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VAZA JATO
Deltan e Gebram, desembargador do TRF4, combinavam passos meses antes da realizarem a prisão arbitrária de Lula
Redação

Novos vazamentos de The Intercept e Veja mostram trocas de mensagem entre Dallagnol e Gebram, desembargador do TRF4, que condenaria o ex-presidente Lula. A máscara de "combate à corrupção" da Lava Jato cada dia mais questionada.

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Em parceria com o The Intercept, a Veja divulgou hoje novos vazamentos de mensagens trocadas entre Deltan Dallagnol, então procurador da Lava-Jato, e Gebran Neto, desembargador do TRF4, que bateu o martelo e condenou à 12 anos de prisão o ex-presidente Lula. Esta nova troca indica que cinco meses antes do julgamento que prenderia Lula, Dallagnol troca mensagens com outros juízes do MPF sobre a força das provas oriundas da delação premiada de Assad, o operador de propinas da Petrobras.

“Tenho dúvidas [da delação]. Tem que ver o que ele fala… pelo o que você disse, ele não falava nada. O Gebran tá fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad”, escreveu o ex-chefe da Força Tarefa da Lava Jato no Telegram, que debatiam se iriam fechar o acordo da delação premiada de Assad, ao mesmo tempo que discutiam com Gebran que preparava o circo para a votação de um dos processos de Assad.

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A Lava-Jato foi o pilar do golpe de 2016, junto ao Congresso, e seu caráter político e imparcial para atuar no cenário político brasileiro, questões exaustivamente denunciadas pelo Esquerda Diário, colocam-se ainda mais evidentes com os vazamentos das mensagens. Moro, que chegou até a correr aos EUA para pedir abrigo e ajuda daqueles que o moldaram, segue negando as trocas de mensagens e a parcialidade do Judiciário golpista. O golpe institucional, levado a cabo com o objetivo de aprofundar e acelerar os ataques aos trabalhadores, juventude e povo pobre, teve como principal ator o Judiciário.

A comunicação entre procuradores e juízes, do Tribunal que futuramente julgaria Lula, expõe o caráter arbitrário de sua prisão, por fora de provas e revertendo leis fundamentais do direito para garantir que o petista estivesse fora das eleições. Em outra conversa, Carlos Augusto da Silva Cazarré, do TRF4, é orientado por Dallagnol a sondar se Assad seria absolvido, após informar o grupo que o julgamento do operador de propinas estava prestes a ocorrer. As delações premiadas, recurso frequentemente utilizado pela Lava-Jato, vinham acompanhadas de diversas outras medidas como os vazamentos de áudios em momentos estratégicos para fazer avançar, sob a falsa máscara de combate a corrupção, o projeto do golpe no país. Ainda sem prestar nenhum apoio à política conciliadora do PT, que legitimou a Lava-Jato e o judiciário e que abriu espaço para que o avanço da extrema-direita, a partir de acordos com as bancadas da bíblia, do boi e da bala, que hoje avança a passos largos para retirar cada direito, aumentando a precariedade das condições de vida.

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Por outro lado, não podemos deixar de questionar o por quê, tanto o The Intercept, quanto a Veja, que se incorporou às publicações, divulgam as informações em doses homeopáticas e não tornam público todo o acervo para que podem influenciar os rumos do país. Tanto o The Intercept, quanto a Veja, não são críticas à Lava-Jato enquanto o papel manipulador que cumpriu por 3 anos, ao contrário: Veja foi uma das maiores entusiastas da Lava Jato e do impeachment de Dilma; The Intercept já defendeu em entrevistas públicas mais de uma vez que admira os intentos que Lava Jato e os procuradores têm de "transformar o Brasil" e, mesmo que vendo alguns problemas nas atuações dos juízes, ainda legitimam essa nefasta operação que muito longe de tentar combater a corrupção (que é intrínseca ao capitalismo) serviu para transformar o regime e a correlação de força entre as classes no Brasil.

Desde o desgaste da Petrobras, rebaixando seu impacto no mercado para torná-la ainda mais atrativa ao capital estrangeiro, encarecendo preços dos combustíveis e privatizando imensas regiões do Pré-Sal, quanto a prisão arbitrária de Lula e a manipulação das eleições que, ainda que não tivessem como objetivo primordial eleger Bolsonaro, a derrota de Alckmin, o candidato modelo, não vingou. O filho indesejado da Lava Jato, Jair Bolsonaro, avança hoje para levar até o fim o projeto do golpe: impor ajustes e reformas para que trabalhemos até morrer, em condições precárias, para garantir a ânsia de lucro dos capitalistas.

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O caminho para enfrentar o projeto do golpe e expor até o fim as barbáries deste judiciário golpista encontra-se na força da juventude e da classe trabalhadora organizada, e os vazamentos devem estar à serviço de fortalecer a luta contra a reforma da previdência, contra os ataques à educação e o pacote completo de ajustes que Bolsonaro quer impor, ou seja, contra o projeto do golpismo institucional no Brasil. Por fora desses objetivos e dessa perspectiva, tudo é balela para enganar os trabalhadores. Não serão os vazamentos seletivos e a “conta-gotas” ou as medidas que se limitam ao nefasto jogo institucional (como permitir que seja o mesmo Judiciário que julgue a veracidade das mensagens, ou a Polícia Federal) que irão derrubar o governo Bolsonaro e seus ataques.

 
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