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GENERAL DE MORO
Indicado por Moro para segurança pública, general Theophilo considera o país "em guerra"
Thiago Flamé

A nomeação de Theophilo, ainda que ideologicamente em sintonia com as concepções da direita dura das casernas, é um contraponto ao grande peso que os generais afins a Bolsonaro estão adquirindo no alto escalão do governo.

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Na sua primeira declaração como futuro secretario da segurança pública, o ex candidato a governador pelo PSDB, se considera em guerra e afirma "temos que responder a altura".

As declarações do general foram dadas na manhã desta quarta-feira em entrevista para a Radio Gaúcha em Porto Alegre.

Nos últimos dois dias ocorreram dois tiroteios com o saldo de pelo menos dez mortos por parte da Brigada Militar (a PM gaucha). Para o novo secretário de segurança pública, a Brigada agiu de forma correta: "Tem de responder da mesma forma, porque é a segurança da população que está em jogo. Eles (criminosos) vão atirar para matar, não para ferir".

A visão de que vivemos uma guerra e de que as PMs e os militares envolvidos em ações de "garantia da ordem", estariam portanto atuando em território inimigo mostra a concepção do governo Bolsonaro no que tem de comum com Moro, e todas as alas dos militares, de que a população pobre das grandes cidades brasileiras são um inimigo a ser combatido, e abatido se necessario.

Uma das demandas dos militares, que o governo Bolsonaro reivindica é o chamado "excludente de ilicitude", ou seja, a liberdade para matar, como se estivessem atuando em uma verdadeira zona de guerra ao entrar nas favelas e bairros de periferia. O povo negro brasileiro já é uma vitima da violencia policial desenfreada, essa situação só tende a piorar.

Parte de uma familia de militares cuja tradição remonta ao imperio e à guerra contra o Paraguai, Theophilo não é alinhado com os generais mais próximos do entorno de Bolsonaro, Augusto Heleno, ou Hamilton Mourão, e foi uma indicação do comandante Villas Boas - que já declarou abertamente suas restrições à Bolsonaro - para Moro. Ao contrário, Theophilo se lançou ao governo do estado do Ceará pelo PSDB e esteve bem próximo do cacique tradicional Tasso Jereissati. Isso o distancia da ala mais dura do entorno de Bolsonaro, mas não o qualifica exatamente como um democrata ou legalista, ao contrário.

Segundo o general, se referindo a ditadura militar, o país estava caminhando para o comunismo, reproduzindo uma visão comum a toda a cúpula militar. "Prova" de que o país estava sendo tomado por comunistas, de acordo com o general tucano, é de que Che Guevara foi a condecoração do então presidente Jânio Quadros, em 1961. Ele ainda classifica Castelo Branco como um heroi, "que levou o país a combater toda essa estrutura comunista". Outra credencial do general é sua atuação como comandante militar da Amazonia, quando levou adiante convênios com empresas e se tornou próximo da associação de empresários. Durante sua campanha ao governo do Ceará, defendeu a militarização da administração das escolas.

A nomeação de Theophilo, ainda que ideologicamente em sintonia com as concepções da direita dura das casernas, é um contraponto ao grande peso que os generais afins a Bolsonaro estão adquirindo no alto escalão do governo. Pode mostrar uma tentativa de Moro buscar apoio nas casernas para também fortalecer suas posições no interior do governo. Que não seja um dos generais de Bolsonaro e que esteja alinhado com Villas Boas, não significa, no entanto, que suas concepções e políticas sejam menos reacionárias, como já demonstrou nas suas primeiras declarações. O que sim é certo é que a sua nomeação é um passo a mais na politização dos quarteis.

 
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