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26 DE MAIO
Bolsonaristas, militares e empresários irão às ruas para defender a nefasta Reforma da Previdência
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

Direitistas bolsonaristas, liberais, militares e empresários milionários sairão às ruas exigindo a aprovação da reforma da previdência, que obrigará milhões de pessoas a trabalhar até morrer. Por trás das divergências entre as instituições do regime burguês degradado, todos (inclusive o Legislativo, o Judiciário, a Lava Jato e a grande mídia) confluem em aplicar duros ajustes neoliberais contra os trabalhadores. São verdadeiros inimigos do povo

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A convocatória do reacionário ato do dia 26 mudou nos últimos dias. O esforço foi ressignificá-lo, colocando-o no interior do que é permitido pelo regime democrático burguês, ao mesmo tempo em que se preserva a defesa de Bolsonaro como pano de fundo. A mudança de alvo, do inicial “fechamento do Congresso” e impeachment de diversos membros do STF e do Congresso os reacionários passaram ao seu verdadeiro inimigo: os trabalhadores e seu direito de se aposentar.

Direitistas bolsonaristas, liberais, militares e empresários milionários sairão às ruas exigindo a aprovação da reforma da previdência, que obrigará milhões de pessoas a trabalhar até morrer. Por trás das divergências entre as instituições do regime burguês degradado, todos (inclusive o Legislativo, o Judiciário, a Lava Jato e a grande mídia) confluem em aplicar duros ajustes neoliberais contra os trabalhadores. São verdadeiros inimigos do povo.

Desde o final de semana passado as facas foram cuidadosamente afiadas. Hashtags foram erguidas com ajuda de robôs; xingamentos e memes disparados entre membros do golpismo e de toda direita, houve divisão no PSL. A mídia respondeu com agressivos editoriais exigindo que Bolsonaro respeitasse as instituições, e, sobretudo respeitasse a ordem de prioridades e parasse de atirar em direções que não fossem a reforma da previdência.

Olhando a superfície dos eventos alguns dias atrás parecia que estávamos em poucos segundos antes de uma sangrenta batalha campal. Mas esta aparência ocultava o real objetivo. Detrás do barulho as hostes bolsonaristas realizavam sua disputa de poder com outras alas dentro do governo e do regime político mas ao mesmo tempo afiavam suas facas para o verdadeiro inimigo.

Bolsonaro decidiu anteontem separar-se do evento dizendo que nem ele, nem seus ministros iriam. Enquanto isso Rodrigo Maia atuava para garantir a MP870 e diversas composições para que a reforma da previdência seguisse sua tramitação. E consequentemente todos memes e convocatórias começaram a mudar, querem colocar gente na rua para garantir pressão para trucidar o direito de nos aposentarmos.

Primeiro as lâminas foram exibidas contra juízes e políticos burgueses, mas agora elas mostram seu verdadeiro inimigo: os trabalhadores através da reforma da previdência.

O movimento de construção da manifestação do dia 26 começou com Jair Bolsonaro enviando matéria no whatsapp dizendo que o país era ingovernável. No texto ataca o “sistema”, mas como argumentamos o que realmente temem é a luta de classes. Tendo recebido um choque pela multidão de mais de um milhão de pessoas que foram as ruas em 15 de Maio, o Bolsonarismo quis mostrar iniciativa na rua, primeiro contra adversários no governo e no golpismo, e agora contra o inimigo principal: os trabalhadores.

Veja aqui: Mensagem de Bolsonaro: criação de inimigos internos e a ingovernável luta de classes

Recuo dos atritos no regime para juntos atacarem os trabalhadores

A virulência das declarações de alguns dias atrás contrasta com a aparente trégua alcançada. Houve alguns elementos de recuo de todos lados, e, agora, em uníssono todo reacionarismo poderá mostrar junto sua turba na Paulista: salvar R$1 trilhão para os donos da dívida e impor o trabalho até a morte com a reforma da Previdência.

As divisões parecem ter sumido. O movimento “Brasil200”, que reúne a nata da reação empresarial estava dividido sobre aderir ou não ao ato, mas agora ele se uniu. Os donos da Havan, Centauro, Riachuelo poderão juntos se abraçar em nome do projeto comum de acabar com o direito a se aposentar. O chamado dos oficiais da PM de São Paulo, que convoca o ato do dia 26, tem como primeira pauta a defesa da reforma da previdência. Até mesmo o PSL que parecia em luta intestina se acalma, e até a mídia não parece mais tão preocupada com a força e reacionarismo que o dia 26 possa mostrar.

A movimentação de Bolsonaro de um lado e de Rodrigo Maia de outro não resolveu os atritos. Eles persistem, como se vê na guerra no twitter entre Olavo de Carvalho e o MBL ou entre a “casta política” e a Lava Jato por retirarem das mãos de Sérgio Moro a COAF. Duas batalhas distintas estão em curso: uma para trucidar os direitos dos trabalhadores e assim aumentar os lucros, e a outra para ver que espaço de poder cada instituição, partido, fração e figura terá no novo regime em construção.

