Sob a justificativa de “retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”, a multimilionária montadora Ford abandona milhares de famílias de trabalhadores pegos de surpresa pelo anúncio repentino de encerramento da operação da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O cálculo do Dieese prevê que, se todos os trabalhadores forem demitidos, isso impactaria no fechamento de outras 24 mil vagas quando se leva em conta toda a cadeia produtiva.
A montadora responde por 1,72% da arrecadação de ICMS da cidade (R$ 14 milhões ao ano) e por 0,8% do ISS (R$ 4 milhões). Representa um impacto para toda a região do ABC. Segundo a própria Ford, a unidade emprega 3 mil funcionários. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC considera que cerca de 2 mil são de produção e os demais, da área administrativa, além de outros 1,5 mil terceirizados. Atualmente, a fábrica opera com menos de 20% da capacidade produtiva e renova equipamentos e produtos há três anos.
A decisão da empresa vem na sequência do anúncio dos planos de implementação da reforma trabalhista pela GM, que chegou ao ponto de blefar sobre deixar o país se os trabalhadores não aceitassem o plano integral de ataques da empresa. Isso foi respondido fortemente pela mobilização dos trabalhadores, que em Gravataí (RS) obrigaram a empresa recuar em seus planos.
Os capitalistas, em meio a crise, estão ansiosos pela implementação de mais reformas e ataques do reacionário presidente Bolsonaro (PSL), principalmente a Reforma da Previdência, para continuarem lucrando enquanto os trabalhadores pagam pela crise. O governo de extrema direita discursa cinicamente sobre melhorias na economia e de empregos enquanto tem como principal objetivo nos fazer trabalhar até morrer, fazer com que tenhamos que decidir entre o desemprego e a precarização dos postos de trabalho.
Bolsonaro, Guedes, Maia, Alcolumbre, Mourão fazem uma demagogia absurda ao dizer que trará geração de empregos e diminuirá a diferença entre pobres e ricos enquanto podem ocorrer demissões na Ford e implementação da Reforma Trabalhista na GM. O projeto inaceitável da reforma que foi entregue ontem, quarta (20), pelas mãos do reacionário Bolsonaro, retira a obrigatoriedade de o empregador pagar multa de 40% sobre o valor do FGTS ao trabalhador que for demitido e já estiver aposentado.
Agora, a organização da luta dos trabalhadores em todo o país torna-se mais que urgente. Hoje, nenhuma negociação com os patrões, como se dispõem CUT e CTB (centrais sindicais dirigidas pelo PT e pelo PCdoB), que não esteja ligada a mobilização efetiva da base. Apenas com um plano de lutas baseado nos métodos históricos da nossa classe será capaz de derrotar esses ataques.
A luta contra a reforma trabalhista em 2017 que foi traída por essas centrais não pode se repetir. Chega de trégua com o governo e os capitalistas que se preparam para atacar com força a classe trabalhadora e os mínimos direitos que temos. É necessário se organizar para tomar os sindicatos nas nossas mãos, contra a burocracia sindical, para enfrentar essa absurda Reforma da Previdência, os patrões e o governo ao lado dos servidores municipais de São Paulo que estão em greve.
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