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LGBTFOBIA
Uruguai: Campanha reacionária da Igreja barra projeto que defende a vida da população trans
Gabriella Novais

No Uruguai, permanece barrado o projeto de lei que prevê mudança de sexo gratuita, facilitação à mudança de identidade em documentos, e indenização às vítimas da repressão durante a ditadura militar, graças a grupos religiosos.

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Imagem: El País

O Uruguai, apesar de ser um país laico e com o menor número de cristãos da América Latina, sofre com uma campanha religiosa de publicações em redes sociais e coleta de assinaturas que tenta barrar o projeto de lei que visa a discriminação positiva para as pessoas trans, como o acesso a bolsas e postos de trabalho estatais; também contempla que a mudança de sexo possa ser feita gratuitamente na rede de saúde pública e facilita a mudança de identidade, proposta por um coletivo trans. O objetivo é proteger a vida das trans e abrir oportunidades de emprego.

A mudança de sexo hormonal em menores sem autorização da família já é praticada há cerca de 10 anos no Uruguai, porém, diante as manifestações reacionárias, a Frente Ampla, governo de esquerda do país, decidiu por não permitir a mudança de sexo sem consentimento dos pais, em menores de idade, contrariando a legislação internacional que defende a autonomia adolescente nesses casos e em caso de aborto.

No país, as trans tem expectativa de vida de 35 anos enquanto a média nacional é de 77, em média. Estima-se que 25% saíram de antes dos 18 anos de por serem expulsos pela família e 87% não concluíram seus estudos (fonte: Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da República). Esses dados nos mostram porque tantos LGBT’s precisam acabar na prostituição para se sustentar. Porém, está havendo resistência no país por parte de organizações e movimentos a favor da aprovação dessa lei que auxilia as trans.

Além disso, o projeto quer conceder uma indenização às vítimas torturadas na ditadura, um grupo de 60 pessoas. Sabe-se que na ditadura por toda a América Latina, as LGBTs foram violentamente perseguidas e torturadas, não à toa, os movimentos de resistência e em defesa desse grupo ganharam força nesse período da história brasileira.

O Brasil é o país que mais mata a população trans no mundo, os assassinatos são sempre violentos e cruéis, como estupros e espancamentos. Apesar disso, no governo Dilma, o que ficou conhecido como “kit gay”, uma cartilha sobre homossexualidade a ser aplicada nas escolas, foi vetada para garantir a manutenção de suas alianças com bancadas religiosas e reacionárias.

Em todo o mundo se vê a igreja interferindo em questões sociais, se posicionando contra pautas progressistas e fundamentais para a sobrevivência de grupos oprimidos. Como na Argentina, onde, neste ano, houve grande luta pela legalização do aborto e separação da igreja e do estado.

A revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969 foi um marco de resistência contra o tratamento da polícia com à comunidade LGBT de Nova Iorque, depois de cotidianos abusos cometidos pela operação policial, em um bar chamado Stonewall Inn – frequentado pelo público homossexual, pobres, negros e latinos. Membros da comunidade LGBT responderam com grandes manifestações pelas ruas da cidade. A data da revolta ficou internacionalmente reconhecida como o Dia do Orgulho Gay.

É preciso reconstruir a revolta de Stonewall para que tenhamos, de fato, um país totalmente separado da igreja, para conquistarmos não apenas leis que garantam a nossa sobrevivência, mas a total emancipação e libertação das nossas vidas, sexualidade e individualidade. Para pôr fim nesse sistema de grandes empresários e conglomerados médicos que lucram em cima de nosso sofrimento, nossos corpos e nossas mortes.

 
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