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UNICAMP
O CAP pode ser uma ferramenta de luta contra os ataques de Bolsonaro e dos golpistas à educação
Úrsula Noronha

Por Marielle Franco e Mestre Moa do Katendê, nós da Faísca fazemos parte da chapa “Luto é verbo” para o Centro Acadêmico da Pedagogia (CAP) na Unicamp, que quer que todos os estudantes, aliados aos trabalhadores, sejam parte de construir uma alternativa de luta desde já, sem esperar até 2022 como o PT pretende, contra todos os ataques de Bolsonaro, Dória, do autoritarismo judiciário e dos golpistas.

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Para combater todas as opressões, censuras, ataques à educação e à previdência que o governo do reacionário Jair Bolsonaro nos coloca para 2019, precisaremos de entidades fortes para organizar os estudantes.

Bolsonaro já declarou que quer atacar cada demanda mínima dos trabalhadores e da juventude. No que diz respeito à universidade, disse que é dinheiro jogado fora e que pretende minar nossa organização aparando os centros acadêmicos. O Judiciário golpista, que respaldou seu avanço prendendo arbitrariamente Lula e manipulando as eleições com o sequestro de milhões de votos no Norte e no Nordeste pela biometria, quer punir estudantes da Unicamp que realizarem festas e abriu processos contra os cursos abertos sobre o golpe institucional de 2016. Na Unicamp, as ideias da direita entre os estudantes se expressam com o “Unicamp Livre”, impulsionado pelo MBL, que quer deslegitimar o movimento estudantil para defender os planos da extrema direita contra nós.

Os estudantes de Pedagogia, também como futuros professores, têm que se armar contra o projeto privatista que Bolsonaro reserva à educação com um ministro da Educação apoiador da ditadura, que disse que a data de 1964 tem que ser comemorada. E preparando seu terreno está o golpista Temer, que, pelo MEC, homologou 20% de Ensino à Distância para o ensino médio diurno, 30% para curso noturno e 80% para o EJA, como medida complementar à Reforma do Ensino Médio.

No intuito de aprofundar e privatizar a educação, a equipe de Bolsonaro já disse que deseja realizar cobrança de mensalidades em universidades federais, sinalização aprovadíssima pelo Banco Mundial. Bolsonaro quer acabar com a educação colocando essa responsabilidade na mão de banqueiros e empresários que são especialistas em transformar direitos em mercadorias. Para isso tem ao seu lado o astronauta (e militar) Marcos Pontes como futuro ministro da Ciência e Tecnologia, que quer leiloar ainda mais o conhecimento que é produzido nas universidades ao pretender facilitar as doações de montantes empresariais fazendo com que o capital privado possa escolher o que deve ser pesquisado.

E a censura do pensamento crítico com o projeto “Escola sem Partido” serve para garantir que esses ataques passem, assim como ataques para esmagar a classe trabalhadora, como a Reforma da Previdência. A extrema direita quer mobilizar um discurso para mostrar os professores para a sociedade como “doutrinadores esquerdistas” e responsáveis por todo o tipo de “imoralidade”. O berço desse objetivo estava já nas fake news sobre o chamado “kit gay”, no debate sobre “ideologia de gênero”, que aí já proibia a discussão de gênero e sexualidade nas escolas. Hoje avança para uma maior perseguição aos professores.

Mas é por isso mesmo, como futuros professores, que buscamos inspiração nos professores municipais de São Paulo, que derrotaram a Reforma da Previdência de Dória. A aliança com os professores da rede pública é fundamental para construir uma forte luta já em defesa da educação, levando em conta a dura batalha que a categoria de professores da rede estadual de ensino dão em seu sindicato, a APEOESP, contra a burocracia sindical dirigida pelo PT, um verdadeiro freio na luta para barrar esse ataques.

De qual oposição precisamos para combater os ataques à educação?

Não devemos esperar a poeira abaixar como pretende o PT, que quer a conformação de uma oposição meramente parlamentar, a chamada “frente ampla democrática”, que cabe do PSOL, ao Ciro, PSB do Jonas Donizette e velhos golpistas do PSBD, que ainda não aceitaram. Na direção da CUT, junto com o PCdoB de Manuela D’Ávila na direção da CTB e da UNE, não travaram batalhas centrais contra o golpe, a prisão arbitrária de Lula, a Reforma do Ensino Médio e a Reforma Trabalhista e seguem paralisados frente aos ataques que promete Bolsonaro e o autoritarismo judiciário. Uma estratégia que já nos levou até aqui e que não pode preparar outra coisa senão a derrota.

