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David Harvey apresenta "A loucura da razão econômica" na FAU/USP
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História
Natália Hirose

O autor inglês David Harvey esteve no Brasil para um ciclo de palestras de lançamento de seu novo livro “A loucura da razão econômica- Marx e o capital no século XXI”. Referência nos estudos marxistas, Harvey apresentou na Fau/USP uma palestras com as principais teses de seu novo livro e discutiu questões atuais impulsionadas pelos comentários de Ermínia Maricato, arquiteta e urbanista, professora da Fau, e pelas questões do público.

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Harvey fez uso constante dos volumes do Capital de Karl Marx como base fundamental para entender o esquema da economia contemporânea que, de acordo com o autor, tange três aspectos do capital: produção, realização e distribuição. Que também são discutidos por Marx nos volumes, e que Harvey fez questão de evidenciar ao expor que era necessário a leitura dos 3 tomos do capital, pois eles abordavam sobre as diferentes etapas econômicas. O autor argumentou que há a produção de modos de vida de acordo com as movimentações do capital à exemplo de aparelhos celulares, carros, etc de forma que o capital abarca essa janela entre produção, realização e distribuição. A partir disso e do mapeamento realizado pelo autor (p. 20 do livro do Harvey) a palestra tornou a falar das lutas sociais do último período que atuavam em diferentes esquemas e espaços do sistema, sendo esta a tarefa fundamental da esquerda: a de unir as lutas em uma forte luta anticapitalista.

Essa tarefa está diretamente relacionada ao crescimento espiral do capital que avança em número e que na atualidade, de acordo com Harvey, expressa uma “ditadura dos bancos centrais” com o aumento da produção do mais-valor e do patrimônio da camada mais rica que, no período de crise aberto desde 2008, cresceu de cerca de 15% à 20%. É justamente no marco de compreender a totalidade desse sistema que a luta anticapitalista deve ser tomada como tarefa da esquerda que se propõe a travar batalhas consequentes.

As perguntas foram feitas e muitas delas dialogaram justamente com o fator das lutas e tarefas da esquerda atualmente, em resposta final Harvey apontou que o capital tem impressionante capacidade de se adaptar, de ser flexível e que, portanto, a esquerda também deveria ter essa capacidade que, por vezes, ficava presa à fórmulas tradicionais. Justamente nesse ponto Harvey acaba por cair no mesmo barco da esquerda que se considera socialista e “anti-capitalista”: a derradeira e falência estratégica já discutida por Trotsky que afirmava que “uma situação revolucionária se forma pela ação recíproca de fatores objetivos e subjetivos… não cai do céu; se forma na luta de classes” (Aonde vai a França?) neste sentido o papel da direção revolucionária se torna central na vitória ou fracasso dos ascensos de massas, a vitória, para Trostky é uma tarefa estratégica (Classe, partido e direção). O autor britânico reivindicou que a esquerda deveria tentar novos métodos e fórmulas até a vitória, como se movimentos massivos destruídos para toda uma geração que carrega consigo o peso destes fracassos pudesse ser um avanço por si só. Derrotas amargas geralmente por conta das direções de esquerda - que aparecem como se fossem uma “grande novidade” política inovadora - desses processos agudos na luta de classes, como o caso grego do Syriza que depois de meses de seguidas greves gerais ascende ao governo e aprova o acordo imposto pela Troika descarregando a crise nas costas dos trabalhadores gregos.

O peso das derrotas estratégicas para a classe trabalhadora em momentos duros da luta de classes custam o desmonte de toda uma vanguarda organizada e a desmobilização de amplos setores, estes finais devem ser calculados com seriedade na discussão estratégica de luta contra o capital, é necessário levar em conta as experiências internacionais para pensar num projeto que unifique os “movimentos sociais” pela destruição do capitalismo, isso se da pela construção de partidos revolucionários em contraposição às medidas já tomadas pela burguesia, capazes de “mover volumes de forças para o combate” contra o poder burguês, agindo com plena independência política e organizativa. Em momento de desenvolvimento da luta de classes, a correlação das forças altera rapidamente a consciência do proletariado de maneira com que as camadas mais atrasadas avancem e a classe adquira confiança em suas próprias forças, sendo que “o principal elemento, vital, desse processo é o partido revolucionário, da mesma forma que o elemento principal e vital do partido é a sua direção”. As tentativas as quais Harvey se referiu em sua exposição tem um custo vital para a classe trabalhadora, sobretudo para sua vanguarda e deve ser pensada com seriedade e discussão estratégica, não em forma de tentativa, mas em golpes certeiros com objetivo à vitória. Contudo, todo o estudo do autor sobre o aumento do abismo ao qual a humanidade está sendo levada pela “loucura” da acumulação de dinheiro pela própria acumulação de dinheiro, pode ser usado em nome de uma alternativa revolucionária que para nós tem um programa e projetos claros: construir a IV internacional e partidos revolucionários ao redor do mundo, cujo objetivo seja a conquista de governos operários de ruptura com o capitalismo.

 
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