Em uma mostra do projeto educacional do governo Bolsonaro, seu ministro indicado para a área, Ricardo Vélez, declarou em um evento em sua homenagem que: “É bobagem pensar na democratização da universidade, nem todo mundo gosta”.
A afirmação, que poderia ser apenas mostra da ignorância do futuro ministro, em um país em que existe ainda um déficit de vagas para a educação superior e em que os vestibulares funcionam como um filtro para o acesso a educação pública de qualidade, mas é na verdade a revelação de seu projeto educacional, que entende a educação unicamente como produção de mão-de-obra.
O ministro deu essa declaração ao comentar a Reforma do Ensino Médio, aprovada pelo governo Temer que abriu espaço para a educação a distância, para professores com "notório saber" e a retirada das disciplinas de sociologia e filosofia; porém nem todos esses ataques para o ministro foram suficientes.
“Em princípio [reforma do ensino médio], foi bem encaminhada mas ficou incompleta. O aluno tem que sair do segundo grau pronto para o mercado de trabalho. Nem todo mundo quer fazer uma universidade. É bobagem pensar na democratização da universidade, nem todo mundo gosta”, afirmou Vélez.
Como comprovação de como o ensino superior seria desnecessário o ministro chegou ao cúmulo de citar o exemplo dos youtubers:
“O segundo grau teria como finalidade mostrar ao aluno que ele pode colocar em prática os conhecimentos e ganhar dinheiro com isso. Como os youtubers, ganham dinheiro sem enfrentar uma universidade”.
Não bastasse isso, o ministro ainda declarou outros absurdos, defendeu o direito de Bolsonaro ao acesso a prova do ENEM, o que violaria protocolos de segurança da prova, como forma de assegurar a isenção e a não "disseminação de determinadas posições ideológicas ou doutrinárias", reafirmando sua posição favorável à censura da educação pelo Escola sem Partido.
Como vemos pelas diversas declarações do futuro ministro, o obscuro projeto de educação de Bolsonaro ganhou um representante a altura.
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