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ELEIÇÕES ARGENTINA
A Frente de Esquerda Unidade conquistou mais de 700 mil votos e lutará por novos cargos em outubro
Redação

No marco em que milhares optaram pela Frente de Todos (Frente eleitoral de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner) como “voto de protesto” ao macrismo, para terminar com um governo que trouxe quase quatro anos de ajustes e entrega, a Frente de Esquerda - Unidade (FIT-U, frente que reúne 90% da esquerda argentina encabeçada pelo PTS, partido irmão do MRT na Argentina) conquistou mais de 700 mil votos para presidente e ficou na corrida para lutar por novos cargos em outubro na CABA e na Província de Buenos Aires. Falaremos da campanha da esquerda e a preparação para o que está por vir.

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Com um resultado que não havia sido antecipado por nenhuma pesquisa, o macrismo sofreu um verdadeiro colapso tanto em nível nacional quanto na província de Buenos Aires, praticamente terminando com a chance de governo deste presidente.

A vitória contundente da Frente de Todos, que parece irreversível se pensarmos em outubro, é expressão distorcida do desejo de milhares de terminar com quase quatro anos de ajustes e entrega, agente direto do capital financeiro internacional que a mais de um ano entregou o controle econômico nacional ao FMI, endividando o país e hipotecando o futuro do povo.

Depois de anos sofrendo com tarifaços, demissões, ataques ao salário, à aposentadoria, à educação e à saúde, com a complacência das burocracias sindicais que deixaram passar todos os ataques sem dar a batalha, milhares de pessoas consideraram que a única via possível de tirar o macrismo do poder era votar na Frente de Todos. Uma enorme onda de "votos de protesto" se fez neste domingo.

Mais de 700 mil votos para preparar uma força para o que está por vir

Neste marco, a esquerda defendeu seu espaço político (fazendo uma eleição levemente mais baixa que as PASO de 2015, mas em um contexto muito mais difícil pela enorme pressão do voto de protesto e, com mais de 700 mil votos conquistou o quarto lugar da eleição presidencial, acima de Juan Gómez Centurión e de José Luis Espert.

Além de terminar consolidada como uma voz minoritária, mas com muita presença na política nacional, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade terminou posicionada para batalhar novos cargos nacionais e provinciais nas eleições de outubro.

Este resultado é de enorme valor por ser a única coalizão política que não fez demagogia, mas se propôs a dizer a verdade aos trabalhadores, às mulheres e à juventude, apostando em dar força à preparação para o que está por vir já que, ao contrário do que dizem outras forças, o pior da crise não passou, mas ainda está por vir.

Como disse Nicolás del Caño durante a campanha, o voto na FIT Unidade é uma mensagem aos empresários e seus partidos, para se preparar para um futuro próximo que, se for com o FMI, será de maiores ataques as condições de vida das massas, para que paguem uma dívida ilegal, ilegítima e fraudulenta com seu sangue, suor e lágrimas ao capital financeiro internacional, que para o próximo mandato já vai implicar em 160 milhões de dólares.

A campanha da FIT Unidade despertou muita simpatia, especialmente entre a juventude trabalhadora e estudantil, assim como entre os trabalhadores combativos e ativistas do poderoso movimento de mulheres.

Nos seus materiais da campanha, a esquerda, que neste ano também avançou na ampliação da sua unidade, levantou um plano de rechaço ao FMI e um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, e destacou milhões de ideias, como a rejeição dos tarifaços e a estatização sob gestão operária e com controle dos usuários dos serviços públicos; a nacionalização dos bancos; o rechaço a precarização do trabalho; a expulsão da burocracia sindical dos sindicatos; os direitos das mulheres como o aborto legal, seguro e gratuito, entre outros pontos de um amplo programa.

Ao contrário, a Frente de Todos escondeu durante a campanha (o que seguirá fazendo até outubro), as consequências do seu programa de governo.

Como denunciamos persistentemente desde o Izquierda Diario, todas as opções que tomaram durante o ano foram preparando o giro futuro frente a crise. O apoio aos governadores peronistas como Schiaretti e Perotti; a eleição de Alberto Fernández como candidato a presidente; a aliança com Sergio Massa; a incorporação dos burocratas da CGT e da CTA* na frente, foram dando a tônica do espaço que se construiu. Com todos estes aliados, não cabe esperar que se coloquem contra o FMI como prometeram, e sim que surjam novos ataques e ajustes de qualquer “renegociação” com o Fundo.

Com a reputação de ter dito a verdade desde agora, nos próximos meses a esquerda buscará seguir desenvolvendo sua força e preparando-se para se conectar com a experiência futura que é feita com o peronismo no poder, o que muito cedo ou mais tarde desapontará as expectativas dos milhões que votaram neles hoje.

Enquanto isso, até a posse do próximo governo, abre-se uma longa transição de quatro meses em meio à crise e a incerteza, sem descartar que novos saltos na inflação ou demissões deem lugar a episódios de resistência e luta de classes.

Para outubro: a FIT Unidade lutará por novos cargos a serviço das batalhas do povo

Enquanto intervém no desenvolvimento da crise, a esquerda irá, na próxima etapa da campanha eleitoral, continuar a lutar arduamente pela candidatura de Nicolás del Caño e de todos os seus candidatos em todo o país, como forma de dar força à construção de uma alternativa política dos trabalhadores.

Ao mesmo tempo, se abrirá a batalha para conquistar novos cargos legislativos para colocá-los a serviço das lutas dos trabalhadores, mulheres e jovens.

Na Cidade de Buenos Aires, com 95% dos votos apurados, a lista de deputados encabeçada por Myriam Bregman obteve 87.885 votos, que representam uma porcentagem de 4,71%. Estes lutarão em outubro para entrar no Congresso Nacional, enquanto a frente buscará entrar novamente na legislatura de Buenos Aires, na equipe que leva Alejandrina Barry afrente.

Na província de Buenos Aires, a lista de deputados nacionais encabeçada por Néstor Pitrola obteve, com 85% dos votos apurados, 300 mil votos (3,65%) e também lutará para entrar no Congresso Nacional em outubro.

Em outras províncias, embora a possibilidade de conquistar cargos em outubro esteja mais distante, a FIT-U também teve bons resultados.

Em Neuquén, por exemplo, onde a lista de deputados encabeçados por Raúl Godoy, com 85% dos votos contados, obteve 17.572 votos (5,25%)

O caso de Mendoza, onde a lista que levou Lautaro Jiménes ao primeiro lugar, com 96% dos votos apurados, a esquerda conquistou 46.333 votos (4,41%) a deputado nacional.

Também em Jujuy, com 80% dos votos apurados, a lista encabeçada por Alejandro Vilca conquistou 15.579 votos (4,82 %).

*Principais centrais sindicais da Argentina

 
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