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PROTESTOS NA FRANÇA
Os Coletes Amarelos voltaram às ruas e os protestos contra Macron continuam
Julien Anchaing

No oitavo sábado consecutivo de mobilização com concentrações nas cidades e estradas da França, dezenas de milhares mostraram que o protesto não se esvazia apesar da repressão do governo.

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Antecipando um retorno ao clima de quietude, o governo francês tentou usar a jogada do "retorno à normalidade" e a domesticação dos "Coletes Amarelos", autorizando pela primeira vez um "caminho" para a manifestação no sábado na capital francesa, e proibindo seu acesso a vários lugares que haviam sido centros de protestos e confrontos com a polícia nas marchas passadas como a área dos Champs Elysées. Em resposta, os coletes amarelos mais uma vez demonstraram seu caráter explosivo, gritando "Paris em pé, se levantem!", chegando com manifestações em todo o país.

Em novas manifestações, após as festividades, houve marchas por toda a França que reuniram mais de 100.000 pessoas decididas a retomar as ações mais radicais. O governo, claramente surpreso com a moral do movimento, enfrenta marchas massivas que permitiram romper com a manobra de institucionalização e divisão do movimento para começar 2019. A polícia teve que enfrentar a resistência à repressão em todo o país, passando por numerosas barricadas na capital em bairros históricos, como o Quartier Latin ou Boulevard Saint Germain (lembrando as barricadas de maio de 68).

Nas províncias muitas ações espontâneas irromperam, como em Troie e Montpellier, onde os coletes amarelos entraram diretamente nas prefeituras, símbolos do poder policial, ou em Avignon, onde entraram no tribunal para protestar contra a repressão. Em Bordeaux, mais de 10 mil pessoas se mobilizaram.

Essa espontaneidade e moral, rompendo com a marcha oficial e legal oferecida pelo governo em pontos estáticos da cidade, chegaram às entradas da Assembleia Nacional (Congresso) onde a polícia teve que intervir com urgência para impedir um avanço dos manifestantes, também presentes em lugares explicitamente proibidos pela prefeitura local como a Champs Elysées.

Várias manifestações de solidariedade também ocorreram em diferentes cidades. Em Paris, contaram com a presença de outros setores, como enfermeiros vestidos com roupas de trabalho, para poder prestar primeiros socorros aos feridos pela repressão. Neste domingo será organizada uma marcha de mulheres no país, onde se espera a presença dos Coletes Amarelos que já demonstraram instâncias de solidariedade com o movimento de mulheres durante o dia internacional contra a violência de gênero.

A marcha deste sábado lembra as primeiras grandes marchas dos coletes amarelos e surpreende um governo que apostava no desgaste do movimento. Macron também se apoiou no Poder Judicial para criminalizar os protestos, como demonstrou a detenção de um dos líderes dos coletes amarelos por se manifestar sem pedir “permissão”.

O governo pensava se apoiar sobre as debilidades estruturais do movimento como sua falta de direção e cooptá-las para um “Grande Debate Nacional” ao qual se referiu Macron em seu discurso de fim de ano, mas as mobilizações deste sábado mostraram que essa iniciativa governamental não teve êxito.

 
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