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EDUCAÇÃO
Mais da metade dos brasileiros não tem diploma do ensino médio, aponta OCDE
Guilherme Hurba

Estudo divulgado nesta terça, 11, pela instituição mostra que 52% das pessoas com idade entre 25 e 64 anos não concluíram o ensino médio, desempenho que deixa o Brasil atrás de vizinhos como Argentina, Chile e Colômbia.

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O Brasil é um dos países com maior número de pessoas sem diploma do Ensino Médio: mais da metade dos adultos (52%) com idade entre 25 e 64 anos não atingiram esse nível de formação, segundo o estudo "Um Olhar sobre a Educação", divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A organização destaca que o menor nível de escolaridade tende a ser associado com a maior desigualdade de renda.

No caso do Brasil, o país registra o segundo maior nível de desigualdade de renda entre os 46 países do estudo, ficando atrás apenas da Costa Rica.
O índice de pessoas que não cursaram o Ensino Médio no Brasil representa mais do que o dobro da média da OCDE. Na Costa Rica e no México, o percentual é ainda maior que o do Brasil: 60% e 62%, respectivamente, os mais elevados do estudo.

Gasto do PIB em educação para de cair no Brasil, mas investimento por aluno segue estagnado, diz estudo da OCDE

"Na maioria dos países da OCDE, a ampla maioria dos jovens adultos, com idade entre 25 e 34, tem pelo menos a qualificação do ensino médio. Em poucas décadas, o ensino médio passou de um veículo de ascensão social ao mínimo exigido para a vida em uma sociedade moderna", afirma o relatório.

Segundo a organização, os que deixam a escola antes de completar o ensino médio enfrentam não apenas dificuldades no mercado de trabalho, com menores salários, mas também têm competências cognitivas - memória, habilidades motoras, atenção, entre outras - bem inferiores aos das pessoas que possuem essa formação.

Ao dizer isso, a OCDE mostra um completo desconhecimento sobre as dificuldades que os jovens trabalhadores enfrentam para concluir o ensino médio. Não há como dizer que essas pessoas deixam de estudar por conta de “competência cognitiva, memória, habilidade motora, atenção” uma vez que não há investimento necessário para manter essas pessoas na escola? Falta estrutura, as salas ficam completamente lotadas, não há remuneração adequada para os professores, ou seja, não se trata de uma escolha ou falta de habilidade de quem não se forma no ensino médio, mas sim de um sistema de educação falido onde não há perspectivas para os filhos da classe trabalhadora.

Quando o Governo golpista de Temer através da PEC 55/241 que congela os gastos em saúde e educação por 20 anos, a ideia é intensificar essa situação precária, e já anteriormente nos governos Dilma e Lula o investimento do PIB em educação nunca passou de 6,2%.

A organização também ressalta o número relativamente baixo de alunos com mais de 14 anos de idade inscritos em instituições de ensino no Brasil.
Apenas 69% daqueles entre 15 e 19 anos e somente 29% dos jovens de 20 a 24 anos estão matriculados, de acordo com a OCDE. A média nos países da organização é, respectivamente, de 85% e 42%.

O Brasil enfrenta ainda "desigualdades regionais significativas" em relação ao ensino superior, diz o relatório.
No Distrito Federal, 33% dos jovens adultos chegam à universidade. No Maranhão, o estado com o menor PIB per capita, esse número é de apenas 8%.

Essa disparidade regional entre alunos que conseguem atingir o ensino superior no Brasil "é, de longe, a maior na comparação com toda a OCDE e países parceiros", incluindo grandes países como os Estados Unidos e a Rússia, que também possuem várias áreas de diferentes tamanhos e populações.

"Assegurar que as pessoas tenham oportunidade de atingir níveis adequados de educação é um desafio crítico. O acesso ao ensino superior vem crescendo no Brasil, mas ainda é uma das taxas mais baixas entre a OCDE e países parceiros, e está abaixo de todos os outros países da América Latina com dados disponíveis", ressalta o estudo, citando a Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica e México.

No Brasil, 17% dos jovens adultos com idade entre 24 e 34 anos atingem o ensino superior. Em 2007, o índice era de 10%. Apesar da melhora, o desempenho ainda está cerca de 27 pontos percentuais abaixo da média da OCDE.

"Para melhorar a transição entre o ensino e o mercado de trabalho, independentemente do cenário econômico, os sistemas de educação têm de se assegurar que as pessoas tenham as competências exigidas na vida profissional", diz a organização.

Segundo a OCDE, apesar do Brasil investir uma fatia importante de seu PIB na Educação, os gastos por aluno, sobretudo no ensino básico, são baixos.

O Brasil destina cerca de 5% do PIB à rubrica (dados de 2015), acima da média de 4,5% do PIB dos países da OCDE, diz o relatório.

O governo brasileiro gasta, porém, cerca de US$ 3,8 mil por estudante no ensino fundamental e médio, menos da metade dos países da OCDE.

A despesa com os estudantes de instituições públicas, no entanto, é quatro vezes maior, US$ 14, 3 mil, pouco abaixo da média da OCDE, que é de US$ 15,7 mil.
A diferença de gastos por estudante entre o ensino superior e o básico no Brasil é o maior entre todos os países da OCDE e economias parceiras analisadas no estudo da organização.

Se hoje 52% das pessoas entre 25 e 64 anos não têm diploma do ensino médio, é porque falta investimento não apenas para o ensino médio atual mas todo o sistema educação de conjunto. O atual investimento em educação no Brasil chama a atenção de instituições educacionais de todo o mundo. Se já não bastasse todo o caminho pavimentado pelos governos do PT, que concedeu vagas em instituições privadas em detrimento de públicas para favorecer os grandes tubarões da educação, o governo Temer veio para aprofundar ainda mais os ataques aos jovens estudantes e trabalhadores, com a PEC do teto de gastos e reformas como a do Ensino Médio, que mostram que os interesses dos golpistas estão a cada dia mais concentrados no projeto de formação de uma mão de obra cada vez ainda mais barata e mais precária.

 
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