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CONTRA A EXTREMA DIREITA
Quais os próximos passos para avançar na mobilização contra Bolsonaro na UFRGS?
Valéria Muller

Frente ao fortalecimento eleitoral da extrema direita e os ataques dos bolsonaristas contra mulheres, negros e LGBTs, os estudantes da UFRGS buscam se mobilizar desde o início do segundo turno dessas eleições manipuladas pelo judiciário e pela Lava Jato. Quais os próximos passos para massificar essa mobilização e organizar nossa indignação?

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Foto: Guilherme Santos/Sul21 - da Marcha Antifascista de 11/10 em Porto Alegre

Na semana passada ocorreram grandes assembleias e reuniões em diversos cursos e institutos da UFRGS, demonstrando uma grande força para enfrentar a extrema direita. No curso de Teatro alguns estudantes deixaram de ir nas aulas e na assembleia do Instituto de Psicologia foi deliberado a suspensão das aulas, além da fundação do comitê de base. A primeira tarefa é massificar essas ações. Tanto os comitês de base quanto as paralisações precisam abranger o maior número possível de estudantes, professores e trabalhadores da universidade. É necessário também a unidade. Por exemplo, nesta quinta-feira ocorre um ato convocado pelos estudantes do Teatro. Na quarta o ANDES e a Assufrgs convocaram uma plenária dos três setores, apesar do ato já convocado anteriormente. Melhor se tivessem se somado à convocatória da manifestação e organizado junto aos estudantes já mobilizados uma plenária unificada, com mais tempo de convocação. Tendo as duas atividades já convocadas é urgente que a plenária dos técnicos e professores se unifique com a manifestação dos estudantes.

O projeto de país defendido por Bolsonaro e sua chapa militar é a radicalização selvagem do governo golpista de Temer para destruir a educação e todos os serviços públicos além de esmagar a classe trabalhadora, a juventude, as mulheres, os negros e LGBTs. Precisamos ser muitas e muitos e precisamos estar organizados e ter unidade nas ações. Os comitês já criados devem buscar mobilizar outros cursos e institutos, além de convocar as escolas e outras universidades, como a PUC, para essa luta com panfletagens, ações de ruas, reuniões, manifestações. É preciso exigir que a CUT, dirigida pelo PT e a CTB, dirigida pelo PCdoB, convoquem assembleias a partir das centenas de sindicatos que controlam, organizando os trabalhadores contrários a Bolsonaro e disputando aqueles que ainda estão iludidos com suas soluções fáceis para problemas complexos.

Muitas ideias surgem sobre como virar os votos dos eleitores de Bolsonaro ou mesmo os brancos e nulos. Sua candidatura se fortaleceu muito na última semana antes da votação do primeiro turno e conseguiu apoio de importantes setores da classe dominante e do golpismo institucional, mostrando que as elites, o judiciário e a mídia são repugnantes como ele. Esses setores não ficam, necessariamente, exaltando o candidato do PSL. Inclusive até pouco tempo atrás o tratavam com certo desprezo. Sua propaganda é centrada sobretudo no antipetismo, alimentado pelo judiciário com a delação de Palocci. Merece destaque também o importante giro das igrejas evangélicas no combate ao que eles chamam de "ideologia de gênero", sendo a farsa do "kit gay" um símbolo sobre como fizeram para relacionar isso ao PT e a Haddad. Em um emaranhado de notícias falsas a própria justiça teve que tentar conter os produtores de fake news a serviço de Bolsonaro.

Frente a este cenário, o PT vai para os espaços do movimento estudantil orientar a fazer campanha pela positiva, chegando defender que não citem Bolsonaro para "focar no Haddad". Inclusive quiseram que o comitê de base do Instituto de Psicologia não tivesse um material próprio elaborado pelos estudantes e sim utilizasse os da candidatura de Haddad. Nós do MRT acompanhamos todas e todos os que querem derrotar Bolsonaro nas urnas votando criticamente em Haddad, mas não damos nenhum apoio político ao PT. O voto de muitos estudantes também é crítico, sem aderir ao programa petista de conciliação com os capitalistas, os golpistas e com a direita. Assim ocorre com muitas trabalhadoras e trabalhadores que votam contra Bolsonaro mas não confiam no PT. O fortalecimento desse antipetismo no qual cresce Bolsonaro foi possível, entre outros motivos, porque o PT não realizou mudanças estruturais que suas bases tradicionais tinham esperança de ver em seu governo, bem como as mentiras de Dilma ao dizer que não iria retirar direitos. Além disso aderiu aos métodos de corrupção de qualquer governo capitalista.

