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PORTO ALEGRE
"Não passarão! Se eles querem ditadura a gente quer revolução"
Valéria Muller

Esse foi um dos cantos entoado por milhares nas ruas de Porto Alegre na última quinta-feira, contra Bolsonaro e tudo o que ele defende: machismo, racismo, LGBTfobia, retirada de todos os direitos da classe trabalhadora, autoritarismo, militarismo. Com essa força e disposição de luta é necessário seguir nas ruas e nos organizar em milhares de comitês de base em cada local de trabalho e estudo para derrotar a extrema direita, uma tarefa que não será resolvida nas eleições.

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Foto: Diego Quadros

Durante toda a semana passada estudantes de diversos cursos da UFRGS realizaram assembleias e reuniões, além de uma assembleia geral na quarta-feira (10). Particularmente parte dos estudantes do Departamento de Arte Dramática dão um enorme exemplo decidindo não participar mais das aulas para se mobilizar contra o avanço dessa extrema direita que nos odeia e quer acabar com todos os direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro. Na última quinta-feira (11) uma enorme manifestação protagonizada principalmente pela juventude mostrou muita disposição para enfrentar Bolsonaro, com um clima de junho de 2013 que irradiava pelas ruas da capital.

Foram 46% de votos válidos em Bolsonaro, além da eleição de enormes e repugnantes bancadas que o apoiam na Câmara e no Senado e a inesperada chegada ao segundo turno de governadores apoiados por ele em diversos estados. Esse fortalecimento eleitoral da extrema direita é algo inédito e aponta a possibilidade de uma mudança do regime político brasileiro à direita. O atual regime, fruto da constituinte de 1988 após o fim da ditadura militar, está em crise desde 2013. O apoio de importantes setores da classe dominante à chapa militar de Bolsonaro é decisivo nos números eleitorais e demonstra o anseio em resolver essa crise com autoritarismo, fortalecimento das Forças Armadas e do judiciário golpista, para radicalizar o que Temer vinha fazendo, começando por aprovar a reforma da previdência. Isso se combina ao programa econômico ultraliberal de Paulo Guedes, que pretende vender 50 estatais logo no primeiro ano, despertando a ganância do imperialismo com o patrimônio e os serviços públicos do Brasil.

Estamos frente a eleições manipuladas pela Lava Jato e o judiciário, que retiraram o direito do povo decidir em quem votar ao prender Lula de maneira arbitrária e vetar sua candidatura, que chegou a 40% das intenções de voto. O PT apresentou Fernando Haddad, em quem votamos criticamente neste segundo turno acompanhando o rechaço de milhares contra a direita, mas sem dar apoio político ao PT. Este partido chegou a buscar o apoio do capital financeiro e de setores do golpismo que hoje estão com Bolsonaro ou que se abstêm, como é o caso do PSDB. Com sua estratégia puramente eleitoral o PT sustenta que todos aqueles que rechaçam a extrema direita, que se revoltam contra o assassinato de Mestre Moa por um bolsonarista e os mais de 50 ataques registrados no país desde o fim do primeiro turno, devem unicamente disputar os votos brancos, nulos e os de Bolsonaro que não forem completamente convictos. Porém mesmo que Haddad vença, o que é improvável tendo em vista os números das pesquisas e todo o apoio da classe dominante a Bolsonaro, essa base bolsonarista continuará nas ruas, na Câmara, no Senado, nos governos dos estados. Será também um governo subordinado ao autoritarismo do judiciário, à tutela das Forças Armadas e à crise econômica e por isso é preciso se preparar desde já para derrotar essa extrema direita na luta de classes. Não há outro caminho para vencer.

A grande manifestação de quinta-feira em Porto Alegre mostra que há muita força e disposição para isso, mostra que amplos setores da juventude não aceitam este regime autoritário e repressivo que querem impor Bolsonaro e Mourão para destruir nosso futuro, nossos direitos e nossas vidas. É necessário nos organizarmos em cada local de trabalho e estudo, exigindo dos sindicatos, grêmios estudantis, DAs e DCEs assembleias onde seja encaminhada a criação de comitês de base. Nestes comitês devem se organizar massivamente todas e todos os milhares de jovens e trabalhadores que querem enfrentar Bolsonaro, disputar a opinião pública contra ele e derrotá-lo nas ruas e na luta.

Massificar os comitês criados na UFRGS e convocar um novo ato em Porto Alegre para essa semana

Na UFRGS foram criados alguns comitês, entre eles um impulsionado pelo DCE, entidade dirigida pelo PCdoB e o PT. Na assembleia em que se criou este comitê não foi marcada uma nova reunião e as únicas propostas apresentadas foram panfletar por Haddad e conversar com votantes de branco, nulo e de Bolsonaro. Inclusive nem o ato que ocorreu no dia seguinte à assembleia foi convocado pelos membros do DCE, militantes da UJS e do PT. É urgente que seja convocada uma reunião do comitê da UFRGS, aberta a todas e todos trabalhadores e estudantes, onde possamos encaminhar uma nova manifestação, ainda mais massivamente convocada para fazer Porto Alegre tremer contra Bolsonaro e a extrema direita. Também é necessário coordenar desde aí outras ações como de defesa do movimento tendo em vista os ataques de bolsonaristas em todo o país. Este comitê precisa ser massivo e organizar amplos setores, além de exigir à CUT, dirigida pelo PT e à CTB, dirigida pelo PCdoB, que convoquem assembleias em cada categoria onde dirigem sindicatos, massificando também entre a classe trabalhadora o debate sobre o avanço de Bolsonaro e da extrema direita ser a radicalização do golpe institucional e da retirada de direitos que promoveu Temer, para organizar comitês de base massivos também nessas categorias. Defendemos os comitês de base para preparar uma ampla unidade na ação entre todas e todos que querem derrotar os ataques que as classes dominantes e o imperialismo pretendem impor brutalmente através de Bolsonaro.

