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COLETES AMARELOS
Assembleias Gerais de Coletes Amarelos ocorrem em toda a França: um início de estruturação “pela base”
Redação

Enquanto a espontaneidade do movimento é uma marca importante da revolta, cada vez mais os Coletes Amarelos se estruturam “por baixo”: Assembleias Gerais se multiplicam por toda a França. Como resultado, os Coletes Amarelos desenvolvem sua própria experiência de organização, no momento em uma escala local ou regional.

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No último 17 de novembro, espontaneamente, milhares de Coletes Amarelos se colocaram em movimento e perturbaram brutalmente a situação política na França. Dois meses depois, o movimento está hoje enraizado, após a temporada de festas de fim de ano, o que pôde ser verificado no último ato (IX), o mais massivo desde o início da mobilização. Apesar da tentativa de governo de esfriar o movimento a partir da convocação do “grande debate nacional”, é uma aposta segura que o ato X, no próximo sábado, também seja importante nas ruas.

Fortalecidos por dois meses de experiência, os Coletes Amarelos, que em sua maioria se manifestam pela primeira vez, fazem sua própria experiência para organizar o movimento pela base. Assim, cerca de 20 Assembleias Gerais (AG) floresceram desde o início do movimento.

As “pontas de lança” de diferentes cidades

Enquanto, é claro, o estado de estruturação do movimento está ainda embrionário, algumas cidades se destacam como uma espécie de “pontas de lança” desse fenômeno. Em Lyon, já foram realizadas três Assembleias Gerais, buscando coordenar e organizar as diferentes ações a serem feitas pelo movimento, reunindo em cada uma ao menos 500 Coletes Amarelos. Toulouse não fica para trás, também com três Assembleias realizadas, reunindo de 300 a 600 pessoas em cada.

Em Caen, após uma Assembleia Geral organizada em uma ocupação de imigrantes, uma maravilhosa demonstração que vai de encontro às acusações de “extremo-direitismo” do movimento, 300 pessoas se reuniram novamente no dia 11 de janeiro. Em Commercy, pequena cidade de 6000 habitantes no departamento de Mosa, uma Assembleia Geral fez um chamado por uma “AG das AG”, apontando para a necessidade de coordenar o movimento em escala nacional.

Na região parisiense, uma dezena de Assembleias Gerais emerge

Nesse movimento que colocou as margens ao centro, enquanto a região parisiense é, do ponto de vista político, um dos pontos-chave da mobilização, ela ainda não está na vanguarda em termos de estruturação do movimento. Porém, lá também emergem embriões de órgãos de auto-organização. No total, sete “pontos” diferentes se estruturam, desde assembleias da cidade e agrupamentos mais amplos: [na região metropolitana de Paris] em Paris Norte / 18º arrondissement, em Rungis, em Belleville, em Pantin, em Ivry (reunindo o conjunto do departamento 94), na Praça Saint Denis e em Essonne.

Por ora, não existe estrutura que reúna o conjunto da região de Paris, mesmo que atualmente a Assembleia de Rungis esteja na vanguarda neste sentido, procurando estruturar o conjunto do movimento na capital. A emergência dessas estruturas de auto-organização, com todos os limites que elas contêm, vai na direção certa, abrindo a possibilidade de ter um controle da base sobre os porta-vozes ou ainda de colocar a si mesmos os meios para massificar o movimento, expandindo-o para outros setores, do mundo do trabalho, da juventude e dos bairros populares.

Em outros locais o movimento também está se estruturando

Também em outros lugares da França, o movimento procura se estruturar. Na cidade de Montpellier, nesse 13 de janeiro, 200 Coletes Amarelos se reuniram no Odyséum para pensar a continuação da mobilização. Em Nîmes, uma Assembleia Geral também foi realizada reunindo o conjunto de Coletes Amarelos [do departamento] de Gard. Na última Assembleia Geral realizada em Estrasburgo [na região Grande Leste], 250 pessoas se reuniram, vindas de Colmar, Horbourg-Wihr, Sélestat, Châtenois, Gambsheim, mas também da região da Lorena, também com a presença de Coletes Amarelos de Sarreguemines.

Em um maior encontro, coordenando diversas cidades, a Assembleia Geral de Touraine reuniu em cada uma das quatro assembleias que foram realizadas mais de 70 Coletes Amarelos. No Norte, a Assembleia Geral de Lille reúne os Coletes Amarelos locais assim como os de Douai, Arras e Sin le Noble. O mesmo método de agrupamento ocorreu em Puy de dome, onde cerca de 30 pessoas responderam ao chamado. Por fim, os Coletes Amarelos também organizam as primeiras Assembleias Gerais de Nantes, Dijon, Clermont e Alençon.

Uma dinâmica que deve ser seguida e a necessidade da entrada do movimento operário

Contra qualquer tentativa de apropriação do movimento e pela sua amplificação, esses diferentes “embriões de auto-organização” deveriam se colocar a tarefa de se desenvolverem, expandindo-se por todo o território, começando, ao mesmo tempo, a estabelecer seus representantes com mandatos revogáveis, para assim se colocar a possibilidade de haver uma coordenação em escala nacional. As Assembleias Gerais listadas aqui devem, portanto, servir de “exemplo a se seguir”, até se tornar um fenômeno majoritário, para que se possa ter um controle democrático pela base dos Coletes Amarelos. É nesse sentido que o movimento poderá resolver uma de suas contradições: conseguir se estruturar sem, no entanto, ser apropriado por pretensos líderes autoproclamados.

É também notável que, em alguns lugares, estão surgindo convergências entre Coletes Amarelos e sindicalizados, tanto nas Assembleias Gerais como na ação. Esse é também um elemento essencial para estabelecer uma correlação de forças consequente, capaz de colocar Macron de joelhos. Nesse sentido, o desejo de tornar a construção da Greve Geral um eixo central da mobilização, que floresce por enquanto em uma fração minoritária de Coletes Amarelos, deve tornar-se uma aspiração coletiva.

Por sua tenacidade e enraizamento, o movimento dos Coletes Amarelos já demonstrou sua determinação e sua capacidade de arrancar concessões do governo. Agora é hora de trabalhar para “passar para uma etapa superior”. Para isso, é indispensável que se coloque em movimento o “gigante adormecido” que é o movimento operário organizado, especialmente dos grandes centros industriais, com seus métodos de luta, ou seja, a greve e a auto-organização.

 
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