O ato do dia 26 estará marcado por estas duas batalhas. Ou seja, não devem faltar críticas ao STF, defensores de golpe militar e todas cores de reacionarismo, mas tudo isso estará subsumido na batalha principal: a defesa da reforma da previdência contra os trabalhadores.

A própria convocatória ao ato já foi alterada para dar conta desta prioridade máxima e assim fica claro como a direita está unida para tentar nas ruas intimidar os trabalhadores a tragarem a intragável reforma. Querem mostrar força e contundência em seu ataque.

A estridência com que os reacionários mobilizam em prol da reforma da previdência contrasta ainda mais fortemente com a passividade e inação complacente das burocracias sindicais.

Os reacionários se unem pela Reforma da Previdência é ainda mais urgente romper a divisão e passividade impostas pela UNE, CUT e outras direções

A direita se atreve a transformar sua manifestação em uma defesa da reforma da previdência porque as grandes centrais sindicais estão garantindo o silêncio nas ruas. Em que pese o galopante desemprego, e apesar da crescente insatisfação com o governo Bolsonaro – tal como todas pesquisas de opinião mostram – as direções sindicais (como a CUT e a CTB, além da FS e da UGT) e as direções estudantis (a UNE, dirigida pelo PCdoB e pelo PT) fazem o possível para conter a força que se expressou nas ruas no 15M, e impedir seu desenvolvimento.

É momento de esmagar a tentativa de acabar com nosso direito de se aposentar e de acabar com o ataque à educação, no entanto as principais direções do movimento de massa atuam para dividir essas lutas e enfraquecer cada uma delas. É assim que a UNE atua para separar a luta contra os cortes na educação da luta contra a reforma da previdência, e por outro lado as centrais sindicais, entre elas a maior delas, a CUT, organiza uma paralisação nacional somente no longínquo dia 14 de junho, duas semanas depois da paralisação estudantil do dia 30. E assim cada uma, à sua maneira, contribui para que a direita tenha coragem de ir às ruas. O potencial da união, lado a lado da luta contra os ataques à educação e contra a reforma desperdiça-se nesta divisão.

Esta divisão não é um azar e obra do acaso. É obra consciente. É justamente a materialização da política de diversos membros proeminentes da oposição. É a política de Tabata Amaral (PDT-SP) que é voz ativa contra os cortes na educação e ao mesmo tempo defensora da Reforma da Previdência, é a política dos governadores do PT e PCdoB que se opõem à reforma da previdência de Bolsonaro, mas defendem a aplicação da sua própria versão da reforma. Trata-se da versão petista do que também afirma Paulinho da Força que fala que cabe ao movimento meramente “desidratar” e não “derrotar” a reforma.

A força mostrada pelo dia 15 de maio, a crescente insatisfação notável em cada local de trabalho e estudo, e até mensurável em pesquisas de opinião, pode ganhar força nas ruas. O obstáculo que temos entre esse potencial e sua realização é a atuação das direções do movimento operário e estudantil que atuam pela divisão e contra a auto-organização, que permita que cada estudante, cada trabalhador em seu local de estudo e trabalho decida os rumos do movimento golpear com um só punho.

É preciso unir a luta contra os cortes na educação com a luta contra a reforma da previdência. A direita sai às ruas para que não tenhamos aposentadoria. Os trabalhadores e estudantes precisam se organizar para derrubar toda e qualquer reforma da previdência. Por isso exigimos às centrais sindicais que antecipem a greve geral do 14/6 para este dia 30, e estudantes e trabalhadores possam lutar em comum. É um absurdo que essas burocracias sindicais e estudantis (reunidas na UNE) se calem e se finjam de mortos diante disso

A crise econômica no país vai se arrastando e alastrando e a cada dia fica mais claro que não haverá crescimento econômico nem emprego, mesmo com a reforma da previdência, o que haverá é o sacrifício dos trabalhadores e de todos direitos sociais, entre eles o da educação, ou sacrifício dos lucros dos capitalistas. Não precisamos da reforma da previdência: é preciso fazer com que os capitalistas pague pela crise. Que os grandes empresários e banqueiros paguem os R$450 bilhões que devem à Previdência Social; ademais, ao contrário de abolir as aposentadorias de milhões, é necessário impor o não pagamento da dívida pública, uma fraude ilegítima que atua como mecanismo de submissão estrutural do país aos especuladores estrangeiros. Não podemos permitir que o orçamento federal, toda a riqueza produzida pelos trabalhadores, seja organizado a serviço dos interesses de banqueiros bilionários que especulam com nossas vidas, e enriquecem com a dependência e o atraso econômico nacional, promovido pela burguesia.

É preciso dizer em alto e bom som, nosso futuro não se negocia, somos nós ou eles que pagarão pela crise. Nessa batalha cada momento desperdiçado é um momento que a direita aproveita para se organizar, nos conchavos, e até mesmo para se atrever a ir às ruas, como neste dia 26. Temos urgência, mas também a necessidade e a possibilidade de derrota-los.

 
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