Em cada curso da UFRGS é preciso fazer como os estudantes do Teatro no DAD: paralisar as aulas, chamando inclusive funcionários e professores a se organizarem junto às e aos estudantes. É preciso entender que não se trata de uma situação normal, de mais uma eleição normal da degradada democracia brasileira. Temos de ser consequentes com a luta decidida contra essa extrema-direita e para isso não podemos deixar a normalidade tomar conta. Imaginemos a diferença que faz se inúmeros cursos da universidade paralisam para transformar a UFRGS, e outros locais de estudo e trabalho, em grandes comitês para impulsionar essa necessária luta. Inclusive no DAD a tarefa colocada aos estudantes do Teatro que já decidiram por não participar mais das aulas é justamente essa: massificar a luta no curso e ser uma força para ampliá-la em toda a UFRGS. Dessa organização que já existe no Teatro precisa ser convocado, por exemplo, um ato para essa semana em Porto Alegre.

Em diversos cursos já ocorreram assembleias e neles também a única proposta do PT e do PCdoB foi fazer campanha para Fernando Haddad, como se uma derrota eleitoral de Bolsonaro fosse extinguir a força que ele e a extrema direita vem adquirindo, força que é contra as mulheres, negros, LGBTs, jovens e contra a classe trabalhadora. Essa força só pode ser derrotada na luta de classes e os estudantes podem cumprir um importante papel em fazer espalhar por toda a sociedade a revolta que se demonstra nas escolas e universidades. No IFCH foi encaminhada uma comissão de base contra Bolsonaro, é necessário urgentemente que seja convocada uma reunião dessa comissão, aberta a todas e todos. Isso para, junto ao Teatro e demais cursos e departamentos que quiserem se somar, convocar com peso uma nova manifestação e outras ações. Colocar para funcionar uma organização de base no IFCH pode dar exemplo a outros cursos e institutos.

Autoritarismo para nos esmagar: Bolsonaro é a radicalização do golpe institucional e do governo Temer

Essa extrema direita quer um futuro onde não exista nenhum direito. Quer um país onde cada vez mais seja normal a violência machista, racista, LGBTfóbica pregada por Bolsonaro e executada por seus apoiadores. Eles querem chegar ao governo para desde aí garantirem um enorme repressão contra todos os movimentos sociais para impor esse quase retorno à escravidão e satisfazer a sede de lucro desta elite escravista brasileira e do imperialismo, entregando ao capital estrangeiro não só as estatais mas também os serviços públicos que deveriam servir ao povo. Como continuidade, aprofundamento e radicalização do golpe institucional querem impor a reforma da previdência e aplicar até o final a terceirização irrestrita e a reforma trabalhista, para nos fazer trabalhar até morrer em empregos precários e recebendo salários de fome.

É isso que temos que denunciar nas ruas a todas e todos os trabalhadores que se iludem com Bolsonaro, sem embelezar o PT e Haddad pois muitos deles são antipetistas. Isso ocorre tanto devido à perseguição do regime contra o PT, fazendo parecer que são os únicos corruptos em um sistema que na verdade é estruturalmente corrompido, quanto às traições do próprio PT, que governou com os golpistas e a direita e enquanto direção da CUT, maior central sindical do país, deixou passar sem luta ataques como a reforma trabalhista. Ao contrário do programa petista de conciliação com os capitalistas, que em tempos de crise significa ajustes como vimos no segundo governo de Dilma, precisamos erguer nessa batalha contra Bolsonaro e a extrema direita um programa para derrotar o golpismo institucional e para que sejam os capitalistas que paguem pela crise. Defendemos a revogação de todas as reformas contra os trabalhadores e o povo aprovadas por Temer e pelos governos anteriores, especialmente a Emenda Constitucional que impõe o congelamento dos gastos sociais como saúde e educação, a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita. Além disso é necessário o não pagamento da dívida pública e a Petrobrás 100% estatal com o controle dos trabalhadores.

Nós do MRT e do Esquerda Diário defendemos um governo de trabalhadores que exproprie os capitalistas e socialize os meios de produção. Ao mesmo tempo, na luta contra a extrema direita batalhamos pela mais ampla unidade na ação entre todos os setores da juventude e da classe trabalhadora, mesmo que não concordem com essa perspectiva, inclusive os sindicatos e movimentos petistas, para derrotar os ataques aos nossos direitos e às nossas condições de vida.

A crise do regime de 88 fez emergir essa extrema direita asquerosa de Bolsonaro das profundezas do conservadorismo e do autoritarismo das elites brasileiras - características que na realidade nunca desapareceram de fato, já que a transição da ditadura para a democracia ocorreu sob a tutela dos militares. Essa extrema direita cresceu às custas do quase desaparecimento eleitoral do "velho" PSDB, radicalizando o que era sua antiga base eleitoral, embora nem todos que votam em Bolsonaro sejam completamente racistas, machistas, LGBTfóbicos e desejem a ditadura. No outro polo do pacto de 88 está o PT, que embora não tenha passado pelo mesmo fiasco eleitoral do PSDB, também está desgastado. Assim como o PSL aponta para superar o PSDB radicalizando pela direita, é necessário erguer no Brasil um partido que supere o PT pela esquerda, apresentando uma saída revolucionária às bases operárias deste partido e ao conjunto do povo, que não aguenta mais sofrer nas mãos dos capitalistas e de seus políticos, para que as elites exploradoras paguem pela crise.

 
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