Já o PSOL também se coloca como parte da construção dessa frente ampla, cobrindo pela esquerda essa estratégia impotente, que espera as próximas eleições de 2022. Com isso, deixam passar em branco uma forte exigência que poderiam fazer, a partir do fortalecimento que tiveram nas eleições, à maior entidade estudantil da América Latina, que é a UNE, assim como às centrais sindicais dirigidas pelo petismo. Nosso inimigo é claro: é herdeiro do golpe institucional e impulsionado pelo Judiciário e para combatê-lo temos que nos armar em cada local de estudo com uma aliança sólida com os trabalhadores de dentro e fora da universidade.

Precisamos construir uma alternativa de luta desde já, sem esperar até 2022 como o PT pretende, contra todos os ataques da reitoria, de Bolsonaro e dos golpistas. Por isso, exigimos que entidades organizem já um plano de lutas sério em cada local de estudo e trabalho contra os ataques de Bolsonaro e o autoritarismo do Judiciário. Precisamos romper com a concepção de entidade burocrática que paralisa DCEs e CAs pelo país, como vimos com a UJS na Unicamp, junto ao Apenas Alunos (que tem membros do MBL), que conformou a gestão do DCE deste ano, confiando mais na reitoria do que nos espaços de auto organização dos estudantes. Para romper com essa concepção burocrática de entidade, queremos um CAP vivo, democrático, que organize os estudantes pela base, junto aos trabalhadores, com debates que fortaleçam cada luta em nossa universidade para uma batalha contra o projeto de Bolsonaro e Dória na educação e na previdência.

Assim, cada luta nossa na universidade deve estar a serviço de se enfrentar com a extrema-direita, e avançar para que, frente ao projeto radical que tem Bolsonaro para educação, os estudantes, aliados aos trabalhadores possam levantar qual projeto de universidade pode de fato colocar as universidades nas mãos dos trabalhadores e da população, produzindo conhecimento para resolver as grandes mazelas sociais. Precisamos defender a Unicamp não como ela é hoje, elitista e excludente, mas como queremos que ela seja.

Para isso, é preciso enfrentar uma reitoria que se vale da herança da ditadura militar, tão aclamada por Bolsonaro, no estatuto universitário, para punir estudantes e atacar a greve dos trabalhadores, enquanto Marcelo Knobel mostra sua cara mais hipócrita ao dizer que defende a democracia junto ao STF para garantir autonomia universitária. Queremos que a universidade seja gerida por estudantes, trabalhadores e professores e de acordo com nosso peso real na comunidade acadêmica, e não pela inversão completa como ocorre no CONSU, em que os burocratas chegam a ocupar 70% das cadeiras.

Além disso, vamos entrar no ano do ingresso dos primeiros cotistas da Unicamp e a casta burocrática da universidade ataca nossa permanência. Estudantes negros e indígenas, junto com milhares de estudantes de escola pública, filhos da classe trabalhadora, são barrados todos os anos pelo filtro social do vestibular e nossas entidades têm que estar preparadas para lutar pelas 600 vagas na moradia conquistadas pela greve estudantil e ocupação da reitoria em 2016, bolsa-estudo, creches, vagas no SAPPE de acordo com a demanda para que tenhamos o pleno direito de estudar.

Não podemos mais aceitar que o lugar reservado à maioria de mulheres negras na Unicamp seja no bandejão e nos serviços de limpeza com a terceirização. Para lutar também contra a terceirização irrestrita a nível nacional, nós estamos junto a todos os trabalhadores terceirizados pela efetivação sem a necessidade de concurso público.

Acreditamos que cada estudante deve ser parte ativa em atividades, debates e espaços coletivos para que a construção de um centro acadêmico vivo que esteja à altura para responder aos desafios colocados, não deixar que sejamos aparados e que se una com outros CA’s para promover ações e lutas em conjunto. Para que as entidades estudantis sejam democráticas, permitindo que distintas posições possam se expressar, nós queremos debater com os estudantes sobre a proporcionalidade. Assim, todas as chapas que participam das eleições poderão ser parte da gestão de acordo com o número de votos que obteve e os estudantes podem fazer uma experiência com diferentes concepções que aparecerem.

Nós queremos construir um CAP vivo, que se enfrente com os conservadores que hoje querem censurar os debates críticos e que se alie aos trabalhadores, queremos ocupar a Unicamp com vivência junto à juventude da cidade. Vamos pra cima de Bolsonaro, do projeto “escola sem partido” e do autoritarismo do Judiciário golpista, subvertendo a lógica produtivista e meritocrática da reitoria que proíbe festas e não quer que a universidade seja ocupada pelos trabalhadores e por toda a população.

E é levando a frente cada uma dessas ideias que nós da Faísca estamos compondo a chapa “Luto é verbo” para o CAP 2019, e chamamos todos os estudantes de Pedagogia a somarem nas ideias para construir um forte Centro Acadêmico, que coloquem medo em Bolsonaro e seus ataques à educação e à previdência. Também construímos para o DCE a chapa “Katendê” e convidamos todos a conhecê-la.

 
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