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Grande ato da Frente de Esquerda da Argentina: veja todos os discursos e vídeos
La Izquierda Diario

Milhares de trabalhadores, mulheres e jovens participaram do Dia Internacional dos Trabalhadores. Veja uma crônica com os principais discursos.

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O ato da Frente de Esquerda e dos trabalhadores (FIT) pelo Dia Internacional dos Trabalhadores aconteceu em um dia particular. Por um lado, em nosso país acontecia uma paralisação nacional convocada por um setor dos sindicatos. Por outro lado, na Venezuela, um dia tenso frente a uma nova tentativa golpista da direita desse país e do imperialismo norte-americano. Esse fato dava mais importância à tribuna operária, socialista e internacionalista que foi erguida atrás da Casa Rosada.

A avenida Diagonal Norte repleta foi o cenário do ato. Depois das 19h, começou com a leitura das consignas da convocatória. Entre as principais: Derrotar o FMI, Macri e os governadores peronistas. Não ao pagamento da dívida pública. Ruptura com o FMI. Paralisação nacional ativa de 36 horas e plano de lutas. Fora imperialismo da Venezuela e América Latina.

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O primeiro a falar foi o dirigente do Partido Operário (PO), Néstor Pitrola, que começou afirmando que “desde a Frente de Esquerda decidimos fora ianques da Venezuela, fora o golpe militar”, esclarecendo depois que “o fazemos sem dar apoio à repressão de Maduro”. Pitrola denunciou o silêncio do kirchnerismo ante a ofensiva dos EUA. Ademais, se referiu à crise em nosso país. “Temos que enfrentar Macri e as operações de mudança política que estão se formando com o peronismo. Por isso a nossa proposta é: derrotar Macri, o FMI e os governadores”.

Logo foi a vez de Rubén “Pollo” Sobrero, dirigente da Unión Ferroviario Seccional Haedo e da Izquierda Socialista. Sobrero criticou a CGT (maior central sindical argentina) e se referiu ao ato sindical do meio dia na Praça de Maio. “Participamos da mobilização, mas o movimento operário não tem que esperar as eleições. A saída não é fazer um ato de vez em quando, queremos um plano de lutas”. “E nós somos o único setor que diz que temos que romper com o Fundo (FMI)”.

Juan Constrisciani, delegado de base do Estaleiro Río Santiago e dirigente do PTS, subiu ao palco enquanto se ouvia ao fundo o canto que caracteriza as marchas dos combativos trabalhadores navais de Ensenada. Juan marcou a importância da paralisação desta quarta, “apesar da trégua da CGT e apesar também das direções que hoje convocaram a mobilização, mas sem nenhuma continuidade porque seu objetivo é levar toda essa raiva que hoje se expressa a uma substituição eleitoral no mês de outubro”. Então recordou das bandeiras com as quais marchou o sindicalismo classista: “exigimos uma paralisação nacional ativa de 36 horas e um plano de lutas para derrotar o ajuste do FMI, Macri e os governadores”. Em seguida, percorreu as últimas lutas do Estaleiro Río-Santiago, assim como as melhores tradições do movimento operário para deixar uma ideia. “É indispensável, no calor da crise que se aprofunda que se fortaleça a unidade entre o Estaleiro, os trabalhadores, os estudantes e o povo. Essa unidade de forças pode colocar em pé coordenações regionais. Este é o caminho, não somente para defender o Estaleiro, mas todo o movimento operário argentino”.

Alejandro Cresp, dirigente do SUTNA (Sindicato Único de Trabajadores del Neumático Argentino) e do Partido Obrero, reivindicou a paralisação que realizaram nesta quarta nas fábricas do sindicato. “A paralisação se constrói parando”, disse. Ele também ressaltou que o sindicalismo combativo segue exigindo uma paralisação ativa de 36 horas, com a mobilização de trabalhadores empregados e desempregados. Finalizou afirmando que “não se trata de semear expectativas naqueles que se ajoelham diante do FMI e pagar a dívida externa submetendo a classe trabalhadora a mais ajustes. Estamos preparados para dizer Fora FMI, queremos uma saída dos trabalhadores e vamos construir com os trabalhadores”.

Em seguida continuou Mônica Schlotthauer, trabalhadora ferroviária e atual deputada nacional pela Izquierda Socialista. Mônica reivindicou o avanço do movimento de mulheres. “As mulheres somos protagonistas desta quarta onda. Quatro pontos internacionais, contra o capitalismo e o patriarcado”. Além disso, criticou a influência da igreja sobre os partidos tradicionais.

O segundo bloco de oradores seria fechado por Lorena Gentile, operária de Kraft e uma das líderes do Movimiento de Agrupaciones Clasistas que o PTS impulsiona em dezenas de sindicatos. Lorena começou reivindicando a luta de suas companheiras de Kraft. “Fizeram história em 2009 quando enfrentamos demissões. Em 2012 junto aos companheiros paramos a fábrica quando um líder assediou uma companheira. E há algumas semanas quando uma companheira havia sofrido violência de gênero, não houve dúvida, as linhas pararam. Não estão sozinhas!, era o grito”. Assim, reivindicou as lutas que as mulheres vieram dando, contra a exploração do trabalho e a maré verde pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. “Essas lutas em que as mulheres se colocam a frente, mostram que podemos ser o despertar de nossa classe, e nós socialistas sabemos que junto com nossos companheiros, organizados e lutando juntos podemos transformar tudo!” Por último, reivindicou a experiência de MadyGraf, a gráfica sob gestão operária, como exemplo de como defender os pontos de trabalho mas também pelos passos que estão dando em organizar as mulheres ou se juntar aos vizinhos dos bairros afetados pelos ajustes. “O fazemos porque somos conscientes de que para construir uma grande corrente classista de milhares de pessoas para recuperar os sindicatos e transformá-los desde a raiz, temos que forjar profundos laços de solidariedade e união daqueles que sofremos a exploração dia a dia”.

