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12J PELA EDUCAÇÃO E PELA PREVIDÊNCIA
Porque a CUT e a UNE não organizam milhares de ônibus até Brasília para o 12J?
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

As centrais sindicais definiram dia 12 de julho como um novo Dia Nacional de Luta contra a reforma da Previdência, aderindo ao ato chamado da UNE, que ocorrerá durante o CONUNE, em Brasília. Que relação isso tem com o fato de os governadores do PT e PCdoB estarem apoiando e negociando a reforma da Previdência? E porque não organizam milhares de ônibus para levar trabalhadores e estudantes até Brasília?

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Foto: Reprodução

Do dia 10 ao dia 14 de julho ocorrerá o Congresso Nacional da UNE (CONUNE), que teve sua data alterada – o que, na prática, já impossibilitará que muitos vão – sendo a primeira vez em que os estudantes de todo país podem se unificar para debater a tarefa da juventude diante do governo Bolsonaro. Em meio ao Congresso, a UNE convocou um “ato em defesa da educação” no dia 12 de julho, utilizando a reforma da Previdência como um “adendo” nesta mobilização. Enquanto isso, Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados, quer garantir a votação do projeto antes do recesso parlamentar, que tem início dia 18 de julho.

Veja também: Por que o DCE e os CAs da USP não informam aos estudantes como ir ao CONUNE?

A disposição de luta de trabalhadores e da juventude se mostrou capaz de enfrentar contundentemente os ataques de Bolsonaro. Os estudantes se mostraram como parte fundamental desta vanguarda contra os ajustes deste governo reacionário: dia 15 de maio, após centenas de assembleias massivas nas universidades, as ruas foram invadidas por centenas de milhares de estudantes contra Bolsonaro, ao lado de professores que também foram às ruas contra a reforma da previdência. No dia 30 de maio, ainda que mais esvaziado devido à política divisionista consciente da UNE e da CUT, bem como a adesão simbólica das centrais, também mostrou, a despeito da estratégia da burocracia, que a força da juventude é linha de frente contra o governo Bolsonaro.

Assim, com a adesão das centrais sindicais ao dia 12 de julho, tentando atribuir um caráter de Dia Nacional de Luta é preciso retomar tais experiências, em especial o dia 14J para que se possa construir de fato um dia nacional de luta. Logo, aproveitando a vanguarda estudantil que estará em Brasília no CONUNE, porque não organizam ônibus para que todos os trabalhadores, de todo país e das mais diversas categorias, possam ir?

Leia também: Lições do dia 14 de Junho na USP: qual é a estratégia para os trabalhadores vencerem a reforma da previdência e Bolsonaro?

A traição das centrais que se mostrou na prática com a saída de muitas categorias fundamentais da Greve Geral do dia 14 de junho – como por exemplo rodoviários em São Paulo – e a política escancarada de “greve de pijama” da CUT, que orientou os trabalhadores a não unificarem em um grande ato, e sim ficarem em suas casas, implicou que o 14J mostrasse claramente que há disposição de luta, tanto de trabalhadores, quanto da juventude, que foi desperdiçada pela política traidora das burocracias sindicais e estudantis.

Saiba mais: Por que o DCE da Unicamp não divulga lista de ônibus para os estudantes irem ao CONUNE?

Mesmo no dia 14J alguns elementos apontavam para uma política traidora das centrais sindicais: o Apeoesp, por exemplo, dirigida pela CUT (PT), não realizou assembleias em toda a categoria, para que fosse possível organizar mais amplamente a greve geral para impactar o governo Bolsonaro e seu projeto de reforma da Previdência, que continua tramitando a todo vapor, inclusive com apoio de governadores do PT. Outro elemento crucial foi a separação consciente entre a luta contra a reforma da Previdência e a luta contra os ataques à educação.

A separação dos ataques mostrou que a força para se colocar contra as políticas neoliberais de Bolsonaro enfraquece a potência explosiva da juventude aliada aos trabalhadores. Os ataques à educação, ainda que tenham refluído, são parte de um conjunto de ajustes de Bolsonaro para fazer com que os trabalhadores paguem pela crise capitalista.

