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MAIS MÉDICOS
Só 40 médicos brasileiros ocuparam vagas dos cubanos expulsos e desistências já são vistas
Redação

Eram 8,3 mil vagas ocupadas por cubanos, que hoje se encontram abertas, enquanto a população mais pobre carece de atendimento. O Ministério da saúde abriu novo edital, porém apenas 0,5% das vagas foram preenchidas e desistências já começam ocorrer.

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Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

Desde que os médicos cubanos romperam o vínculo com o Programa “Mais Médicos” após ataques de Jair Bolsonaro (PSL), milhares de cidades do país entraram em colapso pela falta de médicos, uma vez que dependiam, muitas vezes exclusivamente, do atendimento dos médicos cubanos. O Ministério da Saúde abriu um edital para convocar médicos e tentar repor o verdadeiro “apagão médico” sofrido por aqueles que moram nos lugares mais afastados do país e mais pobres.

Ontem (27), 224 médicos brasileiros se apresentaram às cidades que se candidataram para ocupar as vagas deixadas pelos cubanos, declarou o Ministério da Saúde. Mais de mil cubanos que ocupavam as vagas em 733 municípios já voltaram para seu país, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Ao todo eram 8,3 mil vagas ocupadas por cubanos, que hoje se encontram abertas, enquanto a população mais pobre e vulnerável carece de atendimento de profissionais médicos.

Expulsão de Bolsonaro dos médicos cubanos penaliza cidades mais pobres do país. (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)

Mesmo antes dos ataques de Jair Bolsonaro, que já havia declarado anteriormente que iria mandar os cubanos de volta para seu país, cerca de 2 mil vagas estavam disponíveis, contabilizando cerca de 18.240 postos vagos do programa “Mais Médicos”. Neste novo edital, implementado após a saída dos cubanos, já começam aparecer desistências preocupantes.

Apesar de 97,2% das 8.517 vagas oferecidas terem sido preenchidas, alguns municípios que já começaram a receber os médicos tiveram desistências. Em Cosmópolis, no interior de São Paulo, contava com 8 médicos cubanos. Com o novo edital, as desistências já apareceram: três desistiram antes mesmo de “tomar posse” e outro sequer se apresentou.

Médicos cubanos começam a deixar o país, e população sente na pele a falta de médicos. Foto: (Adriano Machado/Reuters)

Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, também já enfrentou problemas com desistência de médicos brasileiros: dos cinco inscritos, dois já desistiram. Em um dos bairros mais pobres da cidade, Nova Contagem, a equipe médica do posto de saúde era de apenas um médico cubano, e com sua saída, está sem médicos e a prefeitura acredita que 22 pessoas deixam de ser atendidas pela falta de médicos.

A baixa de médicos brasileiros no programa e um índice de desistência de 20% sempre foi uma constante, o que coloca às claras uma das principais características da formação profissional e acadêmica dos médicos brasileiros: uma profissão de elite, ocupada pelos filhos da burguesia. O rechaço aos médicos cubanos mostra também outra importante faceta importante de parte da categoria médica: higienista, racista e xenófoba.

Saiba mais: Por que a medicina brasileira nunca abasteceu os rincões do país?

São mais de 450 mil médicos registrados no Conselho Federal de Medicina, e a dificuldade de levá-los às pequenas cidades para abastecer os lugares mais precários do país reside é fruto desta lógica de formação profissional e acadêmica. A saúde como um direito básico negado, penaliza sempre as camadas mais pobres da sociedade e os trabalhadores, que pra além da falta de médicos, muitas vezes sofrem com falta de saneamento básico, moradia digna, que colaboram para uma condição de vida e de saúde miseráveis.

 
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