Como já vínhamos denunciando aqui, as empresas aéreas estão pouco se lixando para os trabalhadores que lhes forneceram lucros exorbitantes nos últimos anos, e a LATAM não foge dessa que é uma regra na aviação. E é ainda pior. Se levamos em conta que a maioria dos trabalhadores demitidos foi os que possuem os menores salários e desempenham as funções mais precárias: toda a equipe de limpeza e a equipe de manuseio de bagagens e cargas.
A equipe de limpeza, formada por uma imensa maioria de mulheres na faixa dos 30 a 40 anos, já sofria com os piores salários e com a falta de pagamento do adicional de 30% de periculosidade, obrigatório por lei.
À equipe de rampa, na maioria jovens aptos a exercer o trabalho duro e braçal exigido para a função, também lhe restava as piores condições. Sob sol ou chuva, a escala desumana de 6x1 não garantia bons salários, apesar de literalmente levarem a empresa nas costas e garantirem os voos no horário, além dos grandes lucros.
A sanha dos capitalistas da LATAM por mais e mais lucros simplesmente resultou no fim desses 2 setores. Um ataque sem precedentes rumo à terceirização, já que o processo de substituição anunciado se completa na contratação da empresa prestadora Orbital, que obviamente oferece esses serviços pagando salários e benefícios ainda menores.
Também há notícia que a LATAM praticamente fez leilão com os empregos em troca de menores custos que ofereciam as empresas terceirizadas, disputando centavo por centavo os contratos milionários. A empresa vencedora foi a que na corrida capitalista ofereceu o serviço de limpeza das aeronaves gratuitamente durante 1 ano para a LATAM. Uma competição onde trabalhadores efetivos e terceirizados pagam como se fossem números, não vidas responsáveis por mais de 1.300 famílias.
Junto com o anúncio das demissões, veio o pedido “encarecido” da empresa para que as trabalhadoras e trabalhadores cumpram uma espécie de “aviso prévio”, trabalhando até dia 1º de setembro. Um certo requinte de crueldade, considerando que esse “pedido” foi para que a operação continuasse até que a empresa terceirizada estivesse em condições de atender normalmente os voos, com seus funcionários já treinados, porém mais precarizados.
Com medo de uma radicalização dos trabalhadores até o dia 1º de setembro, a empresa já convocou funcionários de outras bases como Congonhas e até de Brasília para suprir provável “corpo mole” ou paralizações. Esses funcionários têm a ingrata tarefa de furar as ações dos demitidos com a ilusão de que assim salvarão seus empregos, mas está claro: também serão terceirizados em poucas semanas!
Por isso é fundamental que os trabalhadores se organizem em defesa do emprego e contra o processo avassalador da terceirização implementado pelos patrões, que gozam dos lucros e com o suor que os trabalhadores fornecem a cada dia.
É urgente que nos organizemos para enfrentar esse ataque aos empregos, nos reunindo e nos auto-organizando para traçar planos de defesa dos empregos!
O sindicato dos aeroviários, por sua vez, deve organizar o mais rápido possível assembleias e reuniões abertas para demitidos e empregados para votarmos um plano de resistência contra as demissões e construir uma greve na aviação com caráter urgente, chamando os demais setores como aeronautas e funcionários das demais empresas como GOL, AZUL e Avianca, já que esse processo é geral na aviação do país, e também no mundo, como a greve de pilotos da Ryanair, dos aeroviários e aeronautas da própria LATAM no Chile, da Lufthansa na Alemanha e AirFrance na França. Ou seja, no mundo todo os trabalhadores deste setor estratégico já mostraram suas forças para impedir estes tipos de ataques a nossos direitos.
Se não nos levantamos imediatamente para barrarmos, confiando nas nossas próprias forças, outras milhares de demissões estão por vir, e enquanto isso, os patrões apenas jogam com nossas vidas, assim como aqueles que especulam números numa casa de apostas.
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