja uma ferramenta de mobilização.

Ao longo desse primeiro ano do governo Bolsonaro, herdeiro do golpe institucional e das eleições manipuladas pelo judiciário e Lava-Jato, vem avançando um conjunto de políticas absurdas que visam descarregar a crise capitalista nas costas da classe trabalhadora, do povo pobre e do conjunto dos setores mais oprimidos por esse sistema de miséria: as mulheres e as populações negra, LGBT e indígena. Bolsonaro, capacho do imperialismo ianque, vem para consolidar e ampliar os ataques iniciados no último governo Dilma e continuados por Temer, como os cortes em saúde e educação, a reforma trabalhista, terceirização irrestrita e teto de gastos. Também acompanhamos, esse ano, o avanço dos ataques obscurantistas e reacionários à educação pública, principalmente às humanidades. A cruzada ideológica de Bolsonaro e Weintraub - cientes de que a juventude e os trabalhadores da educação vêm sendo linha de frente na luta contra esse projeto - busca reprimir e sufocar o pensamento crítico e a livre produção de conhecimento no país, com vistas a um Brasil de trabalhadores submissos, em empregos precários sem segurança alguma, sem aposentadoria e onde grandes empresas terão carta branca para explorar até a última gota de sangue e suor, assim como até o último centímetro de nossa terra. Querem colocar todo o sistema de ensino do país nas mãos dos empresários e do mercado financeiro, para que estes decidam o que deve ou não ser estudado e pesquisado, ao mesmo tempo lucrando milhões com isso. Esse ataque, sintetizado no Future-se e nos contingenciamentos e privatizações, também é um duro golpe racista aplicado nas universidades, ameaçando as cotas, bolsas de permanência e assistência estudantil. 

Essa situação é especialmente relevante para o nosso curso, que inclusive teve redução de 10 vagas no vestibular que se aproxima e é uma das disciplina mais perseguidas pelos planos da direita desde sua retirada dos currículos de EM, na reforma curricular de Temer. A extrema-direita busca combater o pensamento crítico característico das humanidades sob o pretexto do combate ao “marxismo cultural” e propõe medidas como o absurdo “Escola Sem Partido”, aumentando a perseguição política tanto nas universidades quanto nas escolas. Bolsistas de pesquisa, principalmente da graduação, já tiveram suas pesquisas suspensas pelo corte de 4,5 mil bolsas do CNPq em agosto – o que pode chegar até 84 mil a partir de setembro e coloca a agência a beira da extinção. Também a Capes, cuja direção procura agradar Bolsonaro, e que já havia reduzido 11 mil bolsas de pesquisa (principalmente em humanas), agora cancela outras 5.600 bolsas de pós-graduação e anuncia que não aprovará mais nenhuma. Weintraub também propõe a fusão de ambas essas agências, facilitando ainda mais os cortes em pesquisas, que atingirão principalmente as humanidades. Essas políticas de “corte de gastos” vêm sendo justificadas pelas leis de responsabilidade fiscal e do teto de gastos, medidas que buscam diminuir verbas de pastas essenciais como educação, saúde e pesquisa em prol do pagamento da fraudulenta dívida pública nacional, um grande esquema de saque dos recursos públicos que enriquece grandes banqueiros e investidores do mercado financeiro com o dinheiro do povo trabalhador, um trilionário “bolsa banqueiro”. 

