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O 26M mostrou que é possível ir por mais
Isabel Inês
São Paulo
André Bof
São Paulo
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Neste dia 26, ocorreu o “dia de luta em defesa da educação”.
Estudantes independentes e grupos como a Juventude às Ruas, RUA e JUNTOS (correntes do PSOL), PSTU e ANEL, realizaram manifestações, denunciando os governos pela situação de corte de verbas na educação que já atinge 7 bilhões de reais.

Nele, centenas de estudantes das principais capitais mostraram que, frente aos ataques do governo, há muita politização e desejo de lutar. Esta disposição pode ser um combustível explosivo para mobilizações que já começaram a surgir, podendo ser um ponto de partida para a unidade dos estudantes das Universidades públicas com as Pagas, apontando para uma reorganização do movimento estudantil para levar as principais pautas da população levantadas em junho.

Possibilidades e limites

A politização aberta em Junho permanece na demanda de educação, com a insatisfação da juventude com um dos carros chefe Petista - a chamada “democratização da educação”-, podendo abrir rompimentos com o governo, de um setor da população que via na Universidade uma possibilidade de ascensão e que agora vê seus sonhos se esvaziarem.
Essa insatisfação pode ser canalizada pela esquerda e abrir uma porta para que a juventude saia como principal sujeito nacional a partir da defesa da educação.

Sem dúvida, como expressão de junho de 2013, se opera na juventude uma nova “consciência” em que é necessário avançar por mais, lutar por direitos, se levantar contra ataques e retrocessos. Isto se expressou nas greves da USP em 2013, nas mobilizações nas estaduais paulistas em 2014 e, agora, frente ao corte de orçamento, nas mobilizações que já estouram nas federais, como a UNIFESP Guarulhos, UFF, UFRJ, UEL, UCG, e nas Universidades privadas contra os cortes no FIES e aumento das mensalidades.

Igualmente, nos dias 13 - atos em defesa do PT- e no dia 15 - atos impulsionados pela oposição de direita (PSDB, DEM) -, a juventude tomou uma posição de observação e desconfiança. A “fagulha” que pode incendiar estes milhões de jovens é o debate da educação e a luta pela sua melhoria.

No 26M, ocorreram demonstrações de disposição de luta, em alguns casos se aliando aos trabalhadores, contudo a data ficou “para trás” do que os estudantes e a juventude necessitam para fazer avançar a luta contra os cortes. Quais foram seus limites?

Superar o governismo no movimento estudantil

Em todo o país, chama a atenção o silencio das direções governistas, a Juventude do PT e UJS (juventude do PCdoB), ambas correntes majoritárias da UNE(União nacional dos estudantes), demonstrando seu atrelamento ao governo do PT e, assim, sua traição aos estudantes.

Não mexeram um músculo, desde as entidades em que estão, para tornar este dia 26 um dia de luta que questionasse o governo que mentirosamente vende a idéia da “pátria educadora”, enquanto, na realidade, endivida milhões de jovens e transfere bilhões para bancos e grandes grupos do ensino privado.

Por outro lado, outros grupos que se colocam na postura de “apoio crítico” ao governo, mostraram que, se houve disposição para ir aos atos do dia 13 em apoio ao PT, não há para sair às ruas denunciando os cortes.

É o caso da Consulta Popular e do Levante Popular da Juventude que, nas principais capitais em MG, SP e RJ, não compuseram nem impulsionaram este dia. Enquanto se calam com os cortes, organizam os estudantes para defender a Petrobrás, ou seja, ao governo Dilma ,desgastado pela corrupção.

A que se adapta a esquerda e porque?

Mas o dia 26 foi chamado pela esquerda, então onde está o problema?
Correntes como JUNTOS e RUA (Juventudes do PSOL) e PSTU (força majoritária da ANEL), também tem sua responsabilidade por não fazer o 26M um pouco mais o que poderia ser.

O dia 26M contou com importantes ações, mas foram atos pequenos, com poucas dezenas, contando com pelo menos um grande ato em Porto Alegre impulsionado por estudantes secundaristas.

Numa situação em que milhões de jovens correm o risco de não ter como terminar seus cursos, pois podem perder o FIES, surge uma contradição pois, uma das prioridades do dia 26M deveria ter sido buscar ações, que desde as universidades públicas estivessem direcionadas as pagas, conformando uma “aliança perigosa” da juventude.

