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RIO DE JANEIRO
Família denuncia militares do RJ: “eles riram, chamei eles de assassinos e eles riram”
Redação

Nesse terrível crime, Luciana Oliveira, enfermeira, perdeu seu marido, Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, músico, enquanto iam a um chá de bebê. Ou como a própria Luciana falou aos prantos em entrevista com a mídia: “eu perdi o meu melhor amigo”. Estavam juntos a 27 anos. Os militares alegam que o fuzilamento ocorreu por um “engano”.

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Na tarde do último domingo (7), às 14h30, um carro de uma família negra foi fuzilado por militares do Exército com 80 tiros, no bairro de Guadalupe, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.

Luciana ainda deu declarações chocantes sobre como os militares envolvidos na execução de Evaldo agiram e debocharam com frieza da viúva desesperada com a morte do marido:

“Eles riram. Chamei eles de assassinos e eles riram. Debocharam. Essas pessoas têm que pagar, principalmente pelo deboche. Eles debocharam o tempo todo. Vocês não sabem o que estou sentindo, não desejo isso para ninguém.”

E continuou: “Por que o quartel fez isso? Eu disse, ’amor, calma, é o quartel’. Ele só tinha levado um tiro, os vizinhos começaram a socorrer. Eu ia voltar, mas eles continuaram atirando, vieram com arma em punho. Eu coloquei a mão na cabeça e disse: ’Moço, socorre meu esposo’. Eles não fizeram nada. Ficaram de deboche. Tem um moreno que ficou de deboche e rindo”.

Luciana conseguiu escapar com o filho David, de apenas 7 anos. “Eles me deixaram e mandaram eu correr. Eu tinha que ter ficado para morrer com ele, eu e meu filho”, disse. “Ele [o marido] era meu melhor amigo. Meu filho estava no carro, eu dei calmante para ele, ele viu tudo”.

O depoimento de Luciana e também de testemunhas que estavam no local foi de que não houve confronto algum e nem ameaça de perigo antes dos envolvidos abrirem fogo contra o carro da família:

“Não teve confronto nenhum. Estávamos cantando e escutamos um estilhaço. O sangue espirrou em mim. Meu filho não sabe e está perguntando pelo pai”, disse Luciana.

Os militares seguiram abrindo fogo contra o carro mesmo após ver a família tentando fugir desesperados e vizinhos do bairro tentando socorrer as vítimas:

“Um moço veio socorrer e deram tiro nele. Deram muito tiro. Vieram ao nosso encontro. Meu marido não era bandido. Esperaram a gente passar e começaram a atirar. Abrimos a porta, meu padrasto foi socorrer e atiraram mais”, conta Luciana.

Evaldo Rosa dos Santos, morto pelo Exército no RJ.

Para além dos 12 militares envolvidos na operação que levou Evaldo a ser assassinado, Moro, Bolsonaro e Witzel também são responsáveis pelos 80 tiros com seu incentivo ao massacre racista do Estado. Crimes como esse são resultado direto da política racista e pró polícia e Forças Armadas feita por Jair Bolsonaro e muitos dos representantes que estão hoje dentro do parlamento, todos com suas mãos sujas de sangue.

Witzel, governador do Rio, desde sua campanha garantiu que haveria impunidade ao assassinato de inocentes, incentivando que continue a identificação de “suspeitos” ou “bandidos” única e exclusivamente pela sua cor de pele. O governador racista ainda lavou suas mãos sujas de sangue e disse, segundo O Globo: “Não me cabe fazer juízo de valor”.

Junto a Witzel, Sérgio Moro com seu Pacote “Anticrime” quer legalizar a chacina com a proposta, em que governadores e secretários estaduais de segurança seriam os responsáveis por determinar se policiais que cometerem homicídios durante suas atividades terão redução ou até mesmo isenção de pena. Em nome de razões totalmente vagas e subjetivas como “excesso decorrente de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”, policiais em serviço poderiam matar civis e não receber nenhuma punição.

Um pacote que fortalece as forças repressivas do Estado e é uma marca do autoritarismo judiciário que cresce exponencialmente. Tudo isso em um país onde (no Rio de Janeiro em particular) a polícia tem laços com “esquadrões da morte” e integram milícias assassinas. Nesse sentido o pacote “anti crime” de Moro facilita ainda mais a ação desses setores.

Já o presidente, Bolsonaro, em plena campanha eleitoral deixava claro que se fosse eleito, policiais e forças repressivas teriam “licença para matar”, mesmo sabendo que morreriam inocentes. Bolsonaro é a cara mais racista de um país que se construiu em base ao trabalho escravo, e onde o Exército, a mando dos governos petistas, foi treinar no Haiti, assassinando a população negra daquele país, para voltar ao Brasil e assassinar a população jovem, negra e trabalhadora brasileira. Essa crescente bolsonarista racista e violenta que respalda esse tipo de execução vem ainda em meio ao turbilhão não solucionado da execução de Marielle Franco, que já completa mais de um ano sem resposta.

A intervenção federal no Rio de Janeiro teve como mais um dos seus resultados, a morte de Evaldo, e tantos outros que são assassinados pelas mãos do Estado todos os dias. Essa é a forma que o Estado usa historicamente para tentar disciplinar a população negra, assassinando, torturando e perseguindo, enquanto lhes retira os direitos mais elementares, em um Estado caindo aos pedaços.

 
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