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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Estupros sobem e a vida das mulheres segue em risco em Campinas
Redação

Campinas teve um aumento de 13,97% nos casos de estupros registrados no semestre em relação ao mesmo período de 2017. A parte os casos não registrados que fogem às estatísticas, este dado significa que mais de 155 mulheres foram estupradas na cidade. Uma amarga realidade que é perpetuada e agravada pela intensa campanha realizada pela Câmara Municipal e Igreja contra a vida das mulheres.

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As estatísticas oficiais que revelam o aumento dos casos de estupro em Campinas são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). Elas apontam uma piora na situação já revoltante que registrou 136 casos no início de 2017, registrando de janeiro a junho deste ano 155 novas denúncias, sendo que estes dados são relativos aos chamados “estupros consumados” e não abarcam as tentativas de estupro. Também é uma realidade que muitas mulheres não denunciam os abusos sexuais sofridos, seja pelo mau tratamento que muitas vezes recebem nas delegacias, inclusive nas “femininas”, seja por ameaças ou vergonha de exporem sua situação.

Os dados revelam ainda que mais da metade dos casos registrados são dos denominados “estupros de vulnerável”, ou seja, violência sexual cometida contra mulheres menores de 14 anos, com cerca de 57% do total. São 88 meninas estupradas nos primeiros meses do ano, entre crianças e adolescentes, o que evidencia que são elas as mais afetadas por essa violência tão brutal.

Também com relação às regiões mais afetadas os dados são reveladores, pois as maiores incidências estão nos bairros mais populosos e pobres, onde é gritante o descaso em relação aos serviços públicos de saúde e educação. Em primeiro lugar ficou a região do Ouro Verde, com 45 casos, dos quais 30 são de meninas, seguido pela região do Campo Grande, com 23 casos, sendo 15 de meninas. Em terceiro lugar está a região próxima ao São Bernardo, com 17 casos.

O discurso oficial a SSP afirma que combatem os estupros com suas “Delegacias de Defesa das Mulheres”, as mesmas que são alvo de denúncias e relatos das próprias mulheres oferecerem uma segunda violência ao muitas vezes culparem as próprias vítimas e reproduzirem os valores conservadores que estão na base de sua estrutura repressiva. Já os porta-vozes da prefeitura de Jonas Donizette (PSB) afirmam que dizem que garantem a prevenção através de atendimento nos centros de saúde e da assistência social às vítimas, que também estão capacitados para atender LGBTs. Os próprios casos que aumentam mostram como é falaciosa essa prevenção, sobretudo pelo verdadeiro caos e desagregação da saúde pública que Jonas veio promovendo ao envolver a privatização nesse e outros serviços essenciais à população.

Como as mulheres podem ser amparadas e apoiadas no combate aos estupros nesta cidade onde a Câmara Municipal incentiva a Emenda à Lei Orgânica 145/15, que busca impedir o debate de gênero e sexualidade nas escolas? Esta mesma Câmara incentiva muitas medidas com base nos preconceitos da maioria de seus vereadores, que passam por cima da laicidade do Estado ao privilegiar suas opiniões religiosas em detrimento da vida das mulheres, na cidade que virou vitrine nacional com o brutal caso dos feminicídios de Isamara e as mulheres de sua família. Assim, ao taxarem de “ideologia de gênero” um debate tão urgente quanto o da violência às mulheres, asseguram que as meninas sigam sendo estupradas, pois impedem que essa realidade seja debatida e combatida também nas salas de aula.

As ditas autoridades campineiras estão na contramão das aspirações das mulheres. Enquanto na vizinhança as mulheres argentinas tomam as ruas e defendem suas vidas contra esses mesmos valores reacionários que os políticos da ordem e a casta religiosa tentam seguir impondo, em Campinas essas autoridades tentam manter a ordem opressora, da qual o aumento nos estupros é só um reflexo. Mas também contra o direito ao aborto, preventivamente a elite campineira já começa sua campanha para manutenção dos abortos clandestinos. Assim a Arquidiocese de Campinas apressa-se e também adere à campanha da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil para que as mulheres sigam morrendo e o Estado siga refém da Igreja.

As mulheres de Campinas deram já muitas mostras de que não estão passivas enquanto estes setores atuam contra suas vidas. A força que tomou as ruas contra os feminicídios e que se uniu às mulheres de todo o país em defesa de cada direito arrancado, inclusive junto aos trabalhadores na greve geral de 28 de abril de 2015 é a única capaz de enfrentar a violência e buscar uma saída contra a crescente opressão que também é um reflexo da crise capitalista. É uma grande oportunidade de nos inspirarmos nos ares de combate que mulheres da Argentina trazem de volta à cena da luta pelos direitos das mulheres, que terá no dia 8 de agosto mais uma batalha para conseguir a segunda sanção para que seja lei o aborto legal, seguro e gratuito. É possível se inspirar nas argentinas, apoiando ativamente sua luta, mas também adotando seus métodos de organização para levar o debate contra a violência e em defesa da vida das mulheres aos postos de trabalho, às escolas, universidades e bairros, contra os governos, os grandes empresários e as instituições parasitas do Estado.

 
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