A juventude, que mostrou seu potencial explosivo nos últimos meses, pena com altíssimas taxas de desemprego ou em trabalhos extremamente precários como Ifood e telemarketing. Essa juventude, porém, já demonstrou uma enorme disposição de luta, enchendo as ruas com 1,5 milhões nos explosivos dias 15 e 30 de maio. A força desses milhões de jovens que saíram as ruas esse ano, principalmente a partir de maio, não se uniu efetivamente com os contingentes da classe trabalhadora em uma luta contra a reforma da previdência e pela educação, no dia 14 de junho. Isso se deu em razão da traição das centrais sindicais, que convocaram a data como uma greve geral, mas não mobilizaram de fato as categorias que dirigem e inclusive desmontaram a greve de última hora, enquanto negociavam com o governo a manutenção do imposto sindical (Força Sindical e UGT). Uma cínica omissão atingia as maiores centrais sindicais do país, CUT e CTB, dirigidas por PT e PCdoB, respectivamente, enquanto os governadores nordestinos dessas mesmas organizações apoiavam a iminente reforma da previdência (com algumas alterações) e a UNE (cuja direção também é composta por essas organizações) se mostrava como o “braço estudantil” dessa mesma política de fracionamento das nossas forças contra o conjunto dos ataques do governo. Essas entidades não construíram desde a base dos setores que dirigem, convocando dias de luta dispersos que apenas serviram para “despressurizar” parte do ímpeto do movimento de massas dos últimos meses. Mas a batalha ainda não acabou e é preciso que tiremos urgentemente as lições dessas experiências.

Diferente das políticas da burocracia do movimento estudantil, é preciso mobilizar o conjunto das bases estudantis através da convocação de assembleias de base massivas e de entidades que impulsionem medidas efetivas nesse sentido. Precisamos construir entidades estudantis voltadas para as principais batalhas políticas do momento, que promovam debates nos cursos e institutos, que busquem articular também com o conjunto da comunidade universitária - pós-graduação, servidores, técnicos, terceirizados e professores – e que, principalmente, busquem aliança com o conjunto da classe trabalhadora, tomando para si suas principais demandas de luta. Sabemos que o CAdAFi não conseguirá avançar sozinho nessa luta: é necessário unir todos os estudantes contra Bolsonaro. Nesse sentido, o DCE pode cumprir uma importante tarefa mobilizando as bases estudantis, convocando assembleias gerais para que o conjunto dos estudantes possa opinar e decidir os rumos do movimento. Aqui na UFRGS e em outras federais como UFRJ e UFMG o DCE é dirigido por UP/Correnteza, PSOL e PCB, que se colocam como oposição à direção majoritária da UNE, controlada pelo PCdoB e PT. É preciso que essas correntes rompam com a tradição de imobilismo e construção por fora da base, herdada da antiga gestão, o que não vem ocorrendo.

Na UFRGS e em outras federais as reitorias e conselhos universitários se posicionaram contra o Future-se e agora Bolsonaro cogita impor este ataque pela via de MP. Ainda é necessário fortalecer a mobilização nas universidades, e por isso a reitoria, para ser coerente com seu posicionamento, deve colocar a universidade a serviço disso aderindo e convocando paralisações e manifestações deliberadas nos espaços do movimento estudantil e da academia, liberando aulas e pontos para assembleias, reuniões e outras iniciativas que visem a politização e mobilização da comunidade acadêmica contra os ataques. Para isso não deve haver nenhum tipo de perseguição ou prejuízo à estudantes, professores e trabalhadores que se busquem esse objetivo. As reitorias e chefias de unidades são quem aplica na universidade os cortes feitos pelo governo federal no orçamento, escolhendo aplicar nos setores que já são os mais precarizados, reduzindo vagas, indeferindo cotistas, terceirizando e jubilando sob diferentes desculpas. É preciso lutar também contra o atual modelo de universidade elitista, pelo fim do vestibular – um instrumento de exclusão social – pelo fim das pesquisas financiadas por empresas que lucram com o conhecimento que deveria ser público, contra o atual regime universitário antidemocrático, por uma estatuinte livre e soberana e um regime tripartite de maioria estudantil, que respeite o peso real de cada setor dentro da universidade. Lutamos pela matrícula imediata de todos os estudantes indeferidos, pela defesa das cotas e pela defesa da efetivação imediata das terceirizadas, de concurso público.

 É com base nessas bandeiras que nós, da juventude Faísca – anticapitalista e revolucionária – chamamos à construção de uma nova concepção de DA, uma ferramenta de luta nas mãos dos estudantes para as batalhas em curso e as novas que virão.

Foto: Marco Favero / Agencia RBS

 
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