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MÍDIA
Objetivo da mídia com denúncias da corrupção da família Bolsonaro: reforma da previdência
Redação

Quinta-feira passada o jornalista Fausto Macedo do Estado de São Paulo publicou o furo de reportagem demonstrando uma ampla e fundamentada suspeita de corrupção envolvendo toda a família Bolsonaro. Desde então há um jogo de luzes e sombras na mídia sobre este esquema. É importante desmascarar este jogo e seus objetivos de ataque aos trabalhadores. Toda cobertura esta em função de garantir a prioridade na reforma da Previdência.

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Foto: Igo Estrela

O próprio furo no Estadão, jornal que é ferrenho apoiador do futuro governo do ultrarreacionário Bolsonaro não podia ser mais tímida. O título foi feito para passar batido “COAF relata conta de ex-assessor de Flavio Bolsonaro”. Relata o que? Quem é COAF perguntaria um leitor que não seja um especialista nas instituições brasileiras.

O COAF é o “Conselho de Controle de Atividades Financeiras”, órgão que centraliza informações de movimentações bancárias suspeitas. O título neutro e insosso como gelatina sem sabor, esconde que se trata de movimentação gigantesca, suspeitíssima, aparecida em um anexo de operação da Lava Jato carioca. A movimentação de um ex-assessor de 1,2milhão em dinheiro vivo, coletando dinheiro de outros assessores do clã Bolsonaro, inclusive de sua filha que era funcionária de Jair Bolsonaro, para depois fazer depósito na conta de Michelle Bolsonaro, esposa do patriarca.

Essa denúncia pode ser um caminho para explicar o enriquecimento absurdo que a família tem tido. Os paladinos da justiça da Lava Jato, incluindo o superministro Sérgio Moro ficaram em absoluto silêncio. Não podia ser diferente, seus objetivos nunca foram de combate à corrupção, mas de favorecer um esquema em detrimento de outros, e ajudar a entrega de estatais brasileiras ao imperialismo bem como dar continuidade ao golpe institucional.

O mesmo pode ser dito pela mídia. Mesmo com esse flagrante envolvimento do gabinete de Jair Bolsonaro e sua esposa e de seu filho, senador pelo Rio de Janeiro. Não há nem menção do tema na capa da Veja.

A Folha, dedicou editorial sobre o tema no sábado. Novamente um tom um tanto mais “cauteloso”. O editorial de sábado intitulava-se “Em família” foi todo redigido no tom obsequioso de seu “olho”: “Movimentação financeira de ex-assessor de filho de Bolsonaro precisa ser esclarecida”. As informações fornecidas não batem, sejam mais diretos, claros, etc.

Mesmo tom adotado pelo vice-presidente Mourão que pediu maiores esclarecimentos.

O Globo e o Estado (autor do furo) ainda não dedicaram editoriais a respeito. Mas esclarecem suas prioridades em editorial de domingo: reforma da previdência como deixa explicito o jornal paulista. Fala até em tons messiânicos típico dos novos ocupantes de Brasilia, fazer a reforma é algo necessário para a "civilização". Já o jornal cariocafaz demagogia sobre desigualdades na previdência, como de costume, para semear confusão e diariamente batalhar pelo que batalha: acabar com o direito a aposentadoria.

O editorial da Folha de sábado é o que esclarece o que quer toda mídia, guardada todas as nuances de cada jornal, revista e TV, mais ou menos apoiadores de Bolsonaro todos o apoiam no limite que priorize os ataques desejados pela burguesia.

Dar corda para as suspeitas, usando um tom e espaço menor do que o escândalo demonstra, somente como um alerta a Bolsonaro. É como se a mídia ligasse para ele e dissesse “olha temos amigos no judiciário e temos muito para queimar vocês, garantam o serviço para o qual te colocamos na Alvorada: a reforma da previdência. Não estamos em guerra com vocês, mas façam o que queremos, ou se não...”.

Diariamente são escalados editorialistas, comentaristas, especialistas e mesmo figuras públicas como Luciano Huck no Estadão deste domingo para aconselhar/ameaçar Bolsonaro de parar de desviar deste foco entrando em outros temas como o Escola sem Partido.

Nas luzes e nas sombras, a capa do portal globo.com, portal de maior acesso no país exibia neste domingo as 16:30 em letra minúscula matéria sobre o tema. Maior destaque é dado ao pedido de casamento do outro filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, e as corriqueiras fofocas.

Com essa cobertura, interessada, a mídia mostra, mais uma vez, como está nem aí para combater a corrupção. Ela aparece e é escondida conforme os interesses políticos e econômicos da classe dominante. E hoje sua primeira prioridade é trucidar o direito dos trabalhadores brasileiros se aposentarem.

A continuidade desta denúncia passará pelas mãos de Sérgio Moro, no cargo de ministro da Justiça chefiará o COAF. Usará este cargo entre duas posições que só são contraditórias na aparência: engavetará o que não convier, dará corda ao que puder garantir os interesses econômicos e políticos que o movem.

Apesar dos interesses da mídia essa denúncia abre a primeira e maior crise na futura administração, da divisão dos “de cima” abre-se espaço para que se desenvolva a resistência da classe trabalhadora aos ataques que Bolsonaro promete implementar. Tomemos como exemplo a luta dos “coletes amarelos” na França e exijamos dos sindicatos um plano de luta para derrotar a reforma da previdência, as privatizações e todas medidas reacionárias do governo eleito em uma eleição marcada pela intervenção do judiciário com apoio das Forças Armadas para dar continuidade ao golpismo de Temer.

 
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