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JUVENTUDE TRABALHADORA
Crise capitalista: cerca de 89% dos jovens em novos empregos estão entregues à informalidade
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História

As afirmações empolgadas de políticos e diversos analistas capitalistas, defensores das reformas neoliberais, em especial a reforma trabalhista, de que estes ataques às condições de vida e trabalho dariam fôlego e recuperariam a economia, mostram-se como verdadeiras mentiras. Bolsonaro, em sua defesa dos empresários durante a campanha já disse: ou direitos ou empregos.

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De acordo com levantamento feito pela consultaria IDados, cerca de 89% dos jovens que conseguiram uma forma de trabalho remunerado nos últimos 12 meses estão na informalidade. Dizendo de outra forma, cerca de 9 em cada 10 jovens conseguiram trabalho sem nenhuma garantia de nenhum direito, além de salários abaixo da média.

O cenário que se concretiza é que, em especial a juventude trabalhadora, deve enfrentar tanto a falta de empregos além da falta de direitos da informalidade. A taxa de desemprego entre jovens é a maior de todas, cerca de 34% não encontram trabalho, sendo que um em cada quatro (25%) não trabalha e nem estuda.

Parece que da tal recuperação econômica, questionada por muitos analistas pela ameaça de uma possível nova recessão mundial, não chegam nem as migalhas. Este dado chocante concretiza o que o Esquerda Diário já veio denunciando desde o golpe institucional que levou Temer ao poder: o objetivo dos capitalistas é fazer com que os trabalhadores, negros, mulheres e todos os grupos oprimidos, paguem pela crise que eles próprios criaram. Prova disso são os lucros astronômicos dos bancos que não param de bater recordes; é a dívida pública sendo protegida pelo Estado para benefício do lucro dos especuladores; são as diversas empresas públicas, aeroportos, portos, e o que for possível, vendidos para empresas de países imperialistas.

A maioria esmagadora dos jovens que acharam empregos no último ano, 85 mil estão jogados à má sorte da exploração e precariedade, que com o avanço de ataques aos direitos trabalhistas ou da MP da “liberdade econômica”, faz o lucro dos patrões aumentar ainda mais. Outros 119,2 mil estão por conta própria, sem CNPJ.

É certo que no universo dos que estão trabalhando por si mesmos, uma parcela considerável está entregue às longas jornadas de trabalho de mais de 12 horas e salários baixíssimos dos aplicativos de entrega, gigantes empresas que veem no desespero do desemprego uma oportunidade de lucrar utilizando-se de todo um discurso que nega as relações de exploração, como se tratasse de uma “colaboração” em pé de igualdade entre os entregadores e os donos dos aplicativos.

A morte de Thiago, de 33 anos, devido a um AVC que sofreu enquanto se dedicava 12 horas por dia para fazer entregas em nome da empresa de serviços Rappi, a qual negou assistência para o entregador mesmo sabendo de sua situação crítica pela própria cliente e outros entregadores, escancara que não há nenhuma relação de colaboração, que o que Thiago sofreu foi da brutal informalidade e ausência de direitos, que 90% de jovens entregues ao mercado terão de enfrentar.

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Milhões de trabalhadores estão enfrentando jornadas de 12 horas ou mais, cortes de direitos e a degradação das condições de trabalho, ao mesmo tempo que são constantemente ameaçados pelos seus patrões, oportunistas das altas taxas de desemprego que não melhoram; E para eles, assim está bem, até porque “se você não quer, têm quem queira”.

Toda a organização social no capitalismo é voltada para a acumulação de dinheiro, pelo crescimento do lucro. É a burguesia e seus lacaios, como Bolsonaro, Maia e Toffoli defendendo os seus interesses e privilégios às custas da vida de milhões. A única forma de acabar com a descarga da crise em nossas costas é defender que a crise seja paga pelos próprios capitalistas, afinal, quem criou esse caos econômico foram eles e não os jovens trabalhadores.

Por isso, defendemos um programa anticapitalista para a crise. Pelo não pagamento da fraudulenta, ilegítima e ilegal dívida pública; para combater o desemprego e a ultra exploração, que a jornada de trabalho seja dividida entre empregados e desempregados para 6 horas sem diminuição dos salários; que os entregadores de aplicativos e todos jogados na informalidade tenham seus direitos reconhecidos e garantidos; pela implementação de um salário mínimo real que sustente com dignidade a vida de um trabalhador; pela equidade salarial entre brancos e negros, homens e mulheres.

 
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