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GOVERNO BOLSONARO
Cai aprovação do Mercado Financeiro à Bolsonaro
Redação

Dados divulgados hoje pelo instituto XP, mostram que apenas 14% dos investidores avaliam o governo positivamente, frente a 28% no mês passado.

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Como nós do Esquerda Diário viemos remarcando em diversos antigos, o governo Bolsonaro é um governo marcado por várias instabilidades e conflitos internos cujo o destino de sua relação com vários setores burgueses estaria em grande parte ligada a aprovação da Reforma da Previdência.

A recente pesquisa, do instituto XP, com investidores do mercado financeiro, vem à encontro dessas análises anteriores. Segundo os dados da pesquisa:

Despencou a aprovação do governo de Jair Bolsonaro entre importantes agentes financeiros que atuam no mercado brasileiro. Em abril, 28% consideravam o desempenho do presidente “ótimo” ou “bom”. Agora, a taxa caiu para 14%.
Ao mesmo tempo, disparou de 24% para 43% os que rejeitam Bolsonaro.

A termos de comparação, em janeiro o número de aprovação era de 86% e desaprovação 1%, como podemos analisar no gráfico abaixo, que saiu na pesquisa.

A pesquisa também avaliou como os investidores veem outros aspectos do governo:

Expectativa de governo: caiu de 60% para 27% a expectativa positiva (ótimo+bom) para o restante do mandato do governo Bolsonaro. A expectativa negativa (ruim+péssimo) saltou de 13% para 23%, alta de 10 pontos percentuais;

Relacionamento com o Congresso: a maioria dos investidores institucionais (71%) acha que vai ficar como está. Para 16%, o relacionamento com o Congresso vai piorar. Outros 13% acham que vai melhorar;

Avaliação do Congresso: melhorou em relação a abril. O percentual de agentes do mercado que classificam como ótima ou boa a atuação do Legislativo subiu de 15% para 32%. O grupo que avalia como ruim ou péssimo caiu de 40% para 25%;

Reforma da Previdência: 80% dos agentes financeiros acham que será aprovada em 2019, mesmo percentual registrado em fevereiro. A economia esperada com a reforma é de R$ 700 bilhões em 10 anos;

Dólar e Bolsa: sem reforma da Previdência, os operadores do mercado financeiro estimam que a B3 cairia 20%, para 75.000 pontos, e o câmbio subiria 12%, para R$ 4,50. Já se uma reforma com impacto de 50% da proposta inicial for aprovada, eles estimam que a Bolsa pode subir 7% e o câmbio ficar em R$ 3,90.

"Bonapartismo imperial vs Bonapartismo institucional"

A crise política que acompanha o governo desde o começo, ganhou novos contornos com a entrada em cena do movimento de massas nas manifestações do 15M. Soma se a isso a queda da popularidade do presidente em pesquisas. Recentemente, as alas em disputas dentro do regime acabaram por se alinhar em um bonapartismo imperial vs um bonapartismo institucional, como descrevemos nesse artigo.

Ver também: Crise de Bolsonaro: “bonapartismo imperial” ou “bonapartismo institucional”?

A primeira ala é formada pelos setores mais próximos ao governo, além dos setores do judiciários mais ligados à lava jato e a figura de Moro, enquanto a segunda é formada pelo "centrão", liderado por DEM e Rodrigo Maia junto ao STF. É neste marco que foram convocadas as manifestações de ontem, que, apesar de não terem sido fiascos, não foram fortes o suficiente para o "bonapartismo imperial" de Bolsonaro conseguir se impor. Para uma análise mais detalhada disso, veja este artigo.

Ver Também: Como sai Bolsonaro das manifestações do 26M?

Neste cenário de instabilidade, muitos setores da burguesia olham com desconfiança para o governo e sua capacidade de aprovar os brutais ataques que a burguesia está sedenta para aplicar nos trabalhadores. Apesar de alguns setores darem como "certa" a aprovação da reforma da previdência, ainda há muitas dúvidas sobre a intensidade da reforma da previdência e quando esta será aprovada. Além disso, muitos economistas burgueses também estão dizendo que apenas a reforma da previdência é insuficiente para recuperar a economia, e que é necessário mais ataques. Frente a isso, a previsão de crescimento do PIB esse ano vem caindo semana após a semana e não são poucos os economistas que consideram 2019 como um ano perdido.

Uma política de independência de classe frente às fissuras da burguesia: para que os capitalistas paguem pela crise

É nesse cenário de crise em aberto que começam a soar várias propostas nos meios burgueses, desde impeachment até uma espécie de "parlamentarismo branco". É importante frisar que tanto o bonapartismo imperial como o bonapartismo institucional e suas diferentes propostas de saída para a crise, apesar de suas importantes nuâncias e diferenças, possuem um grande objetivo em comum: descarregar os custos da crise nas costas dos trabalhadores através de ataques brutais como a Reforma da Previdência.

Nesse sentido, é importante que a esquerda mantenha sua total independência frente a esses dois campos e levante um programa que sejam com que os capitalistas que paguem pela crise e não a classe trabalhadora.

Ver também: Assembleia geral da USP aprova por consenso chamado às centrais para unificar o dia 30

Nesse sentido é de suma importância que se unifique a contra os cortes na educação com a luta pela reforma da previdência. Para isso, teria sido essencial que as centrais sindicais tivessem adiantado a greve geral do dia 14/06 para a mobilização da educação marcada para o dia 30/05, batalha que nós do MRT demos pelo Esquerda Diário e nos locais de trabalho e estudo em que estamos. Infelizmente, tanto as centrais sindicais, quanto a UNE (que é dirigida por PT e PCdoB, mesmos partidos que dirigem as duas maiores centrais sindicais do país, CUT e CTB) mantiveram sua política criminosa de separar as lutas. Contou com isso com o fato do PSOL ter se recusado a usar sua projeção parlamentar e super estrutural para fazer essa exigência e com o PSTU também não ter feito o mesmo através da CSP-CONLUTAS, central sindical onde é direção majoritária. Também se faz urgente que se convoque um Comando Nacional de Delegados de Base, para decidir os rumos da luta

Ver também: "As centrais sindicais precisam antecipar a greve geral unificando no dia 30 de maio com a juventude", diz Flavia Valle

Para além disso, começam também setores do PT e até mesmo do PSOL a encampar a política do "impeachment" ou do Fora Bolsonaro. Neste sentido, acabam atuando como mera pata esquerda de setores do "bonapartismo institucional", que ficariam muito satisfeitos com Mourão conseguindo estabilidade no governo e aprovando a Reforma da Previdência e outros ataques.

No caso de um desenvolvimento das mobilizações de massas contra os ataques neoliberais, a tarefa da esquerda deverá ser elevar as aspirações das mesmas colocando a necessidade de lutar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que se contraponha a todo tipo de soluções bonapartistas, com um programa de demandas democrático-radicais, anticapitalistas e anti-imperialistas como o não pagamento da dívida pública, a expropriação dos grandes latifundiários e dos principais recursos estratégicos da economia sob controle popular e outras medidas que respondam às demandas mais sentidas das camadas exploradas e oprimidas da população. Um luta dentro da qual possam surgir as forças para batalhar por um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo, baseado em organismos de democracia direta das massas.

 
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