Além disso, estes sindicatos que são dirigidos pelas burocracias sindicais, como a CUT, dirigida pelo PT, e a CTB, dirigida pelo PCdoB, ao invés de organizarem os trabalhadores para se colocarem com toda a força nas ruas contra o ataque ao direito de se aposentar, seguem negociando com o principal articulador da reforma da previdência na Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ajudando também a articular a reforma para municípios e Estados ao lado de seus representantes políticos, como fazem governadores do PT no nordeste, que já ofereceram apoio à reforma para Davi Alcolumbre, presidente do Senado, em troca de verba da privatização do Pré-Sal.

A reforma da Previdência atingirá em cheio a classe trabalhadora, principalmente setores da juventude, que trabalharão sob regimes precários e que não terão a mínima perspectiva de se aposentar dignamente. A situação do desemprego na juventude é crítica. Entre 18 e 24 anos, a taxa de desocupação alcança quase 30%. Além disso, há o crescimento da "pejotização" do trabalho, de regimes contratuais intermitentes e a piora nas condições de trabalho, como se pode ver através do crescimento dos apps de entrega de comida, como Rappi e Ifood. Para além das terríveis condições de trabalho que estão colocadas para a juventude, remunerações miseráveis também expõem uma outra face desta situação: com um salário que não chega muitas vezes até o meio do mês, a juventude é jogada para o endividamento acentuado e a dependência dos bancos, grandes favorecidos pelo bolsonarismo. Para os trabalhadores e para as famílias brasileiras a situação de endividamento alcança níveis alarmantes: 61,5% das famílias possuem dívidas, com atraso ou não; 23,1% está devendo aos bancos, caindo na inadimplência; e 9,2% afirma não ter como pagar suas dívidas. Estudar nessas condições torna-se ainda mais uma utopia para a juventude.

Todos estes ataques fazem parte de um conjunto de ajustes e reformas neoliberais em nome do lucro dos patrões: a educação tecnicista, atacando a liberdade de pensamento nas universidades e escolas, acabando com os direitos trabalhistas e previdenciários, colocando fim à perspectiva de futuro da juventude. Retomando o espírito da juventude que ao longo do século XX no Brasil, em especial durante a Ditadura Militar na década de 70 e contra os ajustes neoliberais da década de 90, se colocou como linha de frente dessas lutas. Então, para que o dia 12J possa colocar a esta força nas ruas de Brasília em defesa da educação e da previdência, o que de fato é necessário?

Para barrar os ataques de Bolsonaro: organizar pela base desde já o Dia 12 de Julho em Brasília!

A construção de mobilizações que possam impactar o governo Bolsonaro, mostrando a força imparável da juventude e dos trabalhadores está diretamente ligada à necessidade de que sejam realizadas assembleias em cada local de trabalho e estudo. Para construir um forte 12 de julho é inquestionável a necessidade da organização dos trabalhadores e estudantes pela base, com uma atuação conjunta que não separe a luta contra a reforma da Previdência da defesa da educação, apoiados em um plano de lutas capaz de responder à altura os ataques deste governo reacionário.

Veja: CONUNE: Que as reitorias garantam a ida dos estudantes para que se organizem em defesa da educação e da previdência

É urgente que as centrais parem de negociar os direitos dos trabalhadores com os grandes articuladores da reforma da Previdência no parlamento, bem como a UNE, dirigida há décadas pelo PT e pelo PCdoB, pare de disciplinar a força dos estudantes com políticas divisionistas e burocráticas para impedir que os estudantes se mobilizem contra o governo Bolsonaro e seus ajustes e construam uma forte aliança com os trabalhadores.

Assim, para que seja possível que dia 12J seja um dia de luta nacional e para unificar estudantes e trabalhadores lado a lado na Esplanada e mostrarem a força que existe para barrar os ataques de Bolsonaro, é necessário que as centrais sindicais e a UNE garantam milhares de ônibus para que todo trabalhador e estudante possa combater os ajustes e reformas que nada mais querem que aprofundar a exploração e miséria em nome do lucro dos capitalistas – inclusive, para que todos os trabalhadores pudessem participar teria sido necessário construir desde a base uma paralisação nacional. Desta forma, precisamos unificar os trabalhadores e estudantes em defesa do direito à educação, à aposentadoria e contra o conjunto de ataques neoliberais do Bolsonaro e seus aliados, que querem descarregar a crise em nossas costas.

 
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