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POLITICA VENEZUELA
O golpismo, a compra de militares venezuelanos e a hipocrisia imperialista
Milton D’León
Caracas

O “combate à corrupção", os "direitos humanos" ou a "democracia" são o que menos importa para os Estados Unidos. Eles usam a política de iludir e depois reprimir para impor seus interesses e chegar aos seus objetivos imperialistas, onde esses supostos "valores" ianques são meras moedas de troca. Isso não é novidade e só vem enfatizar o cinismo imperialista.

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Em um determinado momento, os Estados Unidos sancionou membros superiores e militares do governo Maduro por vários crimes mas se eles forem para as fileiras dos setores que incentivam um golpe, não apenas tais acusações desaparecem, como chegarão a ser elogiadas. Tudo se compra, vende e troca no mundo da Gringolândia.

Um exemplo disso ocorreu nesta terça-feira quando o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, anunciou que Washington havia retirado suas sanções contra o general Manuel Ricardo Cristóvão Figuera, diretor do Serviço de Inteligência Bolivariano(SEBIN), que passou no dia 30 de abril para o lado do golpe. "Hoje anuncio que os Estados Unidos está retirando todas as suas sanções contra o general Manuel Ricardo Cristóvão Figuera, com efeito imediato", disse o vice-presidente dos EUA.

Esses anúncios foram feitos durante a Conferência das Américas, realizada anualmente no Departamento de Estado, e foram mostrados desde a madrugada de terça-feira como o "destaque" dos comunicados do dia. O Departamento do Tesouro confirmou "imediatamente", também em um comunicado, a eliminação das sanções que desde fevereiro bloquearam todos os ativos de Figuera sob jurisdição estadunidense.

Figueroa fez parte da Guarda Nacional, o quarto componente das Forças Armadas, considerado um dos órgãos do Estado mais repressivos, sendo um verdadeiro exército para a "comoção interna" que realizou as violações mais brutais dos direitos elementares centralmente no povo trabalhador e pobre, e há os distritos populares para confirmar se não bastam as constantes repressões às lutas dos trabalhadores. Figueroa não é um recém-chegado e, até o 30 de abril, chefiou o temido serviço de inteligência, mas agora se tornou parte da "boa SEBIN" na boca da direita tal como foi declarado pela esposa de Leopoldo Lopez, Lilian Tintori .

Depois de ameaçar, a Casa Branca havia oferecido a recompensa meses atrás, prometendo liberar das sanções os militares e funcionários de Maduro, se eles decidissem virar o tapete, e nesta terça-feira Pence fez o primeiro anúncio neste sentido para dar " segurança "para a oferta que estão fazendo.

Assim, o vice-presidente reiterou que "encoraje outros" militares venezuelanos "a seguir o exemplo do general" Figuera, prometendo que os EUA "considerará uma liberação da sanção para todos aqueles que decidirem defender a Constituição" e tirar Maduro do governo. Uma oferta que foi acompanhada pela ameaça de estender as sanções ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) "se não voltar ao seu mandato constitucional" e apoiar Guaidó. "Defender a Constituição" ou retornar ao "mandato constitucional" são sinônimos de um golpe de Estado no vocabulário ianque.

Washington sabe que o regime de Maduro está em crise e cada vez mais condicionado, onde os militares estão crescendo cada vez mais como um fator de poder em meio à crise. Ele também sabe que as "lealdades" no mundo dos quartéis são medidas em termos de interesses materiais e privilégios. E em um país onde a catástrofe econômica e social torna-se imparável, agravadas ainda mais com as sanções petrolíferas impostas pelos Estados Unidos desde abril que estão começando a dar efeitos, tais privilégios materiais ficam em perigo e, ainda mais, o fechar fileiras mostrado até agora nas forças armadas pode começar a desmoronar. A oferta Yankee não chega em um momento qualquer.

Até recentemente, dias antes da operação "ajuda humanitária" no 23F, um ex-chefe da inteligência militar, o major-general do Exército Hugo Carvajal, mesmo não tendo funções, ele é levado
a reconhecer Guaidó. Recentemente, terminou declarando que vai colaborar "sem reservas" com a Justiça do Estado espanhol, país onde ele se encontra por sua própria vontade.

Carvajal, que foi chefe da contrainteligência militar da Venezuela na época de Hugo Chávez, vem sendo denunciado pelos Estados Unidos por supostamente participar do narcotráfico. Não seria de se surpreender que, após sua "colaboração", se tornasse funcional aos interesses do golpismo no país que essas acusações desaparecessem. Passando agora a ser "um soldado mais pelas causas de liberdade e democracia".

"Como um deputado da legítima Assembleia Nacional da Venezuela, e como uma pessoa com conhecimentos privilegiados (em muitos casos, únicos) sobre a estrutura e as engrenagens do funcionamento criminoso do governo usurpado por Nicolas Maduro, reitero o meu apoio ao presidente legítimo no comando da Venezuela, Juan Guaidó”, disse Carvajal em um comunicado recente, depois de ter prestado seus bons serviços ao próprio Maduro. Se trata de um personagem que já vinha sendo preparado pelos Yankees.

Embora esta política da Casa Branca não seja nova, agora vem sendo reforçada, "mostrando” fatos “concretos", com o caso do general Figuera, e de como agora desfruta dos bons olhos de Washington, onde até fevereiro o haviam incluído para ir diretamente para a picota.

É de se lembrar que Trump, em meados de fevereiro, declarou que se os militares continuassem a apoiar Maduro, "eles não encontrariam um porto seguro, nem uma saída fácil"; e que se eles não mudassem, "perderiam tudo".

Isso permite que você veja a face cínica e hipócrita dessas figuras que usam a demagogia da "democracia" e dos "direitos humanos" em sua própria conveniência. O imperialismo e a direita preenchem seus discursos falando sobre "democracia", mas isso não os impede de apoiar que a bota militar coloque "ordem" na situação atual. Para eles, quando os militares apoiam Maduro é errado, mas eles apoiarem suas tentativas de golpe das mãos do imperialismo está tudo bem, está tudo bem se não se importar com seu passado sombrio. No final, para eles, as calamidades deste drama social são apenas uma base para manobrar seus objetivos políticos.

Vale tudo no plano recolonizador dos EUA, incluindo suas tentativas golpistas e ameaças militares, com sua direita, seu fantoche Guaidó e seu direitismo continental. Opor-se a todo este ataque e golpe imperialista não implica de modo algum a dar apoio político a Maduro, uma vez que devemos lutar contra as grandes calamidades sofridas pelo povo. É por isso que, frente a essa calamidade nacional, apenas os trabalhadores com o povo pobre, armado com um programa anti-imperialista e anti-capitalista dos trabalhadores, de emergência e popular, pode ser uma saída progressiva de acordo com os seus interesses fundamentais.

 
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