Enquanto gera ilusão em setores progressistas com "vazamentos a conta-gotas" que só confirmam parte das denúncias que o Esquerda Diário e outros analistas já faziam há tempos, o The Intercept não deixa de prestar elogios à Lava Jato, como se a Vaza Jato viesse pra "salvá-la dos seus excessos", e não faz nenhuma denúncia global dessa operação imperialista que nunca teve a ver com luta contra a corrupção. Ao mesmo tempo, a nossa classe está refém da paralisia imposta pelas centrais sindicais e vê os ataques à sua condição de vida irem passando, com apoio de aliados do The Intercept, que presta o favor de fortalecer em setores progressistas essa imprensa golpista que segue querendo massacrar as condições de vida dos trabalhadores. Nós do Esquerda Diário seguiremos alertando contra esse distracionismo.
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O vazamento das mensagens realizado pelo The Intercept deixou muita gente com a ilusão de que esse jornal pudesse ser um aliado na luta contra Moro, a Lava Jato, o governo Bolsonaro e contra todo o projeto do golpe institucional que inclui as reformas, privatizações e ataques de todo o tipo. Mas, tal como alertamos no Esquerda Diário, o Intercept está muito longe disso.
Financiado pelo bilionário do eBay, Pierre Omidyar, o portal The Intercept tem envolvimento direto com os interesses dos EUA na economia e na política brasileira, tal qual a Lava Jato.
Escolhendo aquilo que pode ser visto e aquilo que não lhes é interessante mostrar, não mostram mais do que muitos já sabiam: que a operação orquestrada por juízes, promotores e ministros do STF tinha intenções políticas desde seu início, mas oculta da população que essas intenções consistiam em retirar o PT do governo, pois já não conseguia aplicar os ataques na velocidade exigida pelo mercado internacional, e aprofundar a submissão da economia aos interesses do imperialismo, em especial dos EUA.
Folha de São Paulo e Veja, veículos aliados do The Intercept na divulgação das mensagens de Moro e da Lava Jato vazadas, são também fervorosos defensores da reforma da Previdência. Para estes, não se trata de derrotar o projeto do golpe.
Para a Folha de São Paulo, em editorial intitulado “Nova Previdência”, do dia 16/06: “Mais importante, neste momento, é que se faça um esforço para que a reforma tenha efeito orçamentário relevante e corrija iniquidades.”
Já para a Veja, em matéria intitulada “Fora da reforma da Previdência, estados e municípios podem falir”, do dia 28/06 (veiculada também na edição impressa): “Se aprovada em sua forma original, a PEC proposta pelo governo causaria impactos positivos em todo o país [...] Desafogar a Previdência significa abrir espaço para flexibilizar o orçamento e investir nas áreas mais importantes para a população, que são a educação, a saúde, a infraestrutura e a segurança pública.”
Não é um episódio oculto que, em evento em Vancouver, Glenn Greenwald – o jornalista dos EUA que comanda o site no Brasil – discursou em apoio aberto à operação comandada pelo ex-ministro Sérgio Moro: “o que podemos dizer sobre a força tarefa brasileira, a Lava Jato, é que eles definitivamente não foram perfeitos, mas que foram guiados por princípios e muito persistentes. E eles são realmente dedicados a essa ideia, de que eles querem mudar a sociedade de um modelo sistematicamente corrompido para um em que a lei prevalece, não importa se você é um garoto negro e pobre da favela ou um oligarca absurdamente rico (…) eu acho que eles encarnam muito bem essa virtude (…) ser dedicado a mudar o mundo”.
Ou seja, para além do The Intercept passar longe de questionar de conjunto a operação – que foi pilar do golpe institucional e que acarretou na manipulação das eleições do ano passado com a prisão arbitrária de Lula –, ainda mantém a tática de vazar as mensagens a “conta-gotas”, para desgastar principalmente a figura de Moro (mas que, como mostram as últimas mensagens vazadas, busca blindar os procuradores). Tendo Greenwald já reconhecido a existência de muito mais mensagens, vídeos e áudios, enfim, de um extenso material que coloca em cheque todo o acordo entre os procuradores, o ex-juiz, "com Supremo e com tudo", por que não liberam o conjunto das informações para que toda a população possa ter acesso?
Por que The Intercept não divulga tudo o que tem?
Em suma, estes veículos da grande mídia repetem em cada matéria, em cada página, as mesmas mentiras da propaganda do governo Bolsonaro, dos políticos e dos juízes que servem aos grandes empresários e ao agronegócio: a reforma da Previdência é necessária, pois quem quebra o país são os direitos dos trabalhadores e da população pobre. Nada de falar das empresas que devem R$450 bilhões à Previdência Social, das isenções fiscais de R$350 bilhões ao ano ou do roubo cotidiano por via de uma dívida pública ilegal, ilegítima e fraudulenta.
Nós, do Esquerda Diário e do MRT, apontamos qual o papel da Lava Jato: veio para implementar o golpe institucional, com o objetivo claro de alterar o regime brasileiro e a correlação de forças entre as classes, para assim destruir os direitos dos trabalhadores e da população, privatizar as riquezas nacionais, entregar as empresas públicas e aumentar os lucros das grandes empresas e bancos, especialmente estrangeiros. Se tratou, desde o início, de um enorme processo de manipulação e de autoridade judicial.
É por isso que é preciso ainda hoje exigir a liberdade imediata de Lula, sem que isso signifique apoio político ao PT, e encontrar aliados reais aos interesses dos trabalhadores, ao contrário do portal The Intercept. Precisamos de aliados que se coloquem o objetivo de desmascarar de uma só vez os objetivos golpistas de Dallagnol e de Moro, da mesma forma de apontar os interesses da casta política, do Judiciário e do mercado financeiro, gritando em alto e bom som que a reforma da Previdência é um violento golpe contra os trabalhadores e a juventude.
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