Teria feito toda a diferença e colocaria medo nos patrões da educação, no governo e nos traidores na UNE, se as centenas que marcharam em algumas cidades tivessem saído da USP, UFRJ, UFF, UFBA, e rumado para as UNIP, ANHANGUERA, UNINOVE, lutando pela redução imediata das mensalidades, nenhum corte no FIES e pela transformação das vagas do FIES em vagas públicas e gratuitas, para que todo jovem possa terminar seus estudos, unificando assim toda a juventude sob a luta comum.

Contudo, PSOL e PSTU, apesar de se verem diante da participação valorosa de centenas de jovens nos atos, não souberam ultrapassar a própria rotina das “ações midiáticas” e da autoconstrução, deixando, assim, os atos aquém do que poderiam ser.

Aqui existem duas polêmicas centrais com a esquerda, para construir uma real mobilização nacional por educação:

  •  Primeiramente, esta esquerda, influenciada pelo petismo e a rotina eleitoral, vê o programa como uma lista de políticas para fazerem acordos de “aparato” e não como um instrumento político que deve guiar a ação de massas, para dar uma saída aos aspectos da realidade de forma revolucionária.

    Vemos PSOL e PSTU levantarem há anos 10% do PIB para a educação, mesmo com todas as mudanças dinâmicas na situação nacional que permite aos estudantes avançarem nas suas pautas.
    Os 10% do PIB são fundamentais, mas esbarram na exigência ao governo e não avançam em um programa que responda o conjunto da crise, questionando quem administra o financiamento da educação.

    Da mesma forma o Juntos vem exigindo extensão do FIES, mas esta, em si, não questiona que o FIES endivida os jovens e garante cerca de 70% dos lucros de monopólios como a Kroton. É preciso um programa que coloque em cheque os lucros dos capitalistas

    O programa destes grupos, neste sentido, não coloca uma orientação de rompimento com o regime político; apenas propõe demandas “reformistas”, barrando a possibilidade de emergir uma terceira força política junto aos trabalhadores.

    A segunda questão se relaciona a como emergir essa força.
    O PSTU vem chamando a “greve geral da educação”, tarefa fundamental, é claro, para barrar os cortes, contudo isso depende de:
    1 – com qual programa?
    2 – de onde chamar a greve( Uma vez que nos locais onde dirigem, como DCE da USP não fizeram nem uma assembléia geral para mobilizar a base e paralisar a Universidade)?
    3 – como coordenar e unificar as lutas pela base, a partir da ANEL (entidade nacional que esse ano terá um congresso em Junho, e deveria ter toda sua construção pautada na Unificação real das lutas, mas que, graças a direção majoritária do PSTU, segue em ações midiáticas a auto construção do PSTU)?

    É necessário lutar contra os cortes, defendendo a aplicação imediata dos 10% do PIB na educação, mas não para a “pátria educadora” de Dilma, onde a educação é só mais um negócio para os tubarões da FMU, Kroton e Estácio.

    Para ser realista com a necessidade de milhões de jovens esté colocada uma reivindicação clara de que toda vaga do FIES seja transformada em vaga pública e gratuita, rumando para que toda a educação seja estatizada, sob controle dos trabalhadores e dos estudantes.

    Da luta por educação ao questionamento do regime
    Frente aos desafios enormes que cercam a luta pela educação, é necessário que haja um programa claro e uma prática política estratégica:

  •  Frente a crise política com os escândalos de corrupção, as retiradas de direitos sociais e a crise econômica, a educação pode ser o elemento para fazer surgir uma “terceira via” para resolver os problemas nacionais, da aliança juventude junto aos trabalhadores.

    As entidades estudantis antigovernistas, coletivos e assembléias de base devem levantar um programa que eleve o questionamento da educação a todo esse regime podre, onde um político ganha milhões e um jovem tem sua bolsa cortada junto ao seu direto ao estudo.

    Essa mobilização deve ser uma alternativa a crise, levantando que todos os casos de corrupção sejam apurados por comissões independente compostas por entidade e sindicatos, junto da luta contra os privilégios dos políticos e que estes ganhem o mesmo que um professor.

    Ao mesmo tempo, a juventude pode se somar aos trabalhadores para questionar todo o regime político, desgastado em junho, acabando com a divisão entre executivo e legislativo fazendo uma “câmara única”, mais ágil e menos burocrática.

    Desta forma, os estudantes podem e precisam impulsionar esta “aliança perigosa” entre as públicas, pagas e os trabalhadores. A hora é agora. O dia 26 demonstrou que há disposição e energia em milhares de jovens; o governo está na defensiva com a demissão de Cid Gomes; as federais se mobilizam e a energia começa a esquentar nas pagas.
    Mãos a obra!

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