Juan Carlos Giordano, dirigente da Izquierda Socialista, disse que diante da crise todos repetem “isso não dá mais”. “Mas é a Frente de Esquerda que tem um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas, não pelos trabalhadores”. Assim, enumerou algumas das medidas de emergência que a FIT está propondo, como um salário que cubra as necessidades das famílias (equivalente ao salário mínimo do DIEESE no Brasil), a nacionalização dos bancos e das privatizadas, assim como romper o acordo com o FMI e o não pagamento da dívida. Giordano disse estar confiante de que os trabalhadores serão capazes de “se livrar da burocracia e dos partidos patronais”.

Romina del Plá, deputada nacional pelo PO-FIT e dirigente docente, reivindicou que a Frente de Esquerda é a única força que tem em seu programa, desde o início, o direito ao aborto legal, seguro e gratuito e a separação da igreja e do Estado. Também criticou o papel do kirchnerismo para evitar que a maré verde se desenvolva novamente.

Del Plá dedicou uma passagem do seu discurso à paralisação e ao ato desta quarta. “Estamos fazendo um contraponto entre o ato que ocorreu há umas horas atrás na Plaza e este. No ato anterior, falou-se de como subordinar a luta dos trabalhadores a uma mudança eleitoral. Aqui falou-se de como o movimento operário deve intervir ativamente agora. Não podemos esperar”. Concluiu afirmando que “devemos romper com o FMI, romper com o pagamento da dívida, nacionalizar os bancos, e o comercio exterior, reorganizar a economia sobre outras bases sociais. Isso só os trabalhadores podemos fazer. E por isso apresentamos a necessidade de uma constituinte livre e soberana”.

O encarregado de encerrar o ato foi o atual deputado nacional pelo PTS-FIT, Nicolás del Caño. Há poucos dias foi proposto pelo Congresso do PTS como pré-candidato presidencial da Frente de Esquerda para dar a luta política contra o macrismo e o peronismo. Será acompanhado por Romina del Plá.

Nicolás começou com uma “homenagem” internacionalista, “àqueles que, em todo o mundo, lutam contra seus exploradores como os ‘coletes amarelos’ na França que encurralaram Macrón, as centenas de milhares que saem nas ruas na Argélia e no Sudão e a todos os povos do mundo que se levantam contra a fome, a miséria e a exploração dos governos capitalistas”.

Disse que “estamos vivendo a ‘crônica de uma catástrofe anunciada’. Quem poderia esperar outro resultado da submissão ao FMI?”. Então denunciou o saque da dívida, que levará 40 bilhões por ano no próximo governo. “Todo o peronismo, incluindo o kirchnerismo, nos dizem que há uma saída da crise sem romper com a submissão ao FMI. Isso é mentira! Continuar pagando o Fundo Monetário é seguir com o ajuste, é aplicar a combinação da contra reforma”.

Diante dessa situação, apontou qual é a saída que a Frente de Esquerda propõe: “acreditamos que chegou o momento de mudar a história e estamos seguros de que o começo deste novo capítulo será tirando o FMI do nosso país”, após isso, colocou a necessidade de lutar pela nacionalização dos bancos e do sistema energético, assim como a divisão das horas de trabalho entre desempregados e empregados, entre outros. “Como dizemos, na Frente de Esquerda: o poder tem que mudar de mãos e passar dos exploradores que nos levaram a esta situação de decadência às mãos da classe trabalhadora, a única que pode verdadeiramente acabar com a dependência e o atraso”, disse Del Caño.

Depois de se referir à paralisação da quarta-feira, assegurou que “necessitamos de um plano de luta que comece por uma verdadeira paralisação geral ativa de 36 horas até chegar à greve geral política que permita derrotar o FMI, Macri e os governadores”. Mas além disso, também propôs uma tarefa para toda a militância da FIT: “não há tempo a perder, temos que aproveitar todas as instâncias para organizar dezenas de milhares com nosso programa nossos métodos de luta para disputar a consciência política de milhões”.

Chegaria o momento de entoar o Hino Internacional dos Trabalhadores, “a internacional”. Para isso, subiram ao palco outras referências da Frente de Esquerda como Myriam Bregman, Christian Castillo, Laura Marrone, Claudio Dellacarbonara, Vanina Biassi, Gabriel Solano e outros dirigentes do PTS, do PO e da Izquierda Socialista, bem como María del Carmen Verdú, dirigente do Poder Popular. Também familiares dos motoristas presos da Linha Leste de La Plata. A reivindicação pela liberdade deles, assim como de Daniel Ruiz e os petroleiros de Santa Cruz, estavam presentes na jornada.

Assim terminou o ato multitudinário e combativo, onde milhares de trabalhadores empregados e desempregados, mulheres e jovens, seguiram com atenção os discursos, reforçando o compromisso para sair e lutas pelas ideias de esquerda em seus locais de trabalho, estudo e nas ruas.

 
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