A estratégia eleitoral do PT vem se mostrado incapaz de combater a extrema-direita e Bolsonaro. Reconhecemos o enorme esforço de incontáveis estudantes e jovens para reverter votos do Bolsonaro, de outros candidatos e dos brancos e nulos. Boa parte das campanhas tem sido por whatsapp. Mas não podemos deixar de dizer que fazer da nossa única atividade política contra a extrema direita mudar o voto um a um, como propõe o PT, se mostra insuficiente. A nossa luta não acaba nas eleições e ações de massas são mais efetivas para disputar a opinião pública. É necessário isolar os setores mais duros do bolsonarismo, mostrar os absurdos que fazem e falam. É necessário ligar Bolsonaro ao Temer e ao golpismo como sua continuidade selvagem, desmascarar suas mentiras nas ruas, em atos, paralisações, aulas públicas, intervenções urbanas. Tudo isso deve ser divulgado e por isso as panfletagens e o diálogo precisam também ocorrer mas não embelezando o PT e sim mostrando o que significa Bolsonaro.

Os comitês de base precisam ser massivos e organizar ações deste caráter, com a mais ampla unidade entre todos os setores, entre todas as correntes políticas que querem derrotar Bolsonaro. Precisam também organizar a nossa defesa contra os ataques dos bolsonaristas, que deram um salto desde o primeiro turno, além de demarcar constantemente que nós não perdoamos o que fizeram e não esquecemos Marielle, Mestre Moa e todas as mulheres, negros e LGBTs agredidos e assassinados em nome de Bolsonaro. Nos comitês podemos também organizar ações nos bairros e locais de trabalho, mas nada disso pode estar descolado de mostrar nossa força nas ruas, de colocar peso de massas no combate à extrema direita. Isso porque os comitês de base precisam nos preparar para um momento de mais autoritarismo e repressão para impor ataques como a reforma da previdência. Mesmo que Bolsonaro não ganhe - o que é improvável - seus deputados, governadores, senadores e também sua base social buscarão isso.

É urgente que em todos os cursos onde não ocorreram assembleias os DAs e CAs convoquem imediatamente. Os cursos e institutos já mobilizados precisam ser ativos em ampliar a força dos estudantes contra Bolsonaro, convocando reuniões e assembleias abertas, divulgadas em toda a UFRGS. Se faz necessário também que o DCE, dirigido pelo UJS e pelo PT, convoque uma nova assembleia geral dos estudantes ou uma ampla reunião aberta do comitê fundado na última assembleia. Isso porque a fundação desse comitê se deu somente nas palavras. Há relatos de uma reunião bastante restrita, tão restrita que parece inclusive secreta, e por isso necessariamente inofensiva. É de importância central que este comitê seja algo real onde possam se organizar estudantes de toda a universidade e se coordenar comitês de todos os cursos.

Em outros locais do país estão sendo convocadas manifestações na próxima semana pela Frente Povo Sem Medo. É necessário convocar em Porto Alegre estas manifestações e convocá-las massivamente para preenchê-las com um conteúdo não puramente de palanque eleitoral para do PT. Isso reforça o voto dos antipetistas em Bolsonaro. Porém nem todo antipetista é um fascista como o candidato que apoia, muitos são contra as reformas, as privatizações e muito daquilo que é prometido ao mercado e às elites pelo candidato do PSL. Essas manifestações que devem ocorrer nacionalmente só podem ser efetivas se forem uma verdadeira demonstração de forças da juventude, da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e LGBTs contra Bolsonaro, a extrema direita, o golpismo e as reformas.

 
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