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CRISE E REFORMA PREVIDENCIA
Maia exige a cabeça do líder do governo na Câmara, movimentos de conflito e trégua
Redação

As redes sociais voltaram a soprar as brasas vivas entre o Congresso e o governo Bolsonaro. Depois do texto de whatsapp de país “ingovernável” de sexta passada, agora foi a vez de conflito envolvendo Rodrigo Maia e o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). Maia procurou a mídia para afirmar que teria rompido relações com o líder depois deste ter publicado no zap da discórdia charge ironizando os “velhos políticos” como corruptos.

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Este sinal de conflito de ocorreu em meio a diversos outros movimentos, a maioria deles de trégua entre Bolsonaro e o chamado centrão. A trégua, como tal, é uma preparação ativa para conflitos, mas é, ao mesmo tempo, uma demonstração da perseguição de algum objetivo acordado ou comum. E Bolsonaro e Maia tem um grande objetivo em comum: trucidar o direito da população se aposentar para assim contentar os insaciáveis empresários.

A disparidade de sinais emitidos no dia de hoje ilustram bem a conjuntura: dinâmica, tendo por um lado a entrada em cena da juventude, como ficou evidente no mais de 1 milhão de jovens e trabalhadores que foram as ruas no dia 15 de maio, e por outro lado, por cima, no conflito entre as diferentes alas do condomínio reacionário do governo Bolsonaro e todas forças golpistas. Enlaçado em meio ao tecido dos conflitos destas alas, no Congresso, no governo, no Judiciário, na mídia, está o que une todos eles: a reforma.

Sinais de trégua

Depois do “país ingovernável” e do chamado aos pastores bilionários apoiarem ele, como nomeado por Deus (assim se fez citar no twitter), Bolsonaro quis inverter os sinais e declarou que nem ele nem seus ministros iriam à manifestação do dia 26. Momento contínuo o centrão e Rodrigo Maia anunciaram que a MP870 será votada ainda esta semana e que não pretendem derrotar o governo plenamente, mantendo os atuais 22 ministérios. Ficou no ar na declaração se os intermináveis poderes arbitrários de Sérgio Moro serão tocados ou não, ou seja, se a COAF ficará com o ministério da Justiça ou não. Mas noves fora do COAF os dois sinais foram claríssimos, em meio ao conflito há pacto pela reforma da previdência.

A Bovespa subiu e o dólar caiu. Os bilionários sorriem quando as diferentes alas burguesas se unem em torno do objetivo fundamental: atacar os trabalhadores.
Estes sinais fundamentais foram acompanhados de outros sinais secundários mas não irrelevantes na mesmísima trégua: Feliciano, líder da bancada evangélica, e autor do pedido de impeachment de Mourão (à pedido de Olavo de Carvalho) reuniu-se com o General Santos Cruz e declarou que estão em paz, “fumaram o cachimbo da paz”. Numeroso movimentos entre Paulo Guedes e a Câmara dão conta do trâmite de uma Reforma da Previdência que seja a mais próxima possível do ataque originalmente concebido.

Sinais de conflito para chegar nesta trégua instável

Para chegar até essa separação de governo do ato do dia 26, para se chegar ao trâmite da MP870 foram necessárias virulentas jogadas, lembremos as mais recentes e importantes: virulentos editoriais da grande mídia exigindo de Bolsonaro prioridade na Reforma da Previdência e parar de assuntos laterais e querer mobilizar tropas; ameaças do MP contra o coração do clã Bolsonaro abrindo as contas de Flávio Bolsonaro e dezenas de assessores de todo o clã (incluindo os do pai), intermináveis ataques dos bolsonaristas nas redes sociais ao Centrão e STF. Assim, com todos esses dedos nos olhos dos outros, voltam – aparentemente - a uma trégua.

Mas trata-se, provavelmente, de mera trégua e não uma conciliação, pois em meio à trégua a mídia já vinha fazendo matérias exigindo a renúncia de Major Vitor Hugo como líder do governo e agora Rodrigo Maia aumentou as apostas no mesmo sentido, provavelmente trabalha para que Hasselman, ou alguma outra figura de bom trânsito com a “casta política”, assuma o cargo no lugar de um “bolsonarista”.

É preciso lutar contra a reforma da previdência, lado a lado à luta contra os cortes

Ou seja, em meio à trégua, para juntos conduzirem a Reforma da Previdência, há inúmeros movimentos de cada ala para continuar se fortalecendo vis à vis as outras alas. E no andar destas complexas relações abrem-se frequentes crises que permitem que o outro componente crucial da conjuntura, a entrada em cena da juventude, pese na conjuntura e permita marcar a abertura de uma nova situação que coloque Moro e Maia, Mourão e Bolsonaro, a FIESP e a Bovespa todos na defensiva. Esta inscrita nas possibilidades dessa conjuntura que avancemos para que sejam eles e não nós quem pague pela crise.

Para isso é preciso desatar toda a possibilidade que o movimento estudantil mostra; coordenando suas ações nacionalmente, buscando ativamente derrotar a manobra de separar a luta contra os cortes na educação da luta contra a reforma da previdência, a juventude pode ser o estopim para incendiar a insatisfação (ainda passiva) dos trabalhadores com o desemprego, com a reforma da previdência, com o governo Bolsonaro. Para realizar esse potencial será necessário derrotar a atividade consciente e ativa de separação que é promovida pelas principais direções tanto do movimento estudantil como do movimento operário.

A UNE por um lado e a CUT e CTB por outro cada uma atua para separar as pautas e datas das lutas, e assim, impedem que confluam essas forças. A separação se expressa inclusive nas datas e focos, paralisação estudantil dia 30 de maio, greve dia 14 de junho contra a reforma da previdência. A maneira de enfrentar essa divisão é lutando para adiantar a greve geral para dia 30 de maio.

Essa divisão feita por essas direções expressa no movimento de massas o jogo duplo das forças políticas que as dirigem. Enquanto o PT e PCdoB se dizem tanto contra a reforma como contra os cortes, organizam seus governadores para apoiar uma reforma da previdência que seja menos draconiana que a de Bolsonaro e Guedes mas que mesmo assim retire direitos, e em meio a tamanho conflito da educação o governador petista da Bahia afirma que defende a cobrança de mensalidades nas universidades públicas.

O caminho para aproveitar a divisão dos de cima passa por unir as forças da juventude e da classe trabalhadora, passa pela auto-organização estudantil, pela construção de um comando nacional de delegados de base, eleitos em cada universidade e escola, para coordenar a luta e assim contribuir para que a classe trabalhadora também imponha aos sindicatos um necessário e audaz programa de luta para que sejam os capitalistas, seus políticos e juízes que paguem pela crise!

 
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