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SORORIDADE?
Jornalistas Livres clama por sororidade com a reacionária Rachel Sheherazade
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

Rachel Sheherazade é uma jornalista reacionária que não vacila em destilar racismo, machismo e conservadorismo em suas opiniões na mídia. Foi também fervorosa defensora do golpe institucional, que resultou em duros ataques contra a classe trabalhadora. Mesmo assim o site Jornalistas Livres, que faz campanha para o PT, pede sororidade com ela.

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A jornalista Rachel Sheherazade ficou ofendida com uma declaração do general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa militar encabeçada por Jair Bolsonaro. Ele disse que famílias somente com mãe e avó, ou seja, sem nenhum homem, são "fábricas de desajustados", expressando que filhos criados sem pai vão para o tráfico. A jornalista respondeu que cria dois filhos sozinhas, que foi criada pela mãe e pela avó, e assim aderiu à hashtag #EleNão, que se popularizou nas redes sociais chamando as mulheres a não votar em Bolsonaro.

Ocorre que Rachel Sheherazade é porta-voz do mesmo reacionarismo do qual aderem Bolsonaro e a extrema-direita. Ela inclusive já defendeu Bolsonaro contra as feministas - que ela mesma chamou "feminazis" - quando ele foi criticado por dizer à Maria do Rosário (PT-RS) que não a estupraria pois ela não merece. Segundo ela, Maria do Rosário teria provocado Bolsonaro e isso justificaria a resposta asquerosa dele, da qual se entende que algumas mulheres, portanto, merecem ser estupradas.

Mas não para por aí. Inúmeras vezes em seus comentários odiosos Sheherazade defendeu a lógica de que "bandido bom é bandido morto", chegando ao absurdo de justificar o linchamento de um homem negro suspeito de assalto, que foi amarrado em um poste no Rio de Janeiro. Ela alegou "entender" as pessoas que agiram dessa forma covarde e racista, expressando uma mentalidade típica da elite escravocrata da casa grande, que permanece até hoje nas classes dominantes brasileiras, em especial em setores golpistas.

Também mostrou seu conservadorismo inimigo dos direitos das mulheres em diversas oportunidades sobre o tema do aborto. Seus argumentos, muito afinados com os que utiliza Bolsonaro e toda a extrema-direita, partem da demagogia da "defesa da vida", ignorando as mulheres que morrem todos os dias por abortos clandestinos, sobretudo mulheres negras e pobres.

Citando apenas algumas momentos em que Sheherazade mostrou com grande evidência por que não é nada perto de uma aliada das mulheres, logo percebe-se o quão absurdo é o clamor por sororidade do site Jornalistas Livres. Mais absurdo ainda o site colocar ela em patamar semelhante da revolucionária Rosa Luxemburgo. Não temos sororidade com quem endossa o discurso da Igreja e do próprio Bolsonaro contra as mulheres, os negros, LGBTs e a classe trabalhadora. Diferente do que diz o site, as femnistas de esquerda não devem "acolher com amor e solidariedade" uma reacionária, porta-voz dos interesses das classes dominantes e de seu conservadorismo, como é a jornalista. Pelo contrário, as feministas de esquerda que querem combater a extrema-direita de Bolsonaro precisam saber muito bem quem são inimigos e quem são aliados. Sheherazade, assim como a reacionária Ana Amélia (PP), vice de Alckmin (PSDB), e Kátia Abreu, "rainha do latifúndio" e vice de Ciro Gomes não são aliadas das mulheres na luta contra extrema-direita, inclusive são todas elas parte desta mesma direita que precisamos combater.

Os aliados das mulheres para combater Bolsonaro e a extrema-direita são os trabalhadores, o povo negro, LGBTs e todos os oprimidos e explorados. As mulheres burguesas e suas representações políticas, mesmo que se sintam ofendidas com declarações como a de Mourão, são parte de manter este sistema estruturalmente machista. São também exploradoras e lucram com a terceirização e o trabalho precário, que têm rosto de mulher, além de defenderem os cortes nos serviços públicos e a destruição dos direitos da classe trabalhadora, que atingem principalmente as mulheres trabalhadoras. São essas apoiadoras do latifúndio e da burguesia as "mulheres no poder" que querem nos convencer que podem representar os interesses das mulheres trabalhadoras contra o machismo.

O site Jornalistas Livres faz campanha para Haddad e Manuela D`Avila. Todos eles se orgulham de terem sido parte dos governos do PT, que durante 13 anos não legalizaram o aborto e governaram com a bancada evangélica e com a direita, abrindo caminho ao golpe institucional e também a Bolsonaro. Agora o PT busca transformar o rechaço a Bolsonaro e à extrema-direita em apoio político à sua tentativa de pacto com golpistas e com PSDB para voltar ao governo. Estão todos juntos em torno do "#EleNão" para convencer as mulheres de que eleger Haddad é o que pode responder ao machismo asqueroso de Bolsonaro. Com o movimento de mulheres, querem legitimar essa busca por um novo pacto nacional encabeçado pelo PT, apoiado pelos golpistas, pelo PSDB e por setores da burguesia não menos escravistas e machistas do que aqueles que apoiam a chapa militar de Bolsonaro, para seguirem descarregando a crise capitalista nas costas da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e do povo